Publicado por Redação em Notícias Gerais - 03/07/2012
Renda fixa: onde investir no segundo semestre?
O cenário econômico brasileiro passou por mudanças importantes no primeiro semestre deste ano e a redução da Selic (taxa básica de juros) para o seu menor nível histórico (8,5% ao ano) pode ser considerado o fato mais marcante deste período - pelo menos para aqueles que investem. Isso porque a Selic afeta diretamente os investimentos em renda fixa, já que muitas aplicações possuem a taxa básica como referência para a sua rentabilidade. A queda da taxa, portanto, obriga os investidores a repensarem a sua estratégia e readequarem o seu portfólio. Dentro deste cenário, a pergunta que muitos se fazem é: como devem ficar as aplicações em renda fixa no segundo semestre deste ano?
Na opinião do diretor da SulAmérica Investimentos, Marcelo Saddi, ainda é preciso ter alguma cautela com a inflação e os investimentos atrelados aos índices de preços ainda podem ser uma opção interessante para o próximo semestre. Isso porque, por mais que a inflação esteja dando sinais de arrefecimento, o governo vem buscando formas de estimular a economia aumentando o consumo - com a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), por exemplo -, o que pode fazer com que os preços voltem a subir no médio prazo. “Os estímulos monetários [na economia] já foram dados, está havendo estímulos fiscais, então a gente acredita que vai surtir algum efeito. Por isso, é preciso ter uma cautela com o nível inflacionário.”, diz Saddi.
Opinião parecida tem o especialista em finanças pessoais da MoneyFit, Antonio de Julio. Segundo ele, o investidor deve ficar atento a possíveis repiques de inflação e se proteger do com títulos públicos indexados ao índice de preços. “Sem dúvida pode haver um aumento de demanda [por produtos, o que causaria o aumento de preços] nos próximos meses”, acredita.
Entre as aplicações que possibilitam lucrar com a alta dos preços está a NTN-B (Nota do Tesouro Nacional – Série B), títulos públicos que possuem a rentabilidade indexada ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação “oficial” do país. Para adquirir estes títulos, é preciso se cadastrar no programa Tesouro Direto, e ter conta em uma corretora de valores autorizada a operar com títulos públicos.
Também é possível “investir em inflação” por meio dos fundos de renda fixa. Não existe um tipo específico de fundo de inflação classificado pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais), mas diversos fundos de renda fixa investem primordialmente nestes títulos. Basta analisar a lâmina e o regulamento do fundo antes de investir, para saber que tipo de ativo é mais comprado pelo gestor.
Títulos indexados à Selic
Já o gestor de investimentos da Lecca, Georges Catalão, aponta que é possível que o Banco Central interrompa em breve o ciclo de queda de juros. Com isso, investir em títulos públicos indexados à própria Selic pode ser uma alternativa mais apropriada neste segundo semestre. “Está ficando cada vez mais difícil do BC continuar com essa redução de juros, dada a inflação projetada para o início do ano que vem”, afirma. “A probabilidade do ciclo de queda acabar está aumentando e pode até ser que haja alguma elevação da Selic”, continua o gestor.
Por isso, ele acha que investir em títulos públicos indexados à taxa básica de juros pode se mostrar uma estratégia melhor nos próximos meses. “Não quer dizer que esses títulos terão uma rentabilidade extraordinária, mas, dentro do cenário que estamos prevendo, investir em inflação está cada vez com uma relação risco/retorno maior. Portanto, investir nestes títulos vai fazer mais sentido, já que eles oferecem uma rentabilidade constante, sem volatilidade”, afirma Catalão.
Para aplicar em títulos públicos indexados à Selic - as LFT (Letras Financeiras do Tesouro) - também é necessário ter cadastro em corretora de valores e no programa Tesouro Direto.
Outras alternativas
Dentro da renda fixa, outras alternativas de investimentos também podem trazer uma boa rentabilidade no próximo semestre. De acordo com De Julio, da MoneyFit, a LCI (Letra de Crédito Imobiliário) também deve ser analisada. “A principal vantagem é que ela é isenta de Imposto de Renda”, pondera. Com isso, a rentabilidade líquida da aplicação pode ser maior do que de outros investimentos de renda fixa que são tributados.
Outra vantagem da LCI é o fato de a aplicação ser garantida pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos) até R$ 70 mil, o que reduz significativamente o risco da aplicação. Se o banco enfrentar problemas e sofrer uma intervenção do BC, por exemplo, você terá garantido até este valor aplicado em LCI.
O mesmo acontece com o CDB (Certificado de Depósito Bancário), que, apesar de ter cobrança de IR, também é garantido pelo FGC. No caso destes títulos, o mais importante é que o investidor negocie com o banco a maior taxa possível de rentabilidade. Isso porque o CDB pós-fixado normalmente paga um percentual do CDI – alguns bancos oferecem apenas 70%, enquanto outros oferecem até 110%.
Fonte: Infomoney