Publicado por Redação em Previdência Corporate - 24/02/2012
Previdência privada tem forte concentração em renda fixa
O patrimônio líquido dos fundos de investimentos em previdência privada aberta cresceu R$ 45,648 bilhões ou 23,75% nos últimos 12 meses, de R$ 192,15 bilhões em fevereiro de 2011 para R$ 237,8 bilhões até 15 de fevereiro último, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Metade desse avanço é explicado pela captação líquida de R$ 22,679 bilhões nos últimos 12 meses, e a diferença de R$ 23 bilhões pela rentabilidade concentrada em ativos de renda fixa, que rendeu em média 12,58% nos últimos 12 meses.
Como exemplo, a Caixa Seguros, com 12 fundos, registrou captação líquida de R$ 153 milhões entre 30 de dezembro de 2011 e 15 de fevereiro de 2012, e alcançou patrimônio líquido de R$ 16,1 bilhões. Em 46 dias, a rentabilidade média foi de 1,83%.
"O brasileiro está muito concentrado em renda fixa, principalmente em títulos públicos federais. Com o cenário da queda da taxa de juros no médio e longo prazo, ele deve procurar investimentos em renda variável, que gere dividendos ou ganhos de capital", alerta o professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), Silvio Paixão.
De fato, de acordo com o relatório da Anbima, R$ 220,8 bilhões ou 92% do total de recursos em previdência privada aberta estão aplicados em renda fixa. Os fundos de ações respondem por apenas R$ 7,371 bilhões do patrimônio líquido, seguido por R$ 3,583 bilhões em fundos balanceados que compõem uma parte em ações e outra em renda fixa; R$ 3,37 bilhões em fundos com data alvo para o rendimento, e R$ 2,67 bilhões em multimercados.
Segundo o professor, outra questão importante é o bônus demográfico deve terminar em 20 ou 30 anos. "Nos países desenvolvidos, onde a taxa de juros é baixa, o investimento em renda variável alcança 40% da carteira", exemplifica o professor da Fipecafi.
Hoje, na prática, já existem alternativas ao investidor pessoa física. Os fundos balanceados, por exemplo, na subcategoria que aplicam até 15% em renda variável possuem R$ 2,58 bilhões em patrimônio líquido; a subcategoria que aplica entre 15% e 30% em renda variável acumula R$ 1,837 bilhões; ao passo que os balanceados acima de 30% em renda variável possuem R$ 2,534 bilhões em patrimônio.
O professor diz que o potencial de crescimento da previdência privada complementar está nos assalariados com renda acima de R$ 4 mil. "É uma faixa de 20% da população que precisará complementar sua renda, além daquela oferecida pelo INSS".
Essa faixa de renda alvo representa um universo de famílias com o total de 40 milhões de pessoas, em contraste com a renda média entre R$ 1,5 mil e R$ 2 mil. "Mesmo quem já está coberto pelo INSS está exigindo das empresas a participação em fundos de previdência", diz o consultor sênior de previdência da Mercer, Carlos Chavão.
Ele espera que setor mantenha o crescimento em 2012, sobretudo porque as companhias estão adotando planos para a retenção de talentos. "Entre 80% e 85% das empresas multinacionais já adotam planos para seus funcionários, foi a forma que encontraram para atrair e reter talentos.
Em março próximo, a Anbima planeja discutir com o Ministério da Fazenda e a Comissão de Valores Mobiliários a proposta de um novo produto previdenciário. Os representantes do mercado financeiro estarão representados pelo Comitê de Fundos Multimercados e pelo Comitê de Serviços Qualificados Private e Varejo.
Um dos produtos que estão sendo discutidos no mercado é a criação de um PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livres) com um plano de saúde na aposentadoria, proposta que tem sido defendida pela Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) e pela Bradesco Saúde. "O mercado está amadurecendo essa ideia, que pode contar com incentivos na tributação", diz Chavão.
"Com o investidor vivendo mais, ele terá que escolher melhor seus investimentos", lembra Paixão sobre o aumento da expectativa de vida do brasileiro.
Rentabilidade
Os fundos de previdência privada em renda fixa renderam em média 1,14% ao mês, e 1,58% no ano até 15 de fevereiro. Em igual período, os balanceados proporcionaram ganhos entre 1,43% e 2,34% ao mês, e entre 2,11% e 6,6% no ano. Os multimercados registraram rentabilidade de 2,24% em 30 dias, e 2,98% no ano, abaixo da performance e do risco dos fundos de ações, com rentabilidade de 13,36% em 30 dias e de 8,29% em 2012.
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Fonte: www.dci.com.br|24.02.12