Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 27/06/2011

TI em saúde: não basta terceirizá-la

 

A terceirização de serviços de apoio em unidades de saúde é uma atividade comum para todo o setor. Limpeza, segurança, alimentação e lavanderia são alguns dos exemplos que podem ser usados para explicar essa tendência no segmento de saúde brasileiro. Diferente de outros setores contidos em uma instituição, a TI requer um pouco mais de atenção na hora de terceirizar suas atividades, uma vez que grande parte das operações do hospital, tanto clínica quanto administrativa, depende deste setor.
 
Considerado a terceira fase do outsourcing, o Business Process Outsourcing ou BPO busca uma abrangência mais estratégica do que a simples transferência de atividades para uma empresa terceirizada, englobando contratos que envolvem processos de negócios completos fazendo com que o contratante do serviço possa direcionar seus esforços para o negócio, e não mais os processos daquela determinada área. Este modelo já é uma realidade nas instituições de saúde brasileiras, e vem ganhando força com o passar dos anos.
 
O BPO já pode ser considerado uma tendência aqui e em todo o mundo. De acordo com um levantamento feito pelo Gartner, o mercado mundial de terceirização de processos deverá movimentar cerca de US$ 234 bilhões somente em 2011. “O mercado mundial de BPO é forte e cresceu cerca de 35% nos últimos cinco anos”, diz o executivo da AeC Érico Carvalho.
 
De acordo com Carvalho, o Brasil segue a mesma tendência que o resto do mundo e avançou em torno de 36% entre 2008 e 2011. “O BPO brasileiro está extremamente acelerado, em outras palavras, ele é uma tendência de mercado em vários segmentos, principalmente no industrial e financeiro. Na saúde, com a complexidade da tecnologia empregada no cotidiano das instituições, que não estão inseridas no negócio do hospital, ele acaba se tornando oneroso para o gestor. Devido à falta de estrutura, os hospitais de pequeno e médio porte acabam tratando a área de TI simplesmente como custo e não como um agregador de valor nos processos da unidade, o que remete a falta de inovação”, completa.
 
Compartilhando da mesma opinião do executivo da AeC, a sócia diretora da Trevisan Outsourcing, Geuma Nascimento diz que o Brasil, atualmente, possui um mercado consolidado e maduro de BPO ocupando a quinta posição no ranking mundial de offshore outsourcing – processos transferidos para empresas terceirizadas fora do País – segundo um estudo realizado pela Global Services em 2009. “Nós temos aí um salto bem relevante desse crescimento que tem sido constante ano após ano”.
 
No segmento de saúde, o BPO em TI está diretamente ligado a capacidade competitiva da organização, uma vez que, depois de adotado, a instituição passa a destinar sua atenção ao foco do negócio, neste caso a saúde. “No segmento de tecnologia da informação, o BPO pode abranger toda a governança de TI do hospital, atuando como service desk de primeiro e segundo nível e com serviço de governança, que também ajuda a unidade a organizar e planejar aonde se quer chegar com a tecnologia empregada na TI do Hospital”, afirma Carvalho.
 
Essa governança em TI só será alcançada após hospital e parceiro planejarem todo o processo de desenvolvimento da TI, começando pela parte de modernização do parque tecnológico, passando pela reestruturação da rede de dados da unidade até a melhoria e padronização de processos e adoção de melhores práticas em TI. “Nesse caso é feito um estudo de maturidade da TI na instituição desenvolvido pelo Gartner, em conjunto com o Massachusetts Institute of Technology (MIT), que identifica quatro níveis de maturidade: básico, standard, intermediário e avançado, todos irão direcionar o desenvolvimento de toda a estrutura tecnológica do hospital”.
 
Para que o BPO seja adotado sem riscos por uma instituição de saúde alguns pontos devem ser levados em consideração. “A empresa deve saber exatamente qual área e quais competências de sua organização ela quer terceirizar. Além disso, é preciso identificar um prestador de serviço qualificado para executar as tarefas, alinhar o contrato de prestação de serviço e gerenciá-lo de forma que todos os direitos e obrigações sejam compridos por ambas as partes”, esclarece Geuma.
 
Segundo Carvalho, os hospitais, independente de seu porte, devem a todo o momento questionar a viabilidade de realizar a terceirização de seus processos em TI e qual será a relação custo benefício. O executivo lembra que o BPO é um subproduto do outsourcing e que neste modelo o hospital utiliza a tecnologia, o profissional e toda a metodologia empregada, ao contrário da terceirização que atende apenas a demanda do cliente.
 
BPO na Prática
 
Adotado há cerca de dois meses pela Santa Casa de Belo Horizonte, o BPO em governança de TI trouxe resultados significativos para a instituição, que já se prepara para adotar sistemas mais modernos para o tráfego de imagens diagnósticas, ERPs e prontuário eletrônico. “Nós ganhamos muito em eficiência, substituição de máquinas, instalação de softwares legalizados, maior segurança e menor vulnerabilidade em nossa rede além da substituição de servidores antigos por equipamentos de alto desempenho e serviço de redundância”, ressalta o superintendente geral do grupo Santa Casa de Belo Horizonte, Porfírio Andrade.
 
Ainda segundo o superintendente, a TI do hospital passou a atuar como um departamento estratégico e não mais operacional. “Hoje nossa TI está focada no desenvolvimento de informação, em gerar conteúdo para a Santa Casa, sem ter que se preocupar em manter o parque tecnológico do hospital em funcionamento.”
 
Andrade afirma que após um levantamento feito pelo hospital sobre governança em TI foi diagnosticado que a Santa Casa gastava muito tempo e energia com hardware, manutenção e substituição de equipamentos inoperantes. Além deste diagnóstico, a unidade de saúde também constatou um alto nível de ineficiência neste sentido e levando em conta os custos com manutenção e estocagem de peças e computadores decidiu-se terceirizar os processos de TI da instituição.
 
“O hospital filantrópico tende a achar que este tipo de serviço, sendo próprio, é mais barato devido a alguns incentivos ficais que temos, mas quando colocamos na ponta do lápis vimos que não é bem assim, que o número não é tão bom e o BPO seria mais favorável devido, não a relação custo benefício do helpdesk, cujo custo é praticamente o mesmo, mas na qualidade do serviço que é muito superior. Um exemplo disso é a substituição de computadores. Antes, uma máquina completamente danificada demorava em torno de 28 dias para ser substituída e após a terceirização esse tempo foi reduzido para oito horas” acrescenta Andrade.
 
Outra vantagem encontrada pela Santa Casa de Belo Horizonte foi a redução na depreciação dos equipamentos. Após o BPO, o padrão tecnológico dos dispositivos usado pelo hospital aumentou. Mais um benefício alcançado pela entidade foi o mapeamento de toda sua rede e computadores em operação, além da melhora na segurança de dados. “Ninguém mais pode colocar qualquer software nas máquinas com o objetivo de aumentar a segurança da rede e das informações utilizadas no hospital. Hoje, a máquina vem sem drive de CD e com as portas USB bloqueadas e a instalação de programas só pode ser executada com a permissão do administrador da rede”, completa o superintendente da Santa Casa.
 
O valor do contrato entre a Santa Casa de Belo Horizonte e a AeC, que abrange a administração de cerca de 500 computadores e todo o serviço de governança de TI da unidade é de R$ 3 milhões por um período de três anos. “Com isso poupamos logo de imediato R$ 3 milhões. Com a realização do BPO aplicamos um filtro na instituição e substituímos imediatamente os computadores sucateados e as outras máquinas serão substituídas gradativamente. Hoje nosso parque tecnológico é composto unicamente por equipamentos fornecidos pela Dell”.
 
Com a infraestrutura de TI organizada e uma nova rede capaz de suportar um alto tráfego de dados, a Santa Casa de Belo Horizonte já pode implementar novos processos em sua área de TI. Alguns dos projetos já planejados pela instituição são: a adoção de ERPs para a geração de dados estratégicos e maior controle de seus processos, implantação de softwares de gestão administrativa e clínica e instalações de um sistema de RIS/PACS para otimizar o tempo de espera e precisão dos exames diagnósticos feitos no hospital.
 
Fonte: www.saudeweb.com.br | 27.06.11

Posts relacionados

Saúde Empresarial, por Redação

Planos de saúde terão que justificar negativa de atendimento por escrito

Operadoras de planos de saúde vão ter que justificar por escrito qualquer tipo de negativa de atendimento caso o serviço seja solicitado pelo beneficiário. A resposta, em linguagem clara, deverá ser enviada por correspondência ou por meio eletrônico em até 48 horas.

Deixe seu Comentário:

=