Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 12/05/2011

Teste aponta falta de higiene em self-service de shoppings de SP

Uma análise da ProTeste, órgão de defesa do consumidor, verificou que, entre 30 restaurantes self-service de São Paulo, apenas dois apresentaram condições adequadas de higiene. O restante teve classificação ruim.

A pesquisa foi realizada nos estabelecimentos dos seis maiores shoppings da cidade --Aricanduva, Ibirapuera, Central Plaza, Interlagos, SP Market e Morumbi-- e testou a qualidade do arroz, da salada verde e da misturada --como salpicão, maionese e tabule.

A ProTeste verificou a contagem de coliformes fecais, estafilococos coagulase positiva, mesófilos aeróbios e Bacillus cereus, e a presença de salmonela no arroz; na salada misturada, a presença de salmonela, contagem de coliformes termotolerantes, de enterococos, de mesófilos aeróbios, de estafilococos coagulase positiva e de Bacillus cereus; e a presença de salmonela e a contagem de coliformes termotolerantes, de enterococos, de mesófilos aeróbios e de estafilococos coagulase positiva na salada de folhas verdes.

Nos 28 estabelecimentos, os alimentos estavam contaminados com microorganismos que podem causar diarreia, dores abdominais, vômitos e febres --nos casos mais brandos de intoxicação. Somente o All Parmegiana, do shopping Aricanduva, e o Texano Grill, do Ibirapuera, foram classificados como muito bons.

CLIENTE OCULTO

Segundo Fernanda Ribeiro, pesquisadora de alimentos da ProTeste, "os profissionais do órgão chegavam aos restaurantes como consumidores comuns e compravam o alimento. Eles pediam a embalagem para viagem do próprio estabelecimento. A comida era transportada em carro refrigerado da ProTeste e enviada para o laboratório. Essa refrigeração é importante para não aumentar a contaminação do alimento."

Foram analisados os seguintes restaurantes: All Parmegiana, Coração Mineiro, Axé, Chico Hamburguer, Divino Fogão, Empório Parrilla, Livorno, Mister Árabe, Pequim 2000 e Planet Beer (Aricanduva); All Parmegiana, Coração Mineiro, Divino Fogão e Maragato Grill (Central Plaza); All Parmegiana, Divino Fogão, Empório Parrilla, Imperio Mineiro, Livorno e Mister Sheik (Interlagos); All Parmegiana (SP Market); Texano Grill, Coração Mineiro, Mania de Churrasco, Salens Express e Viena Express (Ibirapuera); Divino Fogão, Super Grill, Ternero Grill e Viena Express (Morumbi).

Em 30 amostras de arroz, seis apresentaram resultados insatisfatórios; em 30 de salada misturada, 11 tinham problemas; e em 30 de salada verde, 12 estavam inadequados. A ProTeste encontrou coliformes em todas as amostras com problemas.

A maioria dos estabelecimentos foi reprovada por causa da salada crua, com exceção do Texano Grill e do All Parmegiana. No entanto, alguns dos reprovados tiveram bom desempenho nas saladas misturadas, como o Planet Beer (Aricanduva); Viena Express, Super Grill e Ternero Grill (Morumbi); Viena Express (Ibirapuera); Divino Fogão (Interlagos); e All Parmegiana (Central Plaza).

O Empório Parilla e Axé, ambos do Aricanduva, apresentaram bom resultado nas saladas misturadas, mas foram reprovados no quesito arroz e na salada crua.

De acordo com a ProTeste, os casos mais preocupantes foram do Divino Fogão (Morumbi), que foi reprovado no arroz, na salada misturada e alcançou apenas um "fraco" para a salada crua, e o Pequim 2000 (Aricanduva), que foi reprovado nas duas saladas e recebeu "aceitável" para o arroz.

Após a análise, a ProTeste enviou os resultados dos testes para a Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde) de São Paulo, que repetiu as análises feitas no Laboratório de Controle de Qualidade em Saúde da Prefeitura e confirmou os problemas. Os restaurantes foram autuados pelo órgão.

OUTRO LADO

Procurado pela Folha, o restaurante Coração Mineiro informou que conta que 12 nutricionistas que atuam vigorosamente no controle higiênico sanitário dos estabelecimentos, visando garantir segurança alimentar e qualidade a seus clientes.

Ainda contestou o método da pesquisa. "A pesquisa cita que comprou os alimentos como consumidor, portanto acredito eu que a comida foi em marmitex, procedimento errado perante a Portaria CVS-6, na qual consta utilizar saco vedado e estéril, aberto somente no momento da coleta, como tesoura e utensílios higienizados com álcool 70%. Não sabemos em que temperatura foram mantidos estes alimentos e de que forma foram transportados até o laboratório de análise", disse a diretora nutricionista Maria Aparecida da Cruz.

Já o Empório Parrilla declarou surpresa com os resultados dos testes. "É prerrogativa da direção buscar a qualidade a qualquer custo, para oferecer pratos plenamente saudáveis aos nossos clientes e, para tanto, a empresa é assessorada por profissionais com vasta experiência na área de alimentos. Os procedimentos para manuseio de produtos e equipamentos seguem os preceitos da Portaria 1210 / 06 [Prefeitura de SP] e, diante desta nova realidade, estamos buscando melhorias em todos os quesitos de higiene, trabalhando com produtos institucionais e funcionários conscientizados."

O Divino Fogão esclareceu que sempre adotou a político de respeito aos direitos do consumidor e esclareceu que os produtos alimentícios comercializados também são objetos de auditoria do departamento de nutrição, de controle de qualidade sobre a matéria-prima, processo de fabricação, entre outros.

"Os resultados apresentados de insatisfatoriedade não devem ser porque não existem padrões microbiológicos para contagem de coliformes 35º e Bacillus cereus, portanto essa amostra está própria para o consumo humano. Em relação a interpretação da Proteste no arroz e nas saladas, informamos que as contagens microbianas encontradas para coliformes 45º nas amostras estão acima dos padrões microbiológicos, porém essas contagens não indicam riscos ao consumidor e não desencadeiam DTA (Doença Transmitidas por Alimentos), estando assim em condições de consumo", declarou o departamento de nutrição do restaurante.

A rede Livorno informou que está tomando todas as medidas corretivas em caráter emergencial. "A rede segue rigorosamente os procedimentos de boas práticas de manipulação e todos os funcionários recebem treinamento regularmente. Em nosso processo de higienização, os hortifrutis são lavados com água potável e deixados em imersão de 15 a 30 minutos em solução clorada com produtos registrados no Ministério de saúde. Depois é realizado um enxágue novamente em água corrente. Estamos corrigindo eventuais erros e estamos a disposição para qualquer esclarecimento", disse em nota.

Já o Ternero Grill informou que tomou as seguintes medidas, a fim de extinguir os problemas: "contratamos um nutricionista (técnica responsável), que está diariamente na loja, para realizar correções e treinamento específico de pessoal; reorganizamos a estrutura física de estoque e de processo na manipulação dos produtos recebidos diretamente do Ceasa; solicitamos ao fornecedor de verduras, em ambiente modificado, relatório da análise periódica dos produtos; nossos encarregados de loja refizeram o curso de Boas Práticas junto a Vigilância Sanitária, afim de melhorar a qualidade de serviços e de intensificar a supervisão nos processos de manipulação."

O All Parmegiana declarou que reforçou os procedimentos de boas práticas de fabricação desde a visita da Covisa. "Este trabalho será mais um instrumento para a nossa equipe continuar corrigindo qualquer procedimento que necessite de atenção para atingirmos nosso principal objetivo: oferecer alimentos saborosos com garantia de segurança alimentar", diz a nota enviada à Folha.

O restaurante Axé esclareceu que sua equipe de nutrição cuida de todos os procedimentos e que está providenciando novas análises dos alimentos produzidos para confrontar as informações da pesquisa.

O Chico Hamburguer está em reforma e não foi localizado, assim como o Salens Express. Os demais restaurantes testados foram procurados pela Folha, mas não se manifestaram até a publicação da reportagem.

Fonte: www1.folha.uol.com.br | 12.05.11


Posts relacionados

Saúde Empresarial, por Redação

Anvisa vai lançar consulta pública sobre restrições à venda de remédios que não exigem receita

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu, em reunião nessa terça-feira (3), lançar consulta pública, no prazo de 30 dias, sobre a proposta de "adotar mecanismos para permitir que os medicamentos isentos de receita médica possam ser colocados ao alcance do consumidor na farmácia

Saúde Empresarial, por Redação

Veja os estados que deixaram de investir R$2 bi na saúde

Em 2009, dez Estados não investiram o mínimo de 12% de suas receitas no sistema de saúde. O percentual mínimo é determinado pela Emenda 29, e se aplica à União, aos Estados e aos municípios

Deixe seu Comentário:

=