Publicado por Redação em Notícias Gerais - 16/08/2017
Por que o RH deve se preocupar em criar reputação e não apenas em contratar
Pesquisa mostra que pessoas estão buscando conhecer mais as empresas antes de aceitar uma vaga ou se candidatar. Do outro lado, empresas com boa reputação têm maior chance de atrair e reter talentos
POR BARBARA BIGARELLI
(FOTO: PEXELS)
Área historicamente focada às contratações e resoluções de burocracias, o Recursos Humanos - famoso RH - agora precisa se reinventar e pensar em como cultivar reputação, valor e marca para a empresa e, então, conseguir atrair os melhores talentos. "É essa a área responsável por impulsionar a marca empregadora, por fazer a empresa se manter competitiva, inovar e sobreviver", disse Pedro Waengertner, professor de marketing da ESPM, durante o 2º Fórum Love Mondays de Employer Branding, realizado em São Paulo nesta quarta-feira (02/08).
Uma pesquisa divulgada durante o fórum mostra, porém, que as empresas brasileiras não trabalham para influenciar o modo como são vistas pelas pessoas e no mercado e mais: o que é divulgado não condiz com a realidade. A pesquisa da Love Mondays ouviu 4,7 mil pessoas entre os dias 6 e 17 de julho. 58% das pessoas disseram que sua empresa não faz nenhum tipo de propaganda sobre como é trabalhar nela e 17% afirmaram que o dia a dia de trabalho por lá é, na realidade, é pior do que o que ela demonstra. "A questão é que a reputação é igual cultura, existe quer você queira ou não, existe mesmo que você não seja proativo em defini-la e divulgá-la. Então ou você cria uma marca empregadora forte e influencia diretamente nisto ou alguém, como os funcionários, fará isso por você", diz Luciana Caletti, CEO da Love Mondays.
É uma questão, sobretudo, de atrair os talentos que você precisa - e eles não chegarão apenas através de convocação por processo seletivo. A pesquisa mostra que as informações disponíveis e divulgadas pelas empresas influencia diretamente na decisão de carreira delas. 76% das pessoas disseram que pesquisam sobre a empresa antes de decidirem por uma vaga ou se candidatarem. "As informações hoje disponíveis sobre sua empresa são mais valiosas que suas fábricas e ativos físicos", diz Waengertner. O Google é o primeiro local onde as pessoas buscam essas informações, sendo apontado por 24,5% das pessoas. Seguido do Love Mondays (17,4%), Vagas (16,6%) Linkedin (15,3%), site da empresa (11,2%), Facebook (8%) e Catho (6%).
O que os funcionários buscam
Os especialistas que estudam a área de RH têm comparado o movimento do setor ao da área de marketing. Os candidatos seriam como os novos consumidores, que anseiam por informações mais precisas antes de realizarem uma compra. "Nossa base de dados mostra que 4 a cada 5 funcionários olha avaliações (reviews) quando tomam decisões de carreira", diz Scott Dobroski, diretor de comunicação corporativa do Glassdoor, site de recrutamento e empregos que reúne informações de 580 mil empresas em 190 países. O Glassdoor adquiriu no ano passado o Love Mondays.
Dobroski também afirma, a partir dos dados levantados pelo site, que as pessoas têm buscado mais informações com conhecidos, a partir de funcionários. Ou seja: no famoso boca a boca. "Os dados mostram que os funcionários são vistos como três vezes mais confiáveis do que o CEO da empresa na hora de comentar sobre as condições de trabalho e o dia a dia", diz Dobroski. "Mais do que uma descrição pura e simples da vaga, querem ouvir a perspectiva de alguém". O executivo defende que se a reputação construída é boa e forte, os próprios funcionários irão se sentir incentivados a compartilhá-la, ajudando assim a criar uma marca mais forte, onde as pessoas desejam trabalhar.
E o que eles mais desejam dentro de uma empresa? Salário, Dobroski garante, definitivamente não é o primeiro "benefício" apontado. "A partir de milhões de avaliações, podemos dizer que salário não é o que elas buscam primordialmente", disse. Ao analisar a base de dados do Glassdoor, o executivo listou as três palavras que aparecem nas descrições das empresas com as maiores notas no site: cultura de valor, oportunidade de carreira e liderança sênior. Neste último aspecto, as pessoas aspiram ter um chefe ou líder que comunica o que faz, que converse com elas todos os dias e que propicie um trabalho que as faça se sentir motivadas. É isso que as fará se sentirem atraídas por uma empresa e a permanecerem lá. "Eu não sei qual grande ideia vai surgir amanhã, mas se você tiver um talento dentro de casa irá sentirá menos ameaça", diz Dobroski.
Fonte: Época Negócios