Publicado por Redação em Gestão de Saúde - 08/10/2019
Surto de sarampo deve demorar meses para ser controlado, afirma ministério
O Ministério da Saúde estima que o surto de sarampo do País deva levar, pelo menos, entre seis a oito meses para ser contornado. Nos últimos 90 dias, foram contabilizados 5.404 casos da doença, com seis mortes. Embora a grande maioria dos registros (97%) esteja concentrada em São Paulo, há um número significativo de casos (179) espalhados em 18 Estados.
O grande número de pessoas com a doença, os focos de infecção associados à baixa cobertura vacinal em vários pontos do Brasil explicam as projeções pouco otimistas. A estimativa do ministério é de que 39,9 milhões de brasileiros - o equivalente a 20% da população, estão suscetíveis ao vírus.
Para tentar reverter a tendência, a pasta promove a partir da segunda uma Campanha Nacional de Vacinação. Desta vez, a estratégia deverá separar as faixas etárias. Na primeira fase, entre os dias 7 e 25 de outubro, serão imunizadas crianças de 6 meses a 5 anos. Um dia D será organizado em 19 de outubro para esse grupo - considerado o mais vulnerável para a doença. A outra etapa, que começa 18 de novembro, será voltada para pessoas entre 20 e 29 anos que não estão com a carteira de vacinação em dia. Na segunda fase, o dia D será 30 de novembro.
O grupo foi escolhido porque, entre integrantes dessa faixa etária, muitos receberam apenas uma dose do imunizante - como era preconizado no período. Com apenas uma dose, a proteção contra a doença é menor. No próximo ano, serão realizadas outras três fases - também dividida por faixas etárias. A terceira será para o público entre 5 e 19 anos, depois será a vez daqueles com 30 a 49 anos e, por fim, a faixa entra 50 e 59 anos.
Ao comentar os dados da epidemia, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que municípios paulistas devem conviver com a doença por mais seis ou oito meses, mesmo que medidas de contenção sejam adotadas. "Se fizer tudo direitinho. Se afrouxar, volta a subir". O ministro também mostrou preocupação com os Estados do Rio, Bahia e Pará - que tem o pior índice de cobertura vacinal do País. Nós últimos quatro anos, Rio Grande do Sul, Piauí, Acre, Maranhão, Bahia e Pará não atingiram os indicadores considerados ideais (igual ou superior a 95%) durante quatro anos. Nesse período, observou, um grande número de pessoas suscetíveis à doença se formou.
Além dos recursos para a campanha, o ministério anunciou a liberação de um incentivo para municípios que alcançarem as metas de vacinação. Ao todo, serão reservados R$ 206 milhões para a ação. O recurso extra será dado para municípios que informarem de forma regular os estoques de vacina de poliomielite, tríplice viral e pentavalente. Outra condição é de que grupo consiga atingir a cobertura vacina de 95% na faixa entre 1 e 5 anos.
O ministério divulgou novas orientações para tentar melhorar os indicadores de cobertura vacinal. Uma das grandes críticas feitas por técnicos do Ministério da Saúde aos municípios está relacionada às barreiras que profissionais impõem a quem leva filhos para vacinar. Em muitos locais, para evitar o desperdício de doses, as vacinas estão restritas a alguns dias da semana e horários específicos. Também são vários os relatos de famílias que não conseguem vacinar em virtude da falta de documentação.
Como o programa de vacinação do País apresenta uma série de vacinas e, sobretudo, pelo fato de muitos postos funcionarem num horário comercial, as barreiras acabam fazendo com que pais ou responsáveis das crianças desistam de levá-la novamente para a imunização.
Diante das dificuldades, o governo anunciou dez passos para melhorar o atendimento. Entre elas estão, manter a sala de vacina aberta durante todo o horário de funcionamento da unidade, exigir apenas o cartão SUS e não uma série de documentos para aplicar a vacina e identificar em todas as consultas quais são as pendências vacinais.
Mandetta reconhece que a cobertura vacinal de outras doenças está abaixo do que seria considerado ideal. Ele salientou ainda que o sarampo é uma espécie de sinal de alerta para outras doenças, que podem ter uma parte significativa da população suscetível.
Fonte: Estadão