Publicado por Redação em Previdência Corporate - 12/11/2014
Previdência aberta cresce entre a nova classe média
Apesar de ainda restrita em algumas regiões mais distantes como Norte e Nordeste, a previdência privada aberta está mais acessível à nova classe média (classe C) a partir da popularização de planos com aportes menores, adquiridos principalmente na Região Sudeste.
"As classes populares puxam o ticket médio mensal para baixo na Região Sudeste, enquanto alguns estados da Região Nordeste, como o Piauí e o Ceará, lideram no valor médio dos aportes, mas ainda é uma base restrita com mais clientes das classes A e B", diz Soraia Fidalgo, gerente de inteligência e gestão de negócios da Brasilprev, Soraia Fidalgo.
Na avaliação da executiva houve uma evolução social nos últimos anos nas classes populares e essas pessoas estão mais conscientes de suas necessidades no longo prazo. "Há uma busca do consumidor por produtos de previdência que tragam disciplina, guardar recursos todo mês", afirma.
Conforme o último levantamento da Brasilprev em sua base de 1,4 milhão de clientes em todo o País, o ticket médio mensal cresceu 12% em doze meses para o valor de R$ 314. Mas há planos no segmento de varejo a partir de R$ 50.
Soraia contou que a maioria dos clientes (70% da base) prefere a modalidade Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL). "O VGBL é indicado para quem faz a declaração no modelo simplicado ou é isento do pagamento de imposto de renda", afirma a gerente.
Outra fatia menor de clientes adota o Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL) voltada para clientes que fazem a declaração do imposto de renda (IR) no modelo completo e conseguem abater até 12% do IR devido. "A média é de 1,4 plano por cliente. Um determinado público utiliza os dois produtos, VGBL e PGBL", diz.
Tabela regressiva do IR
Soraia Fidalgo também contou que 56% dos clientes optam pela tabela regressiva do imposto de renda (IR) ao escolher seu plano de previdência. "É escolha ideal para quem pensa em deixar os recursos aplicados no longo prazo", explica.
De acordo com as normas vigentes, o cliente pode escolher seu modelo tributação na contratação. Na tabela regressiva, alíquota do IR diminui ao longo do tempo. Para resgates em até dois anos, a alíquota é de 35% sobre os ganhos de capital, e para as aplicações que tiverem entre 2 e 4 anos, a alíquota passa para 30%.
Se o investidor permanecer no plano pelo período entre 4 e 6 anos, a alíquota do IR recua para 25%. Se a permanência ficar entre 6 e 8 anos, o IR arrecada 20% dos ganhos.
Esse modelo tributário regressivo passa a ser equilibrado a partir do 8° ano e até o 10° ano com a alíquota de 15% sobre os ganhos de capital, a mesma utilizada em aplicações financeiras comuns (sem benefícios fiscais) a partir de 2 anos de permanência.
A partir do 10° ano de permanência, a tabela regressiva torna a aplicação em previdência muito vantajosa, pois a alíquota do IR recua para apenas 10% dos ganhos de capital.
Num exemplo simples, se uma pessoa conseguiu acumular R$ 314 por mês (ticket médio) por 10 anos num plano de previdência renda fixa, cuja rentabilidade média foi de 10,5% nos últimos doze meses, média projetada de 0,8355% ao mês, alcançaria um patrimônio bruto antes da cobrança do IR de R$ 64,417 mil. Se tivesse optado pela tabela regressiva, seu patrimônio líquido após a cobrança de 10% do IR seria de R$ 57,975 mil.
Já um fundo de renda fixa comum, afetado pela cobrança semestral do IR, o chamado come-cotas, obteria sobre a mesma base de comparação projetada, um patrimônio líquido de R$ 49,923 mil, um rendimento líquido 14 pontos percentuais menor em relação à previdência renda fixa.
Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostram 95,5% dos recursos desses planos estão em previdência renda fixa, um montante de R$ 366 bilhões de um total de R$ 383,1 bilhões até 3 de novembro último.
Imposto progressivo
Já na tabela progressiva, indicada para que utiliza os benefícios fiscais na declaração de ajuste anual do imposto de renda pessoa física, a tributação segue a tabela de IR vigente. As alíquotas progressivas são de acordo com o aumento da renda, entre a isenção até a renda de R$ 1,710 mil, e gradativamente até e a alíquota máxima de 27,5% para quem receberá acima de R$ 4,271 mil mensais em benefícios.
Na prática, a tabela progressiva só é vantajosa para quem tem a intenção ou a necessidade de sair do plano de previdência em um prazo mais curto; ou para aqueles que estejam poupando com o objetivo de receber uma renda mensal que fique na faixa de isenção do IR ou próxima a essa na faixa entre R$ 1,71 mil e R$ 2,563 mil, cuja alíquota não ultrapasse os 7,5%.
Em outras palavras, a opção pela tabela progressiva pode ser interessante para clientes que não possuem previsibilidade para eventuais resgates num caso de uma emergência financeira. E o modelo também pode ser útil para pessoas físicas que calculam que sua previdência privada complementar não será muito robusta quando comparada ao que espera da previdência pública do Instituto Nacional de Seguridade Nacional (INSS).
Perfil do cliente
Segundo a Brasilprev, 57% dos clientes são solteiros, 52% são do sexo masculino e 72,3% têm até 50 anos de idade. "A participação das mulheres está crescendo, em breve, devemos ter o equilíbrio percentual com os homens", diz.
Fonte: revistacobertura.com.br - DCI