Publicado por Suporte AW em Notícias Gerais - 14/01/2011
Seguradoras ampliam capital em 50% em 2 anos
Expansão: O chamado patrimônio líquido ajustado atingiu R$ 32,7 bi.
Seguradora do Santander, de Gilberto Abreu, aumentou patrimônio em 216% Luis Ushirobira/Valor.
As companhias de seguros ampliaram em 55% o patrimônio nos últimos dois anos, em parte para atender a novas exigências dos órgãos reguladores por capital mínimo, em parte para poder assumir mais riscos e crescer negócios em um setor que vem crescendo o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos anos.
Em outubro do ano passado, último dado disponível, as seguradoras tinham alcançado um patrimônio líquido ajustado de R$ 32,7 bilhões. Em doze meses até aquela data, o aumento de patrimônio foi superior a R$ 5 bilhões e nos doze meses anteriores (novembro de 2008 a outubro de 2009) as seguradoras já haviam ampliado essa base de capital em outros R$ 6,4 bilhões. Ou seja, em dois anos, foram acrescidos R$ 11,65 bilhões ao patrimônio líquido ajustado.
Derivado do patrimônio líquido contábil, o PLA é o principal indicador que orienta as normas de supervisão baseada em risco e exclui diversas modalidades de ativos como ações, participações societárias em empresas do mesmo grupo ou em outros grupos, imóveis rurais, fundos de investimentos imobiliários, joias e obras de arte.
O cálculo é do consultor Flavio Faggion, da Siscorp Sistemas Corporativos, utilizando dados informados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). Houve um fortalecimento do mercado, diz Faggion. Os dados mostram, ainda, uma concentração do capital adicional nos dez maiores grupos seguradores, principalmente os quatro primeiros do ranking - Itaú, Bradesco, Caixa e Santander-, que concentram 78% do PLA total.
Os números referem-se a 71 seguradoras, porém consideram apenas o capital formado para a atividade de seguros de risco (vida e ramos elementares), não incluindo o seguro saúde nem a capitalização. Tampouco as autoridades supervisoras do mercado segurador brasileiro impuseram até agora qualquer regra de capital mínimo para a atividade de previdência privada.
De acordo com o estudo da Siscorp, entre as dez maiores seguradoras, o grupo Bradesco é o que tem o maior PLA, com R$ 7,156 bilhões, e também o que apresentou o maior aumento absoluto no período, com R$ 1,576 bilhão. Em segundo lugar vem o Itaú Unibanco, com R$ 5,822 bilhões. Porém o grupo espanhol Santander foi o que mais elevou o patrimônio em termos relativos, saindo de R$ 684 milhões para R$ 2,057 bilhões, um aumento de 216% em dois anos. O Santander está em quarto lugar.
O Bradesco se antecipou e já fez todo o ajuste com a incorporação de seus lucros, afirmou Samuel Monteiro dos Santos Junior, vice-presidente da instituição. Segundo ele, os aportes de capital adicional para todas as atividades do grupo (não só seguros de riscos) elevaram o patrimônio para R$ 12 bilhões, valor já ajustado tanto às regras de capital adicional para riscos de solvência quanto às de risco de crédito, que só entraram em vigor este ano. Com este valor, o grupo pode assumir até R$ 36 bilhões em riscos de seguros, mas mantém uma posição mais baixa, a R$ 32,4 bilhões, longe do limite.
A decisão do grupo Santander de investir no Brasil é inequívoca, diz Gilberto Abreu, diretor de seguros, previdência e capitalização da seguradora controlada pelo banco espanhol. Abreu conta que em 2008 a matriz do Santander aportou R$ 2 bilhões no Brasil em aumento de capital que se somou a outros R$ 120 milhões aplicados anteriormente.
Parte dos recursos (R$ 678 milhões) foi usada para a recompra, em 2009, da participação de 50% da seguradora Tokio Marine no controle da Real Vida e Previdência. Isso foi pouco mais de um ano depois que o banco Santander comprou o holandês ABN Amro, que havia vendido a empresa seis anos atrás para os japoneses.
Segundo Abreu, esse movimento foi o primeiro a demonstrar o interesse do grupo em investir mais forte no mercado segurador brasileiro. O excedente de capital internalizado foi aplicado nos ajustes às novas regras de capital mínimo para riscos de solvência e também foi antecipado o ajuste para risco de crédito. Temos crescido 30% a 40% ao ano, disse Abreu, frisando que a seguradora não pretende mudar o foco de atuação. Nossa estratégia definida é atuar em riscos de pessoas, com produtos simples e distribuição pulverizada. Não faremos grandes riscos, nem saúde, nem automóveis.
Outro grupo espanhol que investiu no país e saltou no ranking local, a Mapfre Seguros elevou seu patrimônio de R$ 341 milhões em 2004 para R$ 1,853 bilhão hoje (R$ 1,444 bilhão em PLA), dos quais 40% correspondem a recursos remetidos diretamente pela matriz em Madri e o restante em reinvestimento de lucros, explica Wilson Toneto, vice-presidente da área financeira.
O Brasil foi um dos países de maior foco de investimentos da Mapfre fora da Espanha, disse Toneto. Segundo ele, o grupo investiu os recursos primeiro na compra da seguradora Roma Vida e Previdência, há cerca de seis anos. Posteriormente foram feitos aportes principalmente em tecnologia, ampliação da rede de sucursais para atendimento a fornecedores e corretores e centros de atendimento aos segurados. A grande aposta agora, afirma o executivo, está na parceria recém oficializada com o Banco do Brasil. A estratégia com o BB é consolidar e fortalecer a parceria.
O Itaú Unibanco foi procurado, porém não respondeu à solicitação de entrevista até o encerramento desta edição.
Entre as empresas de pequeno e médio porte, a RSA Seguros, de origem britânica, garante que tem um excedente de capital da ordem de R$ 50 milhões por conta do reinvestimento de 100% de seus lucros após a distribuição aos acionistas dos dividendos mínimos permitidos.
O objetivo foi aumentar a capacidade de negócios no país nos segmentos de riscos de engenharia e seguros massificados. Estamos investindo em pessoas, tecnologia e capacidade de resseguros, disse Thomas Batt, presidente da filial brasileira da RSA.
Fonte: www.cqcs.com.br | 14.01.11