Publicado por Redação em Gestão de Saúde - 15/09/2023
Setembro Amarelo: pesquisas mostram onde estão as empresas relação à saúde mental
O apoio à saúde mental no trabalho continua a ser um enorme problema para os empregadores – e já é tão relevante quanto a saúde física dos funcionários. A preocupação dos brasileiros com o bem-estar mental quase triplicou em quatro anos, segundo pesquisa da Ipsos. Divulgado em outubro de 2022, o levantamento mostra que 49% das pessoas apresentam sintomas de ansiedade e depressão. E o trabalho pode ser um dos gatilhos para isso.
De acordo com o Instituto de Saúde Mental dos EUA, o bem-estar e a saúde mental no trabalho continuam caindo em 2023. Uma pesquisa da consultoria Deloitte indica que 77% dos funcionários relataram esgotamento no emprego atual e, para 91%, sentimentos de estresse e frustração têm um impacto negativo na qualidade das suas entregas.
A situação é ainda pior para as mães que trabalham. Segundo o relatório Annual State of Motherhood Report, feito pela plataforma norte-americana de conteúdo para mães Motherly, esse grupo têm níveis mais altos de ansiedade e depressão em comparação com os pais que trabalham.
No que parece ser um eterno cabo de guerra entre chefes e empregados, os líderes ainda não acertam no que diz respeito à saúde mental no local de trabalho. As lideranças impactam mais o bem-estar mental dos colaboradores (69%) do que terapeutas (41%) e tanto quanto um cônjuge ou parceiro amoroso, segundo estudo do Workforce Institute, que entrevistou mais de 3000 pessoas em dez países.
O que o chefe vai pensar?
Em 2021, um levantamento da agência internacional de pesquisa OnePoll mostrou que 62% dos profissionais americanos se preocupavam que seus chefes pensariam algo ruim deles se tirassem dias de folga para cuidar da saúde mental.
O estudo entrevistou 2.000 profissionais, e 57% disseram que a saúde mental não é um motivo bom o suficiente para tirar folga. Para outros 67%, é mais provável que apenas digam que têm “uma consulta” caso precisem de um tempo para se cuidar. Mais da metade (56%) dos entrevistados também sentiu que o seu empregador pensaria que eles são incapazes de realizar o trabalho se solicitassem licença para esse tipo de cuidado.
Por que as empresas continuam errando
Um estudo realizado em julho deste ano indica que os problemas de saúde mental no trabalho continuam a piorar devido a seis erros que os empregadores cometem:
- Ignorar as condições de bem-estar mental dos funcionários;
- Discriminar funcionários com problemas de saúde mental;
- Não discutir o tema de forma aberta e transparente;
- Não identificar as necessidades de saúde dos funcionários;
- Sobrecarregar os funcionários com tarefas de trabalho excessivas;
- Não testar a conscientização dos colaboradores sobre programas de saúde mental.
O relatório de julho de 2023 da ResumeLab entrevistou mais de 1.000 funcionários baseados nos EUA e descobriu que 60% se sentem discriminados por causa da sua condição de saúde mental. Um total de 68% estão preocupados que revelar esse tipo de problema possa prejudicar sua reputação profissional. E 49% relatam pressões de trabalho e 42% dizem que cargas excessivas causam problemas de bem-estar mental. Outras descobertas importantes incluem:
- 59% dos colaboradores consideram que o seu estado de saúde mental dificulta a progressão na carreira;
- 66% tiveram problemas de saúde mental relacionados ao trabalho nos últimos dois anos;
- 68% faltaram ao trabalho por causa de um problema de saúde mental;
- 60% dizem que sentem que o seu empregador ou colegas ignoram a sua condição de saúde mental;
- 31% concordam que a oportunidade de tirar dias de saúde mental afetaria positivamente o seu bem-estar.
“Esses dados confirmam que ainda existem medos e estigmas em torno da saúde mental no local de trabalho”, afirma Agata Szczepanek, especialista em carreiras da Resumelab.
Como as empresas podem melhorar
Ellen Rudolph, fundadora e CEO da WellTheory, plataforma de saúde inspirada na sua própria doença autoimune, acredita que os empregadores continuam no escuro sobre quais ações devem tomar. Ela identifica quatro maneiras de aumentar a conscientização e apoiar a saúde mental dos funcionários:
- Saúde mental é saúde física e saúde física é saúde mental. Os funcionários querem ações que reconheçam essa inter-relação sem tentar separar as duas;
- O bem-estar é uma escolha de estilo de vida a longo prazo. Os funcionários precisam de cuidados proativos e preventivos, em vez de “soluções rápidas”;
- Bem-estar mental e emocional, nutrição, exercícios físicos e sono são pilares da saúde. E trabalhar para empregadores que reconheçam e promovam esse equilíbrio é uma das prioridades dos profissionais;
- Problemas de saúde impedem que a Geração Z e a Geração Y se dediquem plenamente ao trabalho mais do que as gerações anteriores.
Para demonstrar uma preocupação genuína com o assunto, Rudolph sugere que as empresas ofereçam benefícios que promovam o bem-estar a longo prazo e vejam os seus funcionários como uma pessoa inteira.
As companhias podem abordar o tema promovendo discussões com os funcionários sobre a importância do autocuidado, do equilíbrio entre vida pessoal e profissional e da desestigmatização das questões de saúde mental. Além disso, podem incentivar micropausas ao longo da jornada de trabalho e enfatizar a importância de folgas remuneradas, férias e dos programas de bem-estar.
Por último, as lideranças podem criar uma cultura em torno do assunto, desenvolvendo políticas formais para que todos os funcionários saibam qual é a posição da organização em relação ao assunto. Uma coisa é certa: qualquer ação que os líderes tomem para apoiar o bem-estar e a saúde mental dos funcionários aumentará os resultados financeiros da empresa no longo prazo.
*Bryan Robinson é colaborador da Forbes. Ele é autor de 40 livros de não-ficção traduzidos para 15 idiomas. Também é professor emérito da Universidade da Carolina do Norte, onde conduziu os primeiros estudos sobre filhos de workaholics e os efeitos do trabalho no casamento.
(Traduzido por Fernanda de Almeida)
Fonte: Forbes