Gostaria de obter informação sobre poupança e previdência. São bons investimentos? Tem algum risco?
Guardar dinheiro, investir é sempre algo bom. Tanto a caderneta de poupança quanto os planos de previdência são boas opções, mas têm objetivos diferentes. A poupança é mais indicada para aquelas pessoas que necessitam de liquidez, em outros termos, para manter o dinheiro para emergências ou para quem tem um objetivo de utilização desses recursos mais no curto prazo. Embora qualquer tipo de investimentos tenha algum tipo de risco, na caderneta de poupança ele é baixo porque este investimento garante todas as aplicações até R$ 70 mil, pelo FGC. Em contrapartida o rendimento não é muito alta.
Com a taxa Selic em 8,5% ao ano ou menos, o rendimento da caderneta de poupança passou a ser 70% dessa taxa mais variação da TR. A grande vantagem é de não haver incidência de tributos ou qualquer outro custo. Em outros tipos de aplicação é preciso pagar IR mais custos de administração. Por outro lado, os planos de previdência, das famílias PGBL e VGBL, são indicados para quem investe pensando na aposentadoria, portanto, seu objetivo é de longo prazo. Estes planos são formas de guardar dinheiro para complementar a renda quando aposentados. A vantagem é que você deposita um pouco por mês, recurso que vai sendo aplicado num fundo, gerido por profissionais, com grau de risco que você escolher. Assim acumula recursos e quando desejar pode resgatar ou retirar um benefício mensal para completar sua renda. Os tributos só serão pagos quando você começar a usufruir desses benefícios.
Com a queda dos juros, o Tesouro Direto ainda é bom investimento? As opções são muitas e as siglas são complicadas. Tenho 28 anos e quero fazer um investimento de longo prazo. Para começar, tenho R$ 6 mil. Qual é a melhor opção?
Vou tentar simplificar um pouco. Há dois tipos básicos: as Letras e as Notas do Tesouro Nacional. As letras são de prazo de vencimento mais curto, atualmente até 2017 entre os títulos vendidos. As notas são de prazo mais longo, vencimentos até 2050. Quanto à correção, esses títulos podem ser pré-fixados ou pós-fixados. Nos pré-fixados o investidor sabe exatamente quanto receberá de juros. São títulos mais indicados para os menos conservadores. Exemplos: as LTN (Letras do Tesouro Nacional) e as NTN-F (Notas do Tesouro Nacional série F). Na categoria dos pós-fixados temos as LFTs (Letras Financeiras do Tesouro), que acompanham a evolução da taxa Selic, e as NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional série B), que rendem juros mais a variação do IPCA. São títulos indicados para os investidores mais conservadores.
No início de junho, o Tesouro Direto adotou novas regras que tornam mais fáceis as aplicações em seus títulos, para o investidor. Principais alterações: a) as compras passam a ser a partir de 10% do valor do título, algo de aproximadamente R$ 70; b) O investidor pode realizar negociações programadas (Comprar / Vender / Reaplicar juros) e, neste caso, o valor mínimo passa a ser de 1% (mínimo de R$30,00); c) o limite máximo de aplicação passa a ser de R$ 1 milhão. A taxa de negociação nas compras programadas foi reduzida de 0,10% para 0,05% do valor, a partir da terceira compra.
Tenho hoje aplicado R$ 100 mil em um fundo DI, com taxa de administração de 1%. Não posso perder dinheiro, pois precisarei dele para complementar a compra de um apartamento num futuro próximo, em três anos. Mas penso em mudar de aplicação para fazer o dinheiro render mais um pouco. Pensei em investir em um fundo de renda fixa com grau de risco médio, taxa de administração de 0,3% e taxa de saída de 1,2% nos dois primeiros anos. Gostaria de saber se essa troca de investimentos seria uma boa opção?
Sim, esta é uma boa oportunidade de troca de seu investimento. Os fundos DI estão rendendo menos porque são basicamente aplicações em Títulos do Tesouro Nacional e com perspectiva de curto prazo. Por outro lado, o Fundo de Renda Fixa deve ter uma performance melhor, com o alerta de que apresenta um grau de risco um pouco mais elevado que o Fundo DI, mas nada que altere substancialmente o seu perfil de risco de seus investimentos. Há, também, a vantagem no seu caso em particular de que a troca será benéfica porque passará a ter o custo menor devido à taxa de administração mais baixa. Como a sua perspectiva de utilização do dinheiro é para daqui a três anos, a existência da taxa de saída nos dois primeiros anos não é um problema efetivo. Somente no caso de você necessitar do dinheiro aplicado em prazo inferior é que haveria incidência da taxa sobre o valor líquido de resgate. Para você se prevenir com relação a necessidades inesperadas de caixa a melhor resposta é um bom planejamento financeiro.
* FÁBIO GALLO É PROFESSOR DE FINANÇAS DA FGV E DA PUC-SP
Fonte: Msn