Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 07/06/2017
Perspectivas para o setor de saúde privada no Brasil
Pesquisa realizada em 2014 pelo Instituto Datafolha a pedido do Conselho Federal de Medicina (CFM) revelou que 87% dos participantes declararam insatisfação com os serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O levantamento foi feito com 2.418 pessoas de mais de 16 anos, oriundas das cinco regiões do país. O cenário que se apresenta faz com que o acesso aos planos de saúde seja uma das demandas mais proeminentes da população brasileira.
No entanto, apenas no primeiro semestre deste ano, por exemplo, o setor, de acordo com a Agência Nacional da Saúde (ANS), perdeu 910 mil usuários, em grande parte pessoas que perderam o emprego com o benefício. Há ainda outro agravante para o segmento: trata-se da inflação médica, que cresce ano após ano acima da inflação econômica. Envelhecimento da população brasileira, evolução da tecnologia da medicina, ineficiência na prestação de serviços, inclusão pela ANS de novos procedimentos obrigatórios no rol de cobertura das operadoras, são os principais fatores que impulsionam o aumento do índice. Então, o que esperar do futuro?
Infelizmente, o crescimento do setor responde diretamente ao comportamento da economia, especialmente aos indicadores de emprego, produção das empresas e rendimento médio dos trabalhadores, que está cada vez menor. Então, se a economia derrapa, como vem acontecendo há anos por aqui, o efeito é devastador.
Na busca por uma saída, as operadoras, em um trabalho conjunto com as corretoras, possuem a missão de buscar estruturar e modernizar a gestão, estudando meios e alternativas para conter a alta dos custos, além de trabalhar para coibir fraudes, incentivar novos modelos de remuneração, e estimular o uso racional dos planos de saúde.
Outro tópico que merece atenção é a questão do desperdício, visto que, de acordo com a ANS, 30% dos pacientes não buscam o resultado de exames. Evidentemente, tal prática onera as operadoras, laboratórios, beneficiários e, consequentemente, o setor como um todo. Portanto, é um trabalho de comunicação e conscientização que deve ser realizado em conjunto, para que os usuários também contribuam e evitem essas práticas.
Também é preciso que os players do setor da saúde procurem por soluções no segmento corporativo, já que plano empresarial representa, aproximadamente, 67% do total de beneficiários, segundo a ANS. Pelo fato de ser o benefício mais valorizado pelos trabalhadores brasileiros, as empresas não querem, e nem devem, deixar de oferecer o plano de saúde.
Uma alternativa está no investimento na medicina preventiva, que, além de controlar os custos dos planos de saúde, contribuem, efetivamente, para uma melhoria na qualidade de vida dos trabalhadores, no aumento da produtividade da mão de obra e no controle de custos com o plano de saúde.
Marcelo Alves, diretor da Célebre Corretora
Ainda destaco a necessidade de fazer uma boa gestão da saúde da empresa, o que vai muito além da simples troca da operadora de plano de saúde, solução adotada por muitas companhias ainda hoje. Uma gestão da saúde significa buscar informações mais detalhadas sobre a utilização do benefício, avaliar o perfil dos empregados e identificar os doentes crônicos. Visando a redução de custo com o benefício, as empresas podem contar com corretoras dos planos de saúde, que devem atuar como uma consultoria, evitando que as organizações paguem por coberturas desnecessárias ou que adquiram planos insuficientes para o perfil do quadro funcional.
Acredito piamente que os caminhos para o setor de saúde privada devem ser de transparência, viabilidade econômica e do respeito à legislação. Isso exige debate amplo com todos os envolvidos, em busca de soluções concretas para ampliação do acesso e com foco no combate aos desperdícios e gastos excessivos. De todo modo, confio na retomada do crescimento do setor ao longo dos próximos anos, seguindo a recuperação de indicadores macroeconômicos, geração de emprego e renda. Marcelo Alves é especialista em planos de saúde e seguros e diretor da Célebre Corretora, empresa com 20 anos de atuação no segmento.
Fonte:Revista Cobertura
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