Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 01/08/2014
Risco de ebola no Brasil é baixo, mas governo fiscaliza portos e aeroportos
O risco de o ebola chegar ao Brasil "é muito baixo", mas um sistema de vigilância é mantido em portos e aeroportos para evitar que o vírus passe a circular no país, informou nesta quinta-feira (31) o Ministério da Saúde.
A maior epidemia de ebola da história da África Ocidental, já matou 729 pessoas das 1.323 infectadas desde fevereiro, em Serra Leoa, Libéria, Guiné e Nigéria, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Uma avaliação de risco realizada pelo ministério apontou como 'muito improvável' que o ebola circule no Brasil por dois motivos. Um deles leva em conta o histórico da epidemia, que nunca ultrapassou as fronteiras da África, e o outro a forma de transmissão ocorrida somente por contato íntimo com a pessoa infectada.
"É muito improvável que o vírus ebola se dissemine fora do continente africano. Há surtos desde 1976 e nunca houve transmissão fora da África. Diferentemente de outras doenças que se transmitem pelo ar, por partículas microscópicas, no ebola tem que ter contato com o sangue e fluídos corporais do doente e a transmissão do vírus só ocorre após a aparição dos sintomas", diz Jarbas Barbosa, secretário de vigilância em saúde do Ministério da Saúde ao UOL.
Está a cargo da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) fazer o monitoramento de pessoas que vierem desses países pelos aeroportos, portos e fronteiras. Mas a abordagem só será feita com pessoas visivelmente doentes, informou a agência.
"Se a pessoa apresenta sintomas, os comissários de bordo já acionam o aeroporto na chegada, que a recebe e isola. Depois, quem estava no avião também será avaliado. A outra medida se refere a uma pessoa que está no período de encubação do vírus, sem apresentar sintomas. Quando ficar doente, ela terá de ir ao hospital. Lá será informado que ela veio da África e será feita a checagem", diz Barbosa.
Segundo o secretário, não há notificação de casos da doença no Brasil até agora. Mas o governo recomenda aos brasileiros que vivem nesses países ou que precisam visitá-los a sempre lavar as mãos e manter a casa limpa e higienizada. Isso porque o vírus também pode ser contraído em contato com urina e fezes de morcego, comuns na fauna desses países.
A mesma ressalva é feita pelo infectologista Luis Fernando Aranha Camargo, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia, que também vê como baixa a chance de o vírus circular por aqui. Segundo o médico, dificilmente o vírus se espalharia em uma viagem de avião.
"O vírus não seria transmissível no avião, a não ser que alguém tivesse contato muito íntimo com uma pessoa já com sintomas muito aparentes. Mas essas pessoas não conseguiriam nem viajar já doentes porque sofrem com diarreia, febre, vômitos", diz o secretário.
No entanto, o médico recomenda evitar os países se não houver necessidade de viajar para esses destinos.
"Vale evitar esses lugares com certeza, a não ser que haja urgência de trabalhar. Mas o foco da doença está nas regiões periféricas, não nos centros urbanos, e dificilmente o turista terá que ir a essas regiões. De qualquer forma, não se pega ebola andando na rua", afirma.