Publicado por Suporte AW em Saúde Empresarial - 19/01/2011
Sociedade de Cardiologia defende mudanças na diretriz sobre colesterol
A Sociedade Brasileira de Cardiologia, que representa 12 mil especialistas, enviou documento à Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), em Brasília, em que pede sejam feitas alterações nas "Diretrizes de Dislipidemias" (índice elevado de colesterol no sangue), relativas à Consulta Pública nº 42, que foi preparada no âmbito da SAS / Ministério da Saúde.
A entidade maior dos cardiologistas, que não foi consultada ou ouvida quando da redação da Diretriz, lembra que a evolução do conhecimento sobre os efeitos do colesterol e de outras gorduras no sangue tem evoluído muito rapidamente, principalmente no ano que terminou e lembra que a recente "IV Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose", da SBC, faz recomendações que podem levar à redução expressiva dos eventos cardiovasculares, como infarto e derrame cerebral, principais causas de morte em nosso país, mas essas recomendações não foram contempladas no documento gerado em Brasília.
Um dos argumentos dos cardiologistas é que na "Consulta Pública" o nível ótimo do LDL-colesterol (colesterol ruim) é apontado como inferior a 100 miligramas por decilitro de sangue, enquanto os cardiologistas consideram o nível ótimo muito mais baixo, inferior a 70 mg/dL, em muitas situações, mesmo índice aceito pela American Heart Association. Os cardiologistas também discordam de certas colocações sobre estatinas, medicamentos usados para baixar o nível do colesterol, citando a necessidade, em certas condições, de uso de estatinas mais potentes e até sua combinação com outros hipolipemiantes.
Outro ponto de discordância é que o documento da Secretaria de Atenção à Saúde não analisa a hoje tão discutida dislipidemia de base genética, em que há tendência a altos níveis de colesterol numa mesma família, que se calcula esteja presente em 400 mil brasileiros, na maioria das vezes em indivíduos jovens, que correm portanto um risco maior de eventos cardiovasculares e precisam ter acesso à medicação adequada.
A proposta da SBC é que pacientes com hipercolesterolemia familiar deveriam ser incluídos no protocolo de dispensação gratuita de medicamento, "devido ao alto risco de eventos cardiovasculares precoces" e este é apenas um dos muitos pontos em que os cardiologistas defendem uma posição diferente da que foi adotada no documento oficial.
Como a validade da Consulta Pública se encerra no dia 16 de janeiro, a SBC enviou suas considerações a Brasília num documento assinado conjuntamente pelo diretor da Sociedade Internacional de Aterosclerose, Raul Santos, pelo coordenador de Normatizações e Diretrizes da SBC, Jadelson P. de Andrade e pelo próprio presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Jorge Ilha Guimarães e disponibilizou a íntegra do texto no seu portal, www.cardiol.br.
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