Publicado por Redação em Gestão do RH - 20/07/2023
Para ter times inovadores é preciso garantir segurança psicológica
Como inovar em um ambiente de negócios cada vez mais complexo, no qual a busca por resultados é primordial?
Daniella Brissac é Vice-presidente de Marketing Brasil e CCX para a América Latina na Kenvue
Recentemente recebi esta pergunta ao participar de um evento com outras lideranças femininas. Em minha resposta, refleti dizendo que um ótimo começo é nos esforçarmos para garantir um ambiente saudável para todos os colaboradores. Trabalhar com segurança psicológica é saber que você encontrará empatia em todos os fóruns que participar, que não será ridicularizado ou punido por expor suas ideias e crenças ou até mesmo ao falar abertamente sobre erros. Pode parecer simplório e até básico, mas vocês não fazem ideia do quão difícil é encontrar ambientes que funcionam dessa maneira.
Então, será que, como líderes, estamos fazendo o possível para garantir um ambiente mais seguro, com colaboradores engajados e propensos a inovar? Uma pesquisa do Instituto Internacional em Segurança Psicológica (IISP) nos revela o tamanho do desafio: mais de 74% dos entrevistados afirmaram trabalhar em empresas que nunca desenvolveram qualquer projeto com foco no cuidado com a saúde mental.
Apesar de ser uma questão complexa, alguns caminhos podem ajudar. A começar, por estabelecer uma liderança menos vertical. A hierarquia pode até existir no papel, mas a forma como lidamos com nossos times e equipes, sem dúvida, precisa ser mais fluida e próxima, independente do cargo ocupado. Outros detalhes também precisam fazer parte do nosso dia a dia, como promover uma conexão e uma comunicação mais direta, mantendo conversas abertas e fazendo o máximo para evitar julgamentos.
Outro insght bastante poderoso é praticar a escuta ativa, ou seja, estar presente durante uma conversa, seja ela qual for. Computadores e celulares usados como multitarefas, além de dar a impressão que a pessoa e o tema não são prioritários, muitas vezes deixar as reuniões mais longas e improdutivas. Também precisamos estar mais preocupados em ouvir, do que necessariamente responder.
Um ambiente seguro também nos abre para mostrar as nossas próprias vulnerabilidades. Afinal, ser líder não significa que não podemos ter medos ou que devemos saber todas as respostas. E isso também dá amplitude para que a equipe esteja confortável em trazer seus receios, falar sobre os desafios de forma mais aberta e, assim, criar um ambiente de conversas em que o líder e o liderado se ajudam em seu dia a dia, no que considero o real significado da palavra parceria.
Mas não se enganem. A teoria pode parecer mais fácil que a prática, mas adotar comportamento pode ser uma barreira para algumas pessoas – seja o líder que não tem um olhar amplo sobre o benefício que isso traz para seu perfil de liderança, seja o liderado, que não está acostumado a se abrir tanto. A verdade é que esse tema precisa ser tratado com mais profundidade, com treinamentos, pesquisas e avaliações que nos permitam entender os resultados e, quando necessário, ajustar a rota. Há hoje no mercado profissionais certificados que ajudam as empresas e seus colaboradores a destravarem essa cultura, além de literatura que aborda esse tema e que pode ser um começo.
É preciso muita disciplina e resiliência para levar essas ações adiante. Mas o fato é que a realidade atual mostra que o centro de nossas preocupações tem mudado. Agora, critérios como conhecimento, felicidade, equilíbrio e bem-estar entram nos cálculos das nossas escolhas. Faz sentido estar onde estamos ou fazer o que fazemos?
No livro “O Poder dos Times AAA”, de Caroline Marcon e Paul O’doherty, há uma citação importante para todos os que lideram ou tem o sonho de liderar: “a chave para o desenvolvimento de um time executivo é a disciplina e a prática regular de uma dinâmica de aprendizagem coletiva”. Isto é, nós temos que aprender não apenas sobre o trabalho em si, mas sobre as necessidades do colaborador, um olhar individual e qual o melhor caminho para ter uma equipe saudável.
O trabalho deve ser prazeroso e é nossa missão torná-lo uma experiência positiva para todos. De nada adianta realizar campanhas sobre saúde mental para o público externo e os funcionários estarem à beira de um colapso. Por isso, promover a segurança psicológica dos colaboradores é um movimento global que deve ser abraçado por todos os líderes empresariais. Ao priorizar a segurança, criamos um ambiente de trabalho no qual os funcionários se sentem valorizados, engajados e motivados.
Como líderes, temos a oportunidade de impactar positivamente a vida de todos os membros da empresa e construir organizações seguras e bem-sucedidas em escala global. Eu entendo a importância de fornecer as ferramentas necessárias para que as pessoas ao meu redor sintam confiança para expressar opiniões, compartilhar ideias e experiências. E isso é real e genuíno, como precisa ser. Te convido a fazer o mesmo pela sua equipe. Conte comigo nessa missão.
Fonte: Mundo RH