Publicado por Redação em Notícias Gerais - 22/09/2011
Pessimismo global faz Bolsa cair 3%; dólar vale R$ 1,87
O nervosismo do investidor com a crise internacional mantém o dólar com forte alta e a Bolsa de Valores no campo negativo.
A divisa americana é negociada por R$ 1,870, em um aumento de 0,26%. A taxa cambial já atingiu R$ 1,960 logo pela manhã, mas cedeu após uma nova intervenção do Banco Central. A autoridade monetária realizou o equivalente a uma operação de venda de moeda, mas no mercado futuro, justamente o segmento de negócios que tem pressionado os preços do dólar.
Já o Ibovespa, o termômetro da Bolsa brasileira, recua 3,07%, aos 54.261 pontos. O giro financeiro é de R$ 2,29 bilhões, relativamente alto para o horário.
A Bolsa brasileira acompanha o tom negativo visto nas demais praças financeiras. Na Europa, as principais Bolsas sofrem perdas de 4,37% (Londres), 4,35% (Paris) e 4,36% (Frankfurt).
Nos EUA, onde os mercados abriram há pouco, a Bolsa de Nova York tem forte desvalorização de X%.2,61
Além da preocupação com a crise europeia, analistas ainda apontam a frustração dos investidores com o plano anunciado ontem pelo banco central dos EUA (o Federal Reserve) para reestimular a economia.
Muitos esperavam uma proposta mais ousada que a operação de US$ 400 bilhões. E outra parcela reagiu mal ao aviso dessa autoridade monetária, que alertou para os 'riscos significativos' da economia americana.
PERSPECTIVAS
O analista gráfico da XP Investimentos. Gilberto Coelho, enxerga patamar dos 54.100 pontos como o próximo "fundo" da Bolsa, que já foi testado hoje. "Se romper esse nível de preços, provavelmente o Ibovespa deve ir para os 52 mil, 51.800 pontos", comenta.
A análise gráfica, ou técnica, busca identificar níveis de preços que indiquem uma mudança de tendência consistente para o mercado de ações. Em agosto, por exemplo, o patamar dos 48 mil pontos foi visto como um "suporte" para a Bolsa, que bateu nesse valor e subiu pelas semanas seguintes até a faixa dos 55 mil e 57 mil pontos.
Para que a Bolsa reverta a tendência de baixa predominante seria preciso que o índice Ibovespa voltasse a oscilar na marca dos 58 mil pontos, diz o profissional da XP."A partir desse ponto, nós poderíamos ver a Bolsa tentando atingir os 65 mil pontos".
Esse patamar era a projeção para a Bolsa de boa parte do mercado para o final de ano. Mas com a volatilidade atual, esse prognóstico está sob revisão.
DÓLAR MAIS CARO
Há vários fatores apontados por analistas do mercado para (tentar) explicar a disparada dos preços: o medo de um calote da Grécia (e os efeitos nocivos desse evento para o sistema bancário europeu); a perspectiva de juros ainda mais baixos nos próximos meses (o que reduz o apelo para que grandes investidores estrangeiros migrem capital para cá), e finalmente, movimentos especulativos, executados no mercado futuro de moeda, mas que afetam os preços no segmento à vista.
Em um cenário internacional de maior incerteza, tradicionalmente investidores correm para os chamados 'portos seguros': o dólar e o ouro.
A commodity metálica é um refúgio histórico para aqueles que buscam se proteger contra as turbulência da economia mundial. Já o dólar é a moeda em que os ativos mais seguros do planeta são negociados: os títulos do Tesouro dos EUA.
Por outro lado, economistas também destacam vários motivos que podem levar a taxa cambial a mudar de rota no curto ou no médio prazo: as reservas internacionais robustas do país,e o controle dos gastos públicos, o que reforça a credibilidade do país como alternativa viável para o capital externo; além do fato de que os juros brasileiros, apesar do 'viés de baixa' percebido pelo mercado, ainda seguem como os mais altos do planeta.
Por enquanto, no entanto, a volatidade ainda deve mandar nos mercados: conforme as autoridades europeias já indicaram uma solução para o imbróglio grego não deve aparecer antes de outubro. Por esse motivo, acreditam, a taxa cambial deve continuar pressionada.
Fonte: www1.folha.uol.com.br | 22.09.11