Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 17/01/2014
Teste da linguinha em recém-nascidos causa divergências
Pediatras e fonoaudiólogos divergem sobre a necessidade do chamado teste da linguinha. A Câmara aprovou no ano passado o PL 4832/12, projeto de lei que obriga as maternidades a realizar o teste com recém-nascidos para saber se eles têm o problema popularmente conhecido como “língua presa”. A proposta está em análise no Senado e pode virar lei.
A criadora do exame, a fonoaudióloga Roberta Martinelli, diz que corrigir a língua presa na maternidade pode evitar problemas sérios. “É uma das maiores causas de desmame precoce inicialmente. E, futuramente, uma das maiores causas de problemas de fala. É aquele bebê que cansa para mamar, que mama de hora em hora porque tem fome, porque não consegue se saciar numa mamada só, apresenta estalinhos de língua para sugar o peito da mãe, e o bico vai escapando da boca do bebê.”
Martinelli diz que o problema atinge um a cada cinco bebês no País. A cirurgia de correção, segundo ela, é simples. “Eleva a língua do bebê e corta com a tesoura. Não se dá ponto, não precisa tomar anestesia geral, nada disso”, afirma.
A ideia inicial do autor do projeto, deputado Onofre Santo Agostini (PSD-SC), era que o teste da linguinha e a cirurgia fossem obrigatórios e gratuitos nos hospitais de todo o País. No texto aprovado pela Câmara, no entanto, a cirurgia deixou de ser obrigatória, apesar de o procedimento ser realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Pediatras
Um parecer endossado recentemente pela Sociedade Brasileira de Pediatria afirma que o exame da cavidade oral já é realizado rotineiramente pelos pediatras e que a lei criaria uma despesa desnecessária.
“Hoje, já faz parte da descrição clínica verificar se a criança tem inserção anteriorizada do freno da língua e outras situações do exame completo da criança. Até porque, se você faz um atendimento completo da criança, você tem que ver como está amamentando, se há algum distúrbio”, declara o pediatra Ike Baris.
Segundo o pediatra, outros testes que já são rotina em recém-nascidos, como o do pezinho, são exigidos porque, sem o diagnóstico e o tratamento precoces, há consequências imediatas para a criança. “O teste do pezinho rastreia doenças geneticamente importantes do ponto de vista do metabolismo. Então, quanto mais tempo demorar, muitas vezes essas crianças evoluem para óbitos”, diz Baris.
Além do teste do pezinho, já é obrigatório o teste da orelhinha, que detecta surdez em recém-nascidos.
Fonte: http://saudeweb.com.br