Publicado por Redação em Vida em Grupo - 22/07/2016

Seguro de vida ainda tem pouco apelo entre brasileiros

Apenas 12% dos brasileiros que têm algum tipo de seguro contrataram um seguro de vida e aqueles que não têm o produto dizem não ver sentido em pagar por algo que não vão usar, apontam pesquisas feitas pelo grupo segurador BB e Mafre para tentar identificar por que essa proteção tem tão pouco apelo entre a população.

O seguro de vida oferece proteção financeira ao próprio cliente –no caso de invalidez ou doença grave, como câncer, por exemplo– ou aos seus dependentes, se ele morrer. Pode ser contratado por prazo determinado (um ano, por exemplo, com renovação anual) ou ser vitalício.

O principal objetivo é dar suporte financeiro a uma família em caso de falecimento ou incapacidade temporária do provedor principal, dando um tempo para que os dependentes consigam ter uma renda e reorganizar a vida. A estimativa é que esse período "protegido" deve ser de, pelo menos, dois anos.

Como raramente usufrui dos benefícios do produto em vida, o cliente atribui ao seguro a sensação de "dinheiro jogado fora". Um dos levantamentos, por exemplo, mostra que um dos motivos para não ter o produto é a ideia de que parte do dinheiro será usado para sustentar um amante do cônjuge.

Os entrevistados dizem também recear que o dinheiro provoque a ganância de familiares e casos de assassinatos na família ou ainda que traga mau agouro.

"As pessoas não gostam de falar sobre morte. É uma barreira emocional, uma das dificuldades para abordar os clientes na venda dos produtos", diz Ângela de Assis, diretora comercial e de operações da BB Seguridade. A preocupação em driblar isso é ainda maior porque o produto oferece uma boa margem de lucro, acima do seguro de veículos, por exemplo.

PARA QUEM?

Entre os brasileiros que têm seguro de vida, mais da metade (58%) diz ter contratado o produto em banco. Mas, apesar da insistência do gerente em efetuar a venda, planejadores financeiros alertam que não é interessante para todo mundo.

Assim como não faz nenhum sentido contratar um seguro de carro se o cliente não tiver o próprio automóvel, o seguro de vida é válido para quem tem dependentes que sofrerão caso um dos membros da família não possa mais ajudar no sustento da casa. "O seguro é feito para cobrir uma deficiência patrimonial, para ajudar a família a sobreviver em caso de morte do provedor principal", reforça Michael Viriato, professor do Insper, instituto de pesquisa e ensino.

Para jovens universitários sem dependentes, por exemplo, o produto não faz nenhum sentido. Para idosos, a barreira é o preço elevado. Nesses dois casos, a recomendação é investir o dinheiro que seria destinado às mensalidades do seguro em aplicações de renda fixa.

O custo médio do seguro vai aumentando conforme o cliente vai envelhecendo, conforme mostra levantamento da corretora de seguros MDS realizado com três seguradoras.

Um homem sem doenças preexistentes com capital segurado de R$ 100 mil, cobertura de invalidez total ou parcial por acidente, invalidez funcional total e permanente por doença e assistência funeral tem um custo médio de R$ 43,80 por mês. Já um de 55 anos pagaria R$ 194,24. Aos 65 anos, o valor salta para R$ 464,19.

Com base nessas pesquisas, a BB Seguridade fará mudanças no portfólio neste mês para tentar minimizar a sensação de que apenas outros membros da família serão beneficiados. Entre elas, ampliar a cobertura de doenças graves, incluir diárias por internação hospitalar e aumentar a idade de entrada no produto –de 65 para 70 anos.


Fonte: Folha de São Paulo


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