Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 17/10/2016

Planos de saúde devem custear tratamento multiprofissional

Especialistas pedem atenção aos impostos na hora de fazer os resgates das previdências privadas. Crédito: Marcos Santos/USP Imagens

 

Pessoas com o transtorno do espectro autista demandam acompanhamento de vários profissionais ao longo da vida, como terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, psiquiatra, psicólogo e neurologista, entre outros. Porém, a consulta com alguns médicos habilitados para tratar os vários aspectos da síndrome é muito cara e, na maior parte dos casos, os profissionais não estão vinculados às redes de planos de saúde. Mesmo assim, a operadora deve custear o tratamento.

O direito ao tratamento multiprofissional é assegurado pela Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, instituída pela lei nº 12.764/2012. A norma determina também que o portador do transtorno não será impedido de participar de planos privados de assistência à saúde em razão de sua condição de pessoa com deficiência, conforme dispõe a lei nº 9.656/98, que regulamenta planos e seguros privados de assistência à saúde.

Os profissionais indicados para assistir pessoas com o transtorno do espectro autista e outras deficiências são certificados em métodos como o Bobath, ABA e Teacch, por exemplo. “Não há profissionais certificados nesses métodos vinculados às redes de operadoras de saúde, porque são caros. Quando um neuropediatra indica o tratamento e a mãe do autista pede autorização ao plano, isso é negado. Por isso, existe a necessidade de entrar na Justiça. O tratamento deve ser custeado por fora pelo plano”, explica a advogada Carolina Guimarães, do escritório Queiroz & Guimarães.

O diretor do Instituto Apolo em Defesa da Vida e da Saúde, Diogo Santos, complementa: “As operadoras que custeiam limitam a quantidade de terapias necessárias. O limite de sessões é absolutamente ilegal, o plano não pode interferir na prática médica”. A entidade presta assistência jurídica a usuários de plano de saúde.

A técnica em saúde bucal Lena Pinheiro só conseguiu o tratamento para seu filho, João, 8 anos, após entrar na Justiça. Antes, gastava R$ 2 mil por mês com terapia. “Quando João tinha dois anos e sete meses, recebeu o diagnóstico do transtorno do espectro autista. Pagamos terapia até os sete anos. Os médicos especializados não são conveniados. A decisão saiu rápido e trouxe alívio no bolso”, afirma a mãe.

Embora os autistas sejam protegidos por uma política exclusiva, pessoas com qualquer tipo de deficiência têm direito ao tratamento específico. “Toda pessoa especial tem direito ao tratamento multiprofissional. O plano de saúde é obrigado a custear em caráter de necessidade”, afirma Carolina Guimarães, que já ajudou 100 mães a garantirem tratamento para filhos com deficiência.

 

A enfermeira Danielle Alves, mãe de Marina Olívia, 3 anos, diagnosticada com síndrome de Angelman, também conseguiu o benefício. “Tive que recorrer à Justiça para que o plano pagasse os profissionais capacitados a atender a minha filha. Isso foi uma vitória. Por causa da síndrome, ela não conseguia sentar, erguer a cabeça ou falar. Desde fevereiro ela recebe o tratamento adequado e hoje já está quase andando”, comemora.

A Associação Brasileira de Planos de Saúde diz que orienta suas associadas a prestar o melhor atendimento a seus beneficiários. Além disso, reconhece o direito legítimo do cidadão de recorrer a vias legais. Entretanto, pondera que é preciso que haja mais critério do Judiciário na avaliação de tais demandas judiciais. Acrescenta que antes de partir para uma ação judicial, é preciso considerar outros recursos, como aumento da mediação e mecanismos para conciliação.

Fonte: Jornal do Commercio


Posts relacionados

Saúde Empresarial, por Redação

Cresce número de usuários, mas operadoras reduzem leitos

Números divulgados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mostram que, ao longo dos últimos três anos, ao mesmo tempo em que aumentou o número de usuários do setor de saúde privada, houve diminuição do número de leitos.

Deixe seu Comentário:

=