Publicado por Redação em Notícias Gerais - 22/07/2011
Preparações da Natura para maior competição no setor prejudicou resultado
SÃO PAULO - Os resultados da Natura (NATU3) não foram bem recebidos pelo mercado - apesar da forte alta de 1,93% do Ibovespa, os papéis da companhia recuaram 4,23%, liderando com folga as perdas do índice - e tampouco pelos analistas, que avaliaram o balanço apresentado como ruim, fato que fez até algumas casas de research a revisar suas recomendações e estimativas para a empresa.
Embora já esperassem uma queda nos resultados da Natura, os analistas Ricardo Boiati e Alan Cardoso, da Bradesco Corretora, ressaltam que os seus números ficaram abaixo do que eles esperavam, sobretudo por conta dos esforços da empresa em expandir suas atividades no mercado internacional - onde as margens são inferiores do que aquelas obtidas no mercado doméstico - e também do aumento de despesas no front interno.
"A companhia prometeu ajustar suas despesas e focar nos ganhos de produtividade em 2011", avaliam Boiati e Cardoso, que não descartam a possibilidade de revisão em suas estimativas para os próximos resultados da empresa após incorporarem os dados reportados na última quarta-feira (20).
Concorrência acirrada
O cenário competitivo é lembrado por Erick Rodrigues e Priscila Tambelli Francisco, do BB Investimentos, como principal fator para o avanço "bastante representativo" das despesas, já que a Natura buscará se preparar para tal momento. O aumento de gastos com abertura de novos centros de distribuição, de novos grupos de CNOs (Consultoas Natura Orientadora) e o incremento no investimento em inovação e projetos estratégicos culminou para que as SG&A (despesas comerciais, gerais e administrativas) crescessem 20,3% em relação ao 2T10, destacam os analistas.
Já Fabio Monteiro, Thiago Duarte e Lucas Suemitsu, do BTG Pactual, acreditam que esse cenário competitivo já está pressionando a empresa, com a O Boticário apresentando um crescimento médio de 20% nas receitas e lançando cerca de 200 novas lojas por ano, além da maior presença das multinacionais, atraídas pela apreciação do real frente às divisas internacionais, fazendo com que a Natura gaste mais em ações de marketing, avaliam.
Além disso, o setor farmacêutico tem adentrado nesse tipo de varejo - tradicionalmente dominado por vendedoras informais, as "consultoras" - com alguns participantes do mercado até provendo apoio a essa prática. O crescimento de Jequiti e Eudora também é ressaltado pela equipe do BTG, já que estes deverão tomar parte das vendas da Natura.
Desaceleração do setor também complica
Rafael Cintra, da Link Investimentos, lembra que o setor tem desacelerado no Brasil, com crescimento de apenas 9,5% nos quatro primeiros meses de 2011, contra 13,5% no período análogo no ano passado. "[Isso] está provocando uma menor diluição dos custos fixos", afirma o analista.
Isso, de acordo com Rodrigues e Priscila, do BB, leva a uma reflexão sobre como o "aumento da competitividade no setor influenciará o avanço nas vendas da Natura", com os analistas notando o avanço de market share da Natura como tentativas de enfrentar o cenário de maior competitividade. Cintra lembra que a empresa tem, para isso, elevado investimentos em marketing e inovações.
Recomendações
Esse cenário fez os analistas do BTG reduzirem o preço-alvo para as ações da companhia de R$ 50,00 para R$ 42,00, o que implica em um potencial teórico de valorização de 57,43% frente ao fechamento de quinta-feira (21). Para eles, os catalisadores necessários para que a ação repique são uma recuperação da receita e a manutenção das margens, o que não deverá acontecer no curto prazo.
A equipe da Planner Corretora, por sua vez, reduziu a recomendação dada às ações NATU3, que passaram de compra para neutra. Aliado aos números negativos, o analista da corretora, Francisco Kops, também alega que os papéis já vinham sendo negociados com múltiplos muito altos, e que empresas nessa situação tendem a ser mais penalizadas em momentos de maior aversão ao risco no mercado.
Já os especialistas do Bradesco mantiveram a recomendação de "market perform" (performance em linha com o mercado), e preço-alvo de R$ 55,30 - upside de 57,43% -, embora os analistas ressaltem que podem vir a ajustar suas estimativas após esse resultado negativo. Já Cintra, da Link, manteve seu call de underperform. Por fim, o BB Investimentos informou que está revisando recomendação e preço potencial para o papel.
Fonte: web.infomoney.com.br 22.07.11