Publicado por Redação em Vida em Grupo - 05/07/2012
Ramo de pessoas entrará em nova etapa de crescimento, prevê presidente do CVG-SP
Em tom otimista, o presidente do CVG-SP, Osmar Bertacini, analisou a evolução e o futuro do ramo de pessoas no país, durante sua participação em Palestra do Meio-Dia da APTS, nesta quarta-feira, 27 de junho, quando apresentou o tema “Perspectivas para os Seguros de Vida e Acidentes Pessoais nos próximos anos”. Além de expor dados que demonstram o grande crescimento do ramo de pessoas nos últimos anos, ele elencou alguns desafios, como a atual queda da taxa de juros, e as ações necessárias para o futuro, como a divulgação do seguro.
O microsseguro foi apresentado por Bertacini como uma grande oportunidade e, ao mesmo tempo, um dos maiores desafios. Se por um lado, os seguros feitos sob medida para a faixa da população de baixa renda podem trazer milhares de novos consumidores, por outro, ele adverte que conquistar e fidelizar esse público não serão tarefas fáceis. Durante sua palestra, ele apontou ações necessárias para manter o ramo na rota do crescimento.
“A bola da vez”
Entre 2001 e 2010, o setor de seguros apresentou um crescimento nominal acumulado de 233,7%, saltando de R$ 37 bilhões de faturamento para R$ 125,6 bilhões. Dados mais recentes indicam que, no ano passado a indústria de seguros cresceu 16,3% e, embora a previsão para este ano seja de um crescimento menor, em torno 12,8%, ainda assim o resultado será bastante positivo. Outro dado que demonstra a grande evolução é o faturamento do setor nas últimas décadas. Em 1980, a arrecadação era de R$ 1,5 bilhão, passando,em 1990, para R$ 2 bilhões. O primeiro grande salto ocorreu em 2000, com o valor de R$ 32 bilhões e o segundo neste ano, quando o faturamento deve chegar a R$ 200 bilhões.
Para o presidente do CVG-SP, o ótimo desempenho do seguro nesse período foi resultado do ambiente ideal criado pela estabilização econômica, aumento de renda da população e crescimento do emprego formal. “Na época da inflação, as pessoas se preocupavam em suprir suas necessidades básicas, não tinham recursos para comprar seguro de vida. Com a estabilidade econômica, essas necessidades foram supridas, surgindo espaço para a venda de seguros”, disse.
Dentre todos os ramos, o de pessoas, que inclui seguro de vida, acidentes pessoais, saúde, previdência complementar e capitalização, foi o que apresentou melhor desempenho no período. Em 2011, o segmento foi responsável por 79% da arrecadação do mercado, com faturamento de R$ 164 bilhões e crescimento real de 9%. Para Bertacini, esse crescimento revela que os brasileiros que ascenderam socialmente estão descobrindo o seguro como uma forma de proteção. “O seguro de pessoas é a bola da vez”, afirmou.
Microsseguro
Analisando o cenário futuro, o dirigente apontou outros motivos, além do crescimento econômico, que o fazem acreditar em uma nova fase de expansão para o ramo de pessoas. O principal é comercialização do microsseguro, que acaba de ser regulamentado. Ele não duvida que os primeiros produtos de microsseguro a serem oferecidos para o público-alvo estimado em 128 milhões sejam do ramo de pessoas, iniciando pelo seguro de vida, assistência funeral e saúde. Posteriormente, será a vez dos seguros residenciais.
Para Bertacini, além de ajudar a criar a cultura do seguro, o microsseguro deverá consolidar o ramo de pessoas. “Uma indenização de R$ 20 mil, por exemplo, pode não ser muito, mas ajudará na manutenção das famílias de menor renda”, disse. Mas, ele alertou para a necessidade de simplificação na forma venda e no pagamento de indenização, além do treinamento dos profissionais que irão atuar na intermediação desse seguro.
Desafios
Bertacini manifestou sua preocupação com os efeitos da queda de juros na operação de seguros, já que o ganho das seguradoras vem do resultado financeiro e não do operacional. Para evitar que possíveis perdas sejam compensadas pelo aumento de preços dos seguros, ele sugere prêmios mais técnicos e menos financeiros. “Se as seguradoras aumentarem os preços, menos gente fará seguro”, disse.
Na lista de medidas necessárias para amenizar o impacto da queda de juros, Bertacini inclui, ainda, os esforços na gestão dos investimentos; o corte de possíveis “gorduras” na operação; o foco no aumento do faturamento por meio do ajuste de preços, seguido pela captação de novos clientes e pela exploração de novos nichos de mercado; além do maior rigor na subscrição de riscos.
Para o futuro, Bertacini enxerga outros desafios. Embora as perspectivas sejam positivas e o ambiente propício para a maior penetração do seguro na sociedade, ele avalia que o setor terá de empreender algumas ações para se manter no caminho do crescimento. A principal está relacionada à melhoria da comunicação com a sociedade, por meio da divulgação institucional do seguro. Bertacini insiste que as empresas do setor devem investir mais na divulgação institucional tanto quanto em produtos específicos.
Ele próprio tem participado de uma iniciativa do Sincor-SP e do Sindseg-SP de levar informações sobre seguros para estudantes, em escolas e faculdades. Mas, além da cultura do seguro, ele coloca a educação financeira e os conceitos de sustentabilidade como outras prioridades para a formação dos alunos. “Os jovens de hoje serão os consumidores de amanhã”, disse.
Contexto atual do ramo
Os seguros de pessoas são operados pelo regime de repartição, de acordo com os princípios do mutualismo, e oferecem proteção ao segurado para o risco de acidentes e invalidez e ao beneficiário no caso de morte do titular do seguro. Além dessas características, Bertacini apontou o ramo como um investimento, já que a indenização é paga independentemente do número de parcelas quitadas pelo segurado.
Ele comentou, ainda, que o seguro de vida é o único em que o sinistro é certo, porém, em data aleatória; a indenização não é tributada e não está vinculada ao inventário do segurado, já que não é herança e também não responde pela dívida do segurado. Mas, a falta de definição de beneficiário é uma questão recorrente e problemática para as seguradoras no momento do pagamento da indenização. “Se o segurado que indicar os filhos como beneficiários, mas não informar os nomes, a seguradora poderá ser obrigada a indenizar também os filhos fora do casamento, ainda que já tenha pagado aos herdeiros legais”, disse.
Nos últimos dez anos, o ramo de pessoas cresceu 257%, a uma taxa média de 15,2% ao ano. Entretanto, no caso do seguro de vida, a maioria dos consumidores pertence às classes mais altas. De acordo com estudos, a maior presença (18%) está nos lares das classes A e B. Por isso, na visão de Bertacini, existe um grande campo a ser explorado, considerando que a população economicamente ativa, cerca de 130 milhões, seria potencial consumidora de seguro.
Ele também enxerga oportunidades entre os mais jovens, especialmente as gerações Y e Z, compostas por 38 milhões de indivíduos. Sobre estes, Bertacini destacou que a maioria é usuária da internet (91%); participa de redes sociais (87%); e possui celular (94%). Portanto, concluiu que a conquista desse público deve envolver ações direcionadas às mídias mais acessadas por eles.
Fonte: segs