Publicado por Redação em Previdência Corporate - 06/08/2013
Previdência privada assegura velhice mais tranquila aos bancários
Trabalhar a vida toda e finalmente se aposentar. Nesse momento, muitos trabalhadores do Grande ABC veem suas rendas caírem entre 60% e 80%, em média. Mas, com os ex-bancários a realidade é um pouco diferente. Quase que em sua totalidade, os aposentados do ramo financeiro contam com uma complementação, hoje conhecida como previdência privada.
Este é o caso de Elizabeti Maria Novo Fernandes, 54 anos, moradora de Santo André. Aposentada desde 2004, Beti, como é mais conhecida, complementa seu benefício pago pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) com a reserva que juntou durante os anos trabalhados. “Após dez anos de contratada, o banco onde me aposentei passou a pagar parte de uma previdência. A outra parcela era descontada do meu salário todos os meses. Optei por não retirar a reserva toda ao me aposentar. Pelo contrário, recebo todos os meses uma quantia que junto ao benefício se aproxima do meu último salário. Se não fosse esse ‘extra’, teria uma perda na remuneração mensal acima de 50%”, assinala. Segundo ela, se fosse para guardar dinheiro hoje, pensando nos próximos anos, não daria. “Minha sorte é que nunca fiquei desempregada, assim como meu marido, e conseguimos conquistar nossas coisas até o momento de nos aposentar. Nossa maior obrigação atual é o condomínio do prédio onde moramos.”
Outro benefício que restou da época em que Beti era caixa de banco é o convênio médico. “Pude continuar com o plano empresarial. Pago o meu convênio, do meu marido e do meu filho no valor de R$ 100. Quando ultrapasso o volume de consultas, arco com o valor proporcional, mas que não pesa tanto no orçamento. É minha sorte, pois certamente, estaria entre as maiores despesas da minha casa hoje”, conta.
A assessora jurídica do Sindicato dos Bancários do ABC Maria da Consolação Vegi da Conceição, explica que quem se aposenta com mais de 10 anos numa mesma empresa, tem o direito ao convênio médico vitalício, “que corresponde ao total de anos trabalhados.” Quando se aposenta, o funcionário paga sua parte e a da empresa, mesmo assim, os valores são muito menores do que os planos particulares praticados no mercado. “Temos problemas quanto ao benefício, muitas vezes recorremos a ações judiciais para que as companhias cumpram o que a lei determina.”
Beti lembra que um dos benefícios que perdeu com a aposentadoria foi a PLR (Participação nos Lucros e Resultados). “Para se ter ideia, com a quantia que recebi da última vez consegui trocar a máquina de lavar, o fogão e a geladeira. Faz falta.”
ENTENDA - O diretor do Sindicato dos Bancários do ABC, Orlando Puccetti Junior – aposentado – conta que, atualmente, as pessoas que se aposentam nas instituições bancárias conseguem manter entre 60% a 70% do salário que tinham antes de pendurar as chuteiras. “Isso graças as contribuições definidas ou previdências privadas.”
Ele conta que quanto menor a remuneração do bancário até a aposentadoria, maior será o benefício. “Já o bancário que recebe R$ 15 mil mensais terá uma defasagem muito maior”, avalia.
CAUSAS - Mesmo com muitos afastamentos por depressão e doenças do trabalho, causadas principalmente pelo assédio moral e metas instituídas – itens que vêm sendo discutidos e mobilizam o sindicato –, o maior número de pedidos de aposentadoria entre os bancários do Grande ABC é pelo tempo de contribuição. “Notamos que as pessoas se afastam muito por ficarem doentes, mas não são causas que levam a pessoa a se aposentar. Apesar de tudo, os funcionários contribuem o tempo total para, enfim, poderem descansar”, pontua Maria da Consolação.
Categoria soma 1,5 milhão de aposentados em São Paulo
O volume de trabalhadores bancários aposentados é bastante expressivo. Segundo o último levantamento da Abaesp (Associação dos Bancários Aposentados do Estado de São Paulo), apenas no município de São Paulo a classe corresponde a 1,5 milhão de pessoas.
De olho no aumento desse contingente, a entidade luta ao longo dos anos, ao lado de outras organizações de aposentados e idosos, pela aprovação de leis que melhorem a realidade dessa categoria. Uma delas é pela aprovação do PL (Projeto de Lei) 4.434/08, que repõem as perdas de mais de 70% dos vencimentos dos aposentados que ganham mais de um salário-mínimo; o PL 3.299/08, que extingue o Fator Previdenciário e o PL 01/07, que prevê o mesmo reajuste para todos os aposentados e pensionistas.
RAIO-X - Hoje, no Grande ABC, estão na ativa 7.300 trabalhadores, entre as 350 agências e postos de atendimento. No ano passado, após convenção coletiva e com base nos novos índices e acordo, o piso salarial de escrituário ficou em R$ 1.519; o vale-refeição em R$ 21,46; a cesta-alimentação paga é de R$ 367,92; e a 13ª cesta-alimentação ficou em R$ 367,90.
A projeção do Sindicato dos Bancários do ABC para a campanha salarial deste ano, cuja data base é em setembro, é de repor a inflação e alcançar o aumento real. Em 2012, a categoria conquistou 7,5%, após nove dias de paralisação nas agências da região.
Fonte: Diário do Grande ABC