Publicado por Redação em Notícias Gerais - 25/07/2012

Tombini vê Brasil melhor preparado para enfrentar choques

O ciclo de cortes na taxa básica de juros brasileira, que já dura 11 meses, significa que a economia está melhor preparada para choques externos do que no ano passado e que deve alcançar um crescimento de 2,5% em 2012, afirmou o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, nesta quarta-feira.

O Brasil foi forçado nos últimos anos a controlar o fluxo de investimentos de curto prazo em seus mercados de ativos, depois que as economias desenvolvidas afrouxaram a política monetária fazendo com que os investidores buscassem nos mercados emergentes rendimentos mais altos. 

Entretanto, a crise do euro e uma desaceleração na China vêm pesando com força sobre a principal economia da América Latina, onde o crescimento tem se mostrado fraco neste ano.    

"A probabilidade de um evento extremo foi reduzida na comparação com seis meses atrás", disse Tombini em entrevista à Reuters, referindo-se aos esforços das autoridades da zona do euro para recapitalizar o setor bancário.

"O Brasil agora está mais preparado para resistir a qualquer tipo de contágio da política monetária de outros lugares. Temos taxas de juros mais baixas...o tipo de problema que tivemos em 2011 não está conosco neste momento."

Economia deve crescer 2,5% em 2012

O Banco Central estima que a economia crescerá 2,5% neste ano, enquanto o governo espera crescimento de 3%. Analistas, entretanto, são mais pessimistas ao projetar expansão de 1,9%, de acordo com o relatório Focus, apesar dos cortes de 4,50 pontos percentuais na taxa básica de juros desde agosto passado.

Mas Tombini afirmou que um crescimento mais forte no segundo semestre irá compensar os números anêmicos do início do ano. Questionado se o BC estaria confiante sobre o cumprimento de sua própria previsão de crescimento, ele disse:

"Certo. No segundo (semestre), veremos uma taxa de crescimento anualizada de 4 por cento ou mais...Temos fontes domésticas de crescimento que dão suporte a esse crescimento em alta velocidade no segundo semestre."

Cortes da Selic à parte, a fraqueza do real beneficia os produtores locais, completou ele, referindo-se à depreciação   de 8 por cento do real ante o dólar desde o início do ano.

FMI defende esforços do Brasil

O Fundo Monetário Internacional (FMI) defendeu publicamente os esforços do Brasil para reanimar sua economia, mas alertou que o estímulo massivo pode impulsionar a inflação nos próximos meses.

O relatório Focus compilado pelo Banco Central mostra que os analistas elevaram suas projeções para a inflação neste ano acima do centro da meta oficial, para 4,9 por cento, e esperam que a alta dos preços acelere para 5,5 por cento no ano que vem.

A percepção também é de que os riscos relacionados aos preços dos alimentos estão crescendo, dadas as recentes altas de trigo e milho.

Tombini afirmou nesta semana que a inflação em 2012 ficará em linha com as estimativas, e disse à Reuters nesta quarta-feira que é muito cedo para avaliar qualquer ameaça à meta de 2013.

Mas acrescentou: "Os preços dos alimentos são uma questão global agora, e vamos observar até onde isso vai, qual a intensidade que esse choque terá e a duração dele. Esse é um choque que tem a ver com condições climáticas, não é um choque da demanda", disse ele.

"Teremos que avaliar isso conforme avançarmos, pode ser temporário, pode permanecer por mais tempo."

Embora o real tenha enfraquecido, o nível de influência do câmbio na inflação recuou nos últimos tempos, completou ele.

Tombini afirmou que um câmbio flutuante faz parte da política do Brasil, mas que o BC sempre está pronto para intervir.

"Nossa primeira linha de defesa é um regime flutuante como destacamos algumas vezes", disse ele. "(Mas) o banco central está pronto para intervir em qualquer segmento do mercado de câmbio. Se percebermos que o mercado não está funcionando de maneira apropriada, estamos prontos para intervir."    

Reservas internacionais

O Brasil, como muitas economias emergentes, acumulou altas reservas internacionais que estão agora em mais de 300 bilhões de dólares. Mas o custo de manter essas reservas vem se tornando cada vez mais proibitivo devido aos rendimentos negativos ou perto de zero ofertados em muitos mercados desenvolvidos, onde esse dinheiro tende a ser investido.

"É desafiador encontrar os ativos corretos para colocar as as reservas", admitiu Tombini. "Mas o Brasil não desistiu de sua política de acumulação de reservas."

Ele se recusou a comentar sobre a composição cambial das reservas e se a fraqueza do euro é um incentivo para buscar outros ativos.

Fonte: Uol


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