Publicado por Redação em Gestão do RH - 10/06/2020
Vai contratar? Veja os desafios dos processos seletivos durante a covid-19
A pandemia do coronavírus gerou uma paralisação na economia e, por consequência, o número de desempregados voltou a subir. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), a taxa de desemprego subiu para 12,6% no trimestre encerrado em abril – o que representa 12,8 milhões de pessoas. No entanto, aos poucos, as empresas estão voltando a contratar.
Um estudo da especialista em recrutamento Spring Professional identificou que, apesar de 51% dos setores estarem com as contratações congeladas, 19% seguem com os processos seletivos normalmente – o destaque é para os mercados de tecnologia (23%), alimentos (20%) e farmacêutico (13%). Além disso, 67% das empresas pretendem retomar integralmente as contratações que estão paradas.
Segundo a pesquisa, o maior desafio para aqueles que mantiveram as contratações foi adaptar o processo seletivo para ser feito totalmente de forma remota – 55% das organizações precisaram efetuar mudanças significativas em seus processos admissionais e de integração.
A TecBan, administradora do Banco24Horas, faz parte da lista de organizações que não interromperam os processos de seleção e precisou se adaptar. “Desde que a quarentena se iniciou, todos os processos seletivos passaram a acontecer de forma online com entrevistas realizadas por videoconferência”, explica Marina Bertollucci, superintendente de RH e Sustentabilidade da empresa. Entre os meses de março e abril, a companhia contratou 186 profissionais em 32 cidades brasileiras para trabalhar em áreas como marketing, comunicação, administrativo, manutenção, tesouraria, TI e operações.
O mesmo aconteceu com a plataforma de compra e venda online OLX. Segundo com Sérgio Povoa, diretor de recursos humanos da companhia, nos dois primeiros meses da pandemia foram contratados 14 novos funcionários e ainda existem em torno de 30 vagas abertas para as áreas de finanças, tecnologia, produtos e operacional. “A nossa decisão foi de manter a estratégia de crescimento de médio e longo prazo mesmo com a pandemia. Nós somos uma empresa muito digital, então já tínhamos contratações remotas em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro”, explica.
Integração à distância
O processo de seleção remoto não é tão complexo e já faz parte da rotina de muitas empresas. Mas a necessidade da integração à distância é novidade para a maioria – principalmente porque é nesse primeiro contato que o profissional vai conhecer de fato a empresa e a cultura corporativa. O estudo da Spring Professional identifica que 94% das empresas alegam que os candidatos estão confortáveis e compreendem a necessidade dessas mudanças, e entendem que isso não irá atrapalhar seu processo de integração. Além disso, 80% das companhias que implementaram mudanças no processo de onboarding alegam que pretendem manter (ou adaptar) essas inovações, mesmo após o fim do isolamento.
“A dúvida era: como fazer aquela primeira semana de imersão e compartilhar a cultura da empresa? E a solução foi intensificar alguns rituais, como o contato com os parceiros que ajudam a pessoa a se ambientar, o e-mail de apresentação, reuniões diárias com o gestor e com a equipe, além do feedback no final da primeira semana”, explica Rui Brandão, CEO do Zenklub – a plataforma de bem-estar e saúde emocional tinha 25 colaboradores em fevereiro; hoje já são 50 e existem mais 15 vagas abertas para as áreas de vendas, experiência de usuário, atendimento e TI.
Outra solução encontrada foi o envio do kit de boas-vindas para a casa do funcionário. Na TecBan, além do kit, os novatos também recebem uma agenda de reuniões com os executivos para poder conhecer o negócio. “Apesar da distância física, queremos que os novos membros se sintam acolhidos”, afirma Marina. Já na OLX, a integração era feita em forma de café da manhã; agora, os encontros são online. “Participam dois profissionais do RH e um do service desk, que fornece todas as instruções para acessos a sistemas internos via VPN”, explica Sérgio.
Nova geração
Os estagiários também foram afetados pelo covid-19. Segundo Humberto Casagrande, presidente da associação Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), houve uma queda no número de jovens que estavam trabalhando e nas contratações. “No caso dos estagiários, nós tínhamos em torno de 200 mil trabalhando e agora são 170 mil. Muitas empresas demitiram ou então não renovaram os contratos. Além disso, foi registrada uma queda de 85% nas contratações de abril. Para os jovens aprendizes, existe uma certa estabilidade porque os contratos são de 24 meses”.
Ele lembra que a contratação de estagiários pode ser vantajosa para as empresas em momentos de crise – e o motivo não é o fato que os encargos trabalhistas serem menores. “As novas gerações estão muito mais próximas dos consumidores e clientes principalmente por causa das redes sociais. Eles dominam a linguagem, se adaptam mais fácil”, explica.
Além disso, os jovens profissionais são os gerentes do futuro. Pelo menos, é assim que a Danone enxerga o seu programa de estágio. Com 25 vagas abertas, além de outras para vagas CLT, a companhia também adaptou todo o seu programa de contratação e integração para a nova realidade. “A empresa entende que o programa de estágio é a porta de entrada para reter e desenvolver os funcionários que vai se manter na empresa por muitos anos, tanto que 70% dos nossos estagiários são efetivados no final do contrato. E nesse momento de crise, que vamos passar por uma transformação de negócio e modelo de trabalho, manter o programa faz ainda mais sentido”, afirma Pollyana Padua, Gerente Executiva de Talentos da Danone.
Na visão da executiva, a seleção 100% on-line foi uma novidade, mas trouxe vantagens como a agilidade e possibilidade de entrevistar mais candidatos. “O onboarding sim é um desafio. A gente manda um kit de boas-vinda e o equipamento para a casa da pessoa com antecedência e no primeiro dia de trabalho o RH liga para passar todas as orientações, tranquilizar o profissional e colocar em contato com a equipe, completa.
Liderança a distância
A Ciência já provou que as teleconferências são tão exaustivas e gerir equipes em home office é um desafio que exige organização e flexibilidade.
Fonte: VOCÊ S/A