Publicado por Redação em Previdência Corporate - 02/12/2011

Planos de previdência para crianças custam a partir R$ 25 por mês

A vida universitária de Kátia Regina, hoje com 32 anos, foi muito parecida com a de diversos jovens da classe média brasileira. Tanto com os de sua época, no fim dos anos 1990, como com os de agora. Por cursar uma faculdade privada, precisou bancar os próprios estudos. Para isso, trabalhava durante o dia e, à noite, ia às aulas.

Formou-se em processamento de dados, área na qual também atua. Mas para seu filho, Kauê, de dois anos, espera que essa etapa seja mais fácil. Logo que ele nasceu, Kátia contratou um plano de previdência privada para o garoto. “Escolhi a previdência porque oferece um rendimento melhor que o da poupança”, diz.

O plano contratado para Kauê é um dos produtos que as seguradoras oferecem com foco exclusivo aos menores. Na estrutura, são exatamente iguais aos dos adultos. Ou seja: ou são PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) ou VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre). O que muda é a abordagem aos clientes. Enquanto os produtos aos adultos estão focados em garantir uma renda para a aposentadoria, os planos para menores visam facilitar a acumulação de recursos. “Não há a expectativa de aposentadoria, mas sim de reserva”, explica Américo Gomes, diretor-executivo da Bradesco Vida e Previdência.

É crescente o número de pais e mães, como Kátia, que buscam a previdência para construir uma poupança aos filhos, segundo a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi). Entre janeiro e agosto, os planos direcionados para menores de idade tiveram aportes de R$ 1 bilhão, expansão de 20,43% sobre os recursos captados no mesmo período de 2010.

Se esses planos são apenas um instrumento para acumular recursos, por que optar por eles e não por investimentos tradicionais, como  poupança? Sandro Bonfim, gerente de inteligência de mercado da Brasilprev, explica que o plano para menores traz embutida a visão de longo prazo, favorável para o investimento em fundos de previdência. “Esses planos permitem começar a poupar cedo, facilitando maximizar o retorno dos investimentos”, explica.

Esse tipo de plano é voltado especialmente para jovens de até 21 anos. Carolina Molla, diretora técnica de seguros de pessoas e previdência da Sul América, afirma que, com o tempo maior, é possível acumular boas somas de recursos com depósitos menores. Há planos no mercado a partir de R$ 25 e R$ 50. “São valores acessíveis à maior parte da população”, diz. Para a previdência do Kauê, por exemplo, Kátia destina R$ 110 todos os meses.

Várias instituições oferecem planos específicos para esse público. Entre elas, a Brasilprev, a Bradesco Vida e Previdência, a Itaú Vida e Previdência e a Sul América. Em cada uma delas, os produtos são similares. O que os diferencia são as estratégias adotadas por cada seguradora. “Já que a acumulação dos recursos é igual, os planos buscam se diferenciar com adicionais, como seguros”, diz Mizael Vaz, da Icatu Seguros.

Esses seguros, mencionados por Vaz, consistem no compromisso da seguradora em manter os depósitos previstos, dentro do período programado, no caso de morte e invalidez do contratante. Porém, explica Carolina, da Sul América, os valores dessas coberturas - que são somadas às contribuições - variam de acordo com a idade de quem contrata. Ou seja: quanto mais jovem é o contratante, menor será o desembolso.

Ter a certeza de que o recurso será mantido, no caso de imprevistos, foi um dos fatores que fez com que Denis Seiji presenteasse seu sobrinho, Felipe, com um plano de previdência privada. “Se algo acontecer comigo durante a vigência do plano, sei que há um seguro que garante esses recursos até que ele seja maior de idade”, explica.

O presente foi dado no aniversário de um ano do Felipe, no mês de janeiro. Desde então, Seiji tem contribuído com R$ 50 mensais. Mas outros tios e os avós, conta Seiji, gostaram da ideia e também estão fazendo depósitos esporádicos. “O legal é que esses recursos são para que o próprio Felipe utilize no futuro, como quiser”, diz.

Seiji também espera que o sobrinho opte por investir o dinheiro em estudos, assim como Kátia, a mãe do Kauê. Eles não são os únicos. Pesquisa realizada pela Sul América com clientes indica que educação é o que mais preocupa pais e responsáveis, assim como saúde. Cada um desses itens foi indicado por 36% dos entrevistados. Alimentação vem a seguir, apontada como prioridade por 17% dos abordados na pesquisa. Os outros 11% assinalaram questões como bem-estar, estabilidade profissional, moradia e drogas.

Por detectar essa demanda, a Sul América concebeu o Educaprevi, plano de previdência para menores que também oferece um serviço online de assistência escolar. Os clientes têm acesso a um portal exclusivo, com conteúdo didático que vai desde atividades lúdicas para crianças não-alfabetizadas até simulados para vestibulares. Carolina afirma que somar produtos aos planos, como fizeram no Educaprevi, é uma estratégia que tende a ser adotada por outras seguradoras. Afinal, como o mercado segue regras que se refletem em padronização dos produtos, a diferenciação entre eles fica por conta dos serviços oferecidos. “Mas a criatividade não pode ferir a regulação, prejudicar o cliente ou encarecer o produto”, diz. “Nada adianta ter o melhor produto sem ter melhores taxas, rentabilidade e serviços”.


Como os planos aos menores têm o formato de um PGBL ou de um VGBL, o tratamento tributário é o mesmo. Por isso, quem escolhe um PGBL pode deduzir as contribuições do Imposto de Renda até o limite de 12% da renda bruta. Porém, é uma condição prevista quando o contratante do plano são os pais. “O abatimento é permitido apenas quando o beneficiário do plano é um dependente direto”, explica Bonfim, da Brasilprev. Por isso, recomenda, quando o plano é adquirido por avós, tios ou padrinhos, o mais indicado é optar pelo VGBL.

Denis, no entanto, nem pensou nessa questão quando adquiriu o plano ao sobrinho. Tanto que já está se programando para fazer um novo plano de previdência. É que mais um sobrinho está a caminho, com nascimento previsto para maio. “Espero que esses meninos tenham uma educação financeira bem melhor do que a que eu tive”, diz. “Isso é o que vai fazer com que saibam administrar esse dinheiro, para que tenham um futuro legal”.

Fonte:http://economia.ig.com.br|02.12.11


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