Publicado por Redação em Previdência Corporate - 28/05/2012

Previdência privada é saída para crescer aposentadoria

Aplicações têm aporte recorde; brasileiro quer vida melhor na 3ª idade

Os brasileiros estão cada vez mais preocupados em ter uma vida confortável na terceira idade. É o que mostram dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) divulgados recentemente. De acordo com a instituição, os brasileiros investiram 26% mais em planos de previdência privada no primeiro trimestre, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Segundo o levantamento, as aplicações somaram cerca de R$ 15 bilhões de janeiro a março de 2012. Considerando apenas os valores de março, a expansão de quase 40% em relação ao ano anterior foi recorde para o mês. Antes, os investimentos em aposentadoria complementar eram pouco expressivos, de acordo com a Fenaprevi. A pesquisa não leva em conta os fundos de pensão fechados, como os pagos por companhias estatais a funcionários, a exemplo da Previ.

O arquiteto Luis Guilherme Albuquerque ainda tem 28 anos, mas já faz parte do grupo de brasileiros que se planejam para o futuro. Ele aproveitou o recebimento de uma pensão para investir uma parte num plano de previdência privada. “Como ganhei um dinheiro extra, fui convencido por uma tia a abrir esse plano. Hoje, vejo como uma reserva importante para ter uma vida mais confortável no futuro, quando me aposentar”, relata. Ele considera que seria insuficiente viver apenas com a aposentadoria paga pelo INSS.

O maior crescimento no setor, de 28%, foi observado nos planos individuais, contratados pelo investidor por conta própria em seguradoras ou bancos, como é o caso de Albuquerque. Já a captação dos planos empresariais subiu 19% no período, e a de produtos para crianças e adolescentes, 14%. Nos 12 meses de 2011, as aplicações nos planos corporativos subiram mais que nos individuais, pela primeira vez na série histórica: 29% contra 14%.

Positivo
Para o consultor da Planilhar Planejamento Financeiro, Erasmo Vieira, o crescimento da previdência privada entre brasileiros é uma excelente notícia. “Com isso, a gente vê que o brasileiro está se preparando mais para o futuro. A situação dos aposentados que dependem unicamente do INSS está muito difícil.

Nesse cenário, é muito importante pensar no futuro para não ter dificuldades mais tarde”, destaca. No entanto, Vieira considera precipitado classificar os dados de um trimestre como uma tendência. “Mas o importante é ver que as pessoas estão se conscientizando”.

O especialista recomenda que ao contratar um plano de previdência o investidor fique atento não somente às taxas de rendimento, mas também à taxa de administração, que podem variar entre zero e 5% sobre todo o patrimônio do fundo, inclusive a rentabilidade. “Se as taxas de administração forem muito altas, investir na previdência privada pode acabar não sendo vantagem em comparação com a velha e boa poupança. O ideal é que essa taxa seja de até 1%”. Vieira aconselha consumidores a pesquisarem em diversos bancos e seguradoras para verificar as melhores taxas.

Especialista em previdência privada, o consultor financeiro Augusto Sabóia, da empresa Saboia Advisors, também comemorou o aumento do número de brasileiros que contrataram o serviço no primeiro trimestre. “Os brasileiros estão tendo um rendimento melhor e agora superaram a fase de consumir, consumir e consumir. No ano passado e retrasado, compraram suas bugigangas, puseram carro na garagem e estão de guarda-roupa cheio. Agora, eles estão amadurecendo financeiramente e pensando no futuro”, relata.

Segundo Sabóia, as taxas de rendimento e os tipos de plano são variados, mas todos os planos se classificam em basicamente dois grupos: o VGBL, para quem não declara o Imposto de Renda, ou declara no modelo simplificado; e o PGBL, para quem declara o imposto no modelo completo. Enquanto o VGBL é ideal para profissionais autônomos, por exemplo, o PGBL é melhor para quem recebe salário ou é empresário e contribui para a previdência oficial.

As maiores taxas de rendimento e as menores taxas de administração são conseguidas por clientes que pretendem investir mais, por mais tempo, assim como por aqueles que dispõem de uma quantidade maior para investimento inicial.

Poupança
A desvantagem da previdência privada em relação à poupança é a incidência do Imposto de Renda sobre esse tipo de investimento, o que não ocorre com a poupança. No plano do tipo VGBL, o desconto é de 15% sobre o rendimento anual, enquanto no PGBL a incidência varia de forma decrescente de 35% a 10%. Ou seja, quanto maior o tempo de investimento, menor será o desconto do Imposto de Renda.

Em compensação, investimentos em previdência privada são considerados gastos dedutíveis na hora de declarar o IR. “O contribuinte pode deduzir até 27,5% sobre o depósito. É como se ele depositasse R$ 72 e aparecessem R$ 100 na conta”, calcula Sabóia.

O especialista ressalta ainda que a poupança e a previdência privada são aplicações bem diferentes. “A poupança também é um tipo de aplicação boa, mas é melhor para fins específicos”, considera. Alguém que pretende fazer uma reserva para comprar um computador ou um carro à vista em um horizonte de três anos, por exemplo, deve optar pela poupança. Outra vantagem da poupança é a possibilidade de depositar e retirar o dinheiro aplicado a qualquer momento.

No caso da previdência privada, o foco é a aposentadoria. “Todo mundo vai envelhecer um dia. Então todo mundo deve ter um plano de previdência”, aconselha Sabóia. Segundo ele, os planos só valem a pena para quem pretende investir a partir de R$ 100 mensalmente por pelo menos 10 anos. “Mas é importante ter em mente que quanto mais ele pagar, mais vai receber no futuro”.

Funcionamento
A previdência privada pode ser contratada em bancos ou seguradoras e funciona da seguinte maneira: o cliente deve decidir quanto pretende aplicar de entrada, o tempo de investimento e o valor das parcelas que pagará mensalmente. Ao final do prazo, ele poderá optar por retirar todo o dinheiro ou por receber a quantia mensalmente em forma de salário, que podem ser pagos por um prazo determinado ou até o fim da vida.

Enquanto alguns planos são “trancados”, outros permitem que o dinheiro investido seja retirado antes do prazo estabelecido inicialmente, mas geralmente isso implica na diminuição da taxa de rendimento. Em outros planos, o investidor precisa pagar uma taxa para retirar dinheiro da previdência.

Hoje, a previdência privada perde em popularidade para a poupança. “O público que investe em previdência tem uma renda maior, por volta de dez salários mínimos. São pessoas que têm uma disponibilidade de reserva”, explica Sabóia. Segundo ele, a classe média emergente, ainda bastante preocupada em consumir, prefere mesmo a poupança, a queridinha dos brasileiros.

O especialista defende, no entanto, que fazer uma previdência não depende de classe social. “Quem é pobre hoje deve pensar: sofro hoje, mas quero ter um conforto maior no futuro”, orienta. Apesar de também poder ser aberto em qualquer idade, o ideal é escolher um plano o mais cedo possível. “Sai mais barato para quem é mais jovem, pois o prazo para investimento é mais longo”, explica. 

Sabóia espera que, com as quedas das taxas de juros praticadas pelos bancos e o consequente aumento da competição entre as instituições financeiras, o rendimento da previdência privada aumente. “Ao menos isso é o que o mercado espera", assinala..

Caixa lança previdência privada a partir de R$ 35
Fazer um plano de previdência é uma opção cada vez mais acessível à população de baixa renda. Na semana passada, a Caixa Seguros e Previdência deu seguimento à briga entre os bancos para atrair clientes e anunciou que os depósitos mínimos mensais nesse tipo de aplicação diminuíram de R$ 50 para R$ 35.

A instituição anunciou ainda que zerou as taxas de carregamento (administração), que antes poderiam chegar a até 5%, a depender do tipo de plano. Antes do anúncio, apenas aportes a partir de R$ 100 mil tinham esse benefício. A Caixa informou, no entanto, que a isenção na taxa vale apenas para novos planos. Clientes que já têm recursos na instituição devem migrar para novos planos, com taxa máxima de 2%.

Desde a primeira quinzena de abril, após o governo ter anunciado cortes agressivos nas taxas de juros nas operações de crédito por meio dos bancos públicos, instituições financeiras públicas e privadas começaram uma verdadeira guerra para atrair clientes.

Depois de Banco do Brasil e Caixa, instituições privadas como Bradesco, HSBC, Itaú Unibanco e Santander anunciaram cortes em suas taxas. O anúncio da Caixa na inauguração planos de previdência privada mais acessíveis dão sequência à briga entre os bancos.

Fonte: www.correio24horas.com.br


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