Publicado por Redação em Revista - 06/11/2012

Sete dores que não devem ser menosprezadas

As dores avisam que algo está errado, mas preferimos acreditar que elas vão passar depressa do que procurar um médico. É nessa ideia onde mora o perigo! Saiba como escapar de um engano.

Levante a mão quem nunca se automedicou por causa de uma dor. É corriqueiro achar que ela é um mal passageiro, tomar diversos analgésicos e esperar a dor passar ou ficar insuportável para ir ao médico. Estudos indicam que 64% dos brasileiros tentam se livrar da sensação dolorosa sem procurar ajuda. Foi assim com a auxiliar de dentista, Antônia Sueli Ferreira, 45 anos, de São Paulo. “Tomei muito remédio durante três meses por causa de cólicas fortíssimas e do que parecia ser uma lombalgia. Só quando me dei conta que a cólica não passava fui ao médico. E então descobri que tinha um câncer colorretal. Tive de ser submetida às pressas a uma cirurgia. Por sorte, estou bem”, conta. Segundo o cirurgião Heinz Konrad, do Centro para Tratamento da Dor Crônica, em São Paulo, a dor é um mecanismo de proteção que avisa quando algo nocivo está acontecendo. A origem do mal estar? Eis a questão — e, para ela, precisamos ter sempre uma resposta. “Na dúvida, toda dor precisa ser checada, ainda mais aquela que você nunca sentiu igual”, aconselha o cardiologista Paulo Bezerra, do Hospital Santa Cruz, em Curitiba. Aqui, selecionamos sete dores que você nunca deve ignorar.

 
Dor de cabeça

Dos dez aos 50 anos e ela geralmente é causada por alterações na visão ou nos hormônios — esta, mais comum entre as mulheres. E esses são justamente os casos em que a automedicação aumenta o tormento. “Isso porque, quando mal usado, o analgésico transforma uma dorzinha esporádica em dor diária”, avisa o neurocirurgião, José Oswaldo de Oliveira Júnior, chefe da Central da Dor do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo. Acima dos 50 anos, as dores de cabeça merecem ainda mais atenção, pois podem estar relacionadas à hipertensão.


Dor de garganta

Costuma ser causada pela amigdalite de origem bacteriana ou viral. “Se não for tratada, a amigdalite bacteriana pode exigir até cirurgia”, alerta o otorrinolaringologista, Marcelo Alfredo, do Hospital e Maternidade Beneficência Portuguesa de Santo André, na Grande São Paulo. A do tipo viral, baixa a imunidade e, em 10% dos casos, vira bacteriana. Portanto, pare de banalizar essa dor! Se ela parece nunca ir embora, fique atento: certos tumores no pescoço também incomodam e podem ser confundidos, como simples infecções.


Dor no peito

“Quando o coração padece, a dor é capaz de se espalhar na direção do estômago, do maxilar inferior, das costas e dos braços”, descreve o cardiologista Paulo Bezerra. Em geral, isso acontece quando o músculo cardíaco recebe menos sangue devido a um entupimento das artérias. “A sensação no peito é como a de um dedo apertado por um elástico. E piora com o estresse e o esforço físico”, explica Bezerra. Não dá para marcar bobeira em casos assim: o rápido diagnóstico pode salvar a vida.


Dor nas pernas

Muita gente não hesita em culpar as varizes - algumas vezes injustamente. “A causa pode ser outra”, avisa a fisiatra, Lin Tchia Yeng, do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Uma artrose, por exemplo, provoca fortes dores nos pés e nos joelhos. Se não for tratada, piora até um ponto quase sem cura. Segundo a fisiatra, em outros indivíduos a dor vem das pisadas, explica Lin. “É quando há um erro na posição dos pés ou se usam calçados inadequados.” Sem contar doenças como hipotireoidismo e diabetes, que afetam a circulação nos membros. “Há medicamentos específicos para resolver a dor nesses casos”, diz a reumatologista, Solange Mandeli da Cunha, do Centro de Funcionalidade da Dor, em São Paulo.


Dor abdominal

Uma dica: o importante é saber onde a dor começa. Uma inflamação da vesícula biliar começa no lado direito da barriga, mas tende a se irradiar para as costas e os ombros. Contar esse trajeto ao médico faz diferença. “Se a pessoa não for socorrida, podem surgir perfurações nessa bolsa que guarda a bile fabricada no fígado”, diz o cirurgião Heinz Konrad. Nas mulheres, cólicas constantes — insuportáveis no período menstrual — levantam a suspeita de uma endometriose, quando o revestimento interno do útero cresce e invade outros órgãos. “Uma em cada dez mulheres que vivem sentindo dor no abdômen tem essa doença”, calcula a anestesiologista, Fabíola Peixoto Minson, do Hospital Israelita  Albert Einstein, em São Paulo.


Dor nas costas

A má postura e o esforço físico podem machucar a coluna. “É uma dor diária, causada pelo desgaste físico e pelo sedentarismo”, diz o geriatra, Alexandre Leopold Busse, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Conviver com o tormento? Essa é a pior saída. A dor nas costas, além de minar a qualidade de vida, pode escamotear o câncer no pâncreas também. “No caso desse tumor, surge uma dor lenta e progressiva”, conta a fisiatra, Lin Tchia Yeng. Por precaução, aprenda que a dor nas costas que não some em dois dias sempre é motivo de visitar o médico.


Dor no corpo

Se o seu corpo vive moído, atenção às suas emoções. A depressão, por exemplo, comumente desencadeia um mal-estar que vai da cabeça aos pés. “O que dá as caras no físico é o resultado da dor psicológica”, diz Alaide Degani de Cantone, coordenadora do Centro de Estudos e Pesquisas em Psicologia e Saúde, em São Paulo. “Quem tem dores constantes aparentemente sem causa e que vive triste, pessimista, sem ver prazer nas coisas e nem consegue se concentrar direito, pode apostar em problemas de ordem emocional”, opina o psiquiatra Miguel Roberto Jorge, da Universidade Federal de São Paulo  (UNIFESP). E, claro, essas dores que no fundo são da alma também precisam de alívio.


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