Publicado por Redação em Mercado - 06/10/2021
Pandemia acelerou transformação digital e cultural das empresas, dizem especialistas
A transformação digital acelerada pela pandemia de Covid-19,e seus impactos na cultura das empresas foram temas de um workshop promovido pela XP na conferência online “Juntos 2021: inspirando, desenvolvendo e conectando talentos negros”, organizada pela consultoria McKinsey neste final de semana.
O painel “A transformação digital é uma transformação cultural” contou com as participações de Wesley Miquelino, gerente de ESG da XP, e Caroline Becker, gerente da transformação da companhia.
Miquelino definiu o conceito de “cultura” como o conjunto de premissas que direcionam comportamentos, atitudes e a tomada de decisões dentro das empresas.
São princípios “intangíveis”, mas que se manifestam na forma da estrutura organizacional da companha – hierarquizada ou horizontal – e nos processos – como é a interação entre as áreas, se há interdisciplinaridade e como as decisões são tomadas.
Eles se manifestam também como elementos tangíveis, como a aparência e a disposição das instalações físicas. Salas individuais para diretores e baias fechadas para funcionários indicam uma estrutura hierarquizada; já espaços abertos apontam para uma organização mais horizontal.
A cultura não é monolítica, pode mudar por diversos fatores, por demandas do mercado ou alterações na própria estratégia da empresa. A transformação da cultura corporativa costuma ocorrer quatro etapas, segundo Miquelino: definição de objetivos, identificação de prós e contras, ajustes de mecanismos como os processos internos e implementação.
A última é a mais difícil. “Nesse momento, a coerência é fundamental”, afirmou.
Trabalho remoto
A adoção cada vez maior de ferramentas digitais é um fator significativo de transformação, conforme a pandemia tornou evidente. A Covid obrigou as empresas a passarem direto à implementação, frente a fatores externos e imprevisíveis.
“Alguns elementos de reforço da cultura deixaram de estar disponíveis. O escritório dizia muita coisa”, observou Miquelino.
Além da aparência do local de trabalho, ele citou o contato direto entre os colegas, o processos de integração – profissionais contratados durante a pandemia não conhecem seus pares pessoalmente – e até interações informais, como a hora do cafezinho ou a happy hour. “São processos de reconhecimento que se perderam e precisaram ser substituídos nas corporações”, comentou o executivo.
Caroline acrescentou que a transformação digital já era a “grande protagonista” da busca das empresas por mais agilidade como vantagem competitiva, além da capacidade de adaptação a novos cenários e estruturas mais horizontais, com maior autonomia nas tomadas de decisão. “A pandemia é um super exemplo de adaptação”, disse.
Em pouco tempo, as empresas e as pessoas tiveram de se adaptar ao modelo de trabalho remoto que, mesmo com o arrefecimento da Covid, deve seguir 100% ou parcialmente, dependendo da organização.
Esse processo ainda está em andamento e vai demandar muita sintonia até ser encontrado um balanço saudável entre casa e trabalho. Se os profissionais em trabalho remoto não perdem mais tempo com transporte e podem se dedicar mais a afazeres pessoais, a barreira entre vida pessoal e profissional ficou mais fina.
Conselhos para o home office
Nesse sentido, Becker deu alguns conselhos para quem está trabalhando em casa.
Em primeiro lugar, uma boa infraestrutura é essencial: computador, fones de ouvido, sinal de internet e um espaço que garanta posição confortável para o trabalho.
Depois é preciso fazer ajustes na rotina, para separar o pessoal do profissional. “É colocar o combinado na mesa”, destacou a gerente. Ou seja, lembrar e cumprir os horários combinados.
Ir ao trabalho, circular pela empresa, sair para almoçar são atividades físicas. Em casa, isso não acontece. Ela sugere a realização de exercícios. Comer e ingerir líquidos. Sozinhos, tendemos a não prestar tanta atenção em pausas para almoço ou intervalos.
Disciplina é a palavra-chave, pois em casa há também muitas distrações, como filhos, animais, TV, troca de mensagens com amigos etc.
Becker recomenda a Técnica Pomodoro, que consiste em alternar 25 minutos de trabalho com cinco de pausa por quatro vezes consecutivas, sendo que na última a pausa deve ser maior, de até 15 minutos.
Para ela, esse modelo induz disciplina e evita que a pessoa se ocupe com diferentes coisas ao mesmo tempo.
Outra dica é usar as ferramentas de comunicação da empresa para de fato se comunicar com os colegas, pois o trabalho remoto limitou as interações. A ideia é marcar conversas individuais, conhecer as pessoas e trocar ideias.
A empatia é importante: é preciso lembrar que do outro lado está uma pessoa passando pelos mesmos problemas.
Nas reuniões, convidar somente quem precisa, se preparar, evitar muitos tópicos, assumir responsabilidades e definir os próximos passos. É importante respeitar os horários, pois a tolerância a atrasos tende a ser menor em conversas online.
Fonte: InfoMoney