Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 16/09/2011
Promoção da saúde não é custo, mas investimento
O Ministério da Saúde lançou recentemente um Plano de Ações para Enfrentamento das Doenças Crônicas Não-transmissíveis (DCNT). Ao longo dos próximos 10 anos, o Plano se propõe a ser a resposta do Brasil a uma preocupação comum em todo o mundo: estima-se que 63% das mortes, atualmente, ocorram por DCNT. A taxa de mortalidade prematura, ou seja, de óbitos antes dos 70 anos motivados por DCNT, é de 255 a cada grupo de 100 mil habitantes. O consenso mundial é que poderia ser reduzida para 196 por 100 mil.
No Brasil, as Doenças Crônicas Não-transmissíveis que mais matam são as doenças cardiovasculares (31,3%), o câncer (16,2%), as doenças respiratórias crônicas (5,8%) e o diabetes mellitus (5,2%). Por isso, os quatro fatores de risco com maior influência no aparecimento destas doenças serão combatidos de forma prioritária até 2022: o tabagismo, o consumo abusivo de álcool, a inatividade física e a alimentação não-saudável.
As informações são do Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, dr. Jarbas Barbosa, que em recente entrevista destacou uma mudança evidente no conceito de Saúde. Segundo ele, “a concepção moderna é de que não basta aumentar anos de vida, é preciso aumentar anos saudáveis de vida, e para isso a promoção da Saúde tem que começar cedo”.
A colocação do Secretário vem precisamente ao encontro do que defendo: que cada cidadão deve ter acesso à informação e às ferramentas necessárias para, de forma autônoma e crescente, cuidar da própria Saúde. E isso significa agir antes da manifestação da doença.
No livro “Repensando a Saúde, Estratégias para melhorar a qualidade e reduzir os custos”, os autores apresentam o novo Ciclo de Atendimento à Saúde, onde a Saúde precede a assistência. Para Michael Porter, doutor de economia pela Universidade de Harvard, e Elizabeth Olmsted Teisberg, pós-doutora pela Universidade da Virginia, é latente a necessidade de se medir e minimizar o risco de doenças, oferecer um gerenciamento abrangente de doenças e disponibilizar serviços de prevenção para todos os clientes, inclusive os saudáveis.
Neste escopo, segundo os autores-especialistas, a Saúde não pode envolver meramente a Assistência, mas sim a Preparação para o serviço (que aumenta a eficiência da cadeia de valor), a Intervenção, a Recuperação, o Monitoramento/Gerenciamento da condição clínica, a Promoção ao Acesso, a Mensuração de Resultados, e, por fim, a disseminação da informação. O argumento parte da comprovação de que, a cada dólar investido em prevenção e gerenciamento de doenças crônicas, o retorno é de US$ 2,9, ou seja, um benefício de quase 3 por 1.
A promoção da Saúde, como aliada imprescindível da assistência, foi alçada à condição de oferta obrigatória à sociedade. E o Brasil, felizmente, tem acompanhado a evolução mundial neste sentido.
Em todo o mundo, ainda existem divergências sobre o percentual ideal de investimento em promoção da Saúde, em comparação ao volume destinado à assistência. Apesar desta conta ser complexa e flexível, uma certeza, pelo menos, já é consenso: cada vez mais é necessário investir recursos para evitar que as pessoas adoeçam. A prevenção não é um custo e sim um investimento com lucro certo.
Fonte: www.saudebusinessweb.com.br | 16.09.11