Publicado por Redação em Revista - 06/11/2012

Oportunidades e desafios da Saúde Suplementar

Atualmente o  desenho do futuro dos planos de saúde no Brasil já está traçado. O mercado é altamente regulado, com múltiplas exigências financeiras e um rol de procedimentos obrigatórios, ampliado a cada dois anos. Por isso, nos próximos anos, até 20 ope- radoras deverão concentrar mais da metade do mercado brasileiro, majoritariamente por meio de planos coletivos, com destaque para os empresariais. Segundo o relatório “Foco Saúde Suplementar”, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em dezembro do ano passado as dez maiores operadoras de planos de saúde detinham 32% dos 48 milhões de clientes da assistência médica privada. No âmbito nacional, 32 operadoras eram responsáveis pela metade das vidas atendidas. A gestão das empresas ativas terão  de ser aperfeiçoadas, pois haverá ainda menos margem para erros. Qualquer falha comerá toda a lucratividade das operadoras, que hoje dificilmente chega a 4% por ano. Para permanecer na saúde suplementar será fundamental aprofundar o que já é feito hoje: investimentos em recursos próprios (especialmente hospitais), em tecnologia da informação (para melhorar o atendimento a clientes e beneficiários), em mobilidade (que viabilize, por exemplo, marcação de consultas por smartphones e tabletes) e em medicina preventiva.

Ainda não há uma resposta para a pergunta que tira o sono dos dirigentes das operadoras: como atender bem os idosos sem aumentar a sinistralidade (custo do atendimento)? Em 2020, daqui menos de oito anos, o Brasil terá 30 milhões de habitantes com 60 anos ou mais. Eles serão consumidores relevantes, em função da poupança realizada ao longo da vida. Muitos viverão duas ou três décadas na terceira idade, e demandarão exames mais sofisticados, medicamentos inovadores, intervenções cirúrgicas com tecnologias extremamente avançadas. O valor dessa longevidade é fácil de aquilatar, porque todos gostaríamos de viver muito, com saúde e renda suficientes. O custo, contudo, está longe de ser quantificado. Para o futuro é possível prever implantes que devolverão a mobilidade, a audição ou a visão aos pacientes, e que parecerão milagres na luz do dia. De quanto  será este custo?

A ciência já especula, por exemplo, que células-tronco localizadas atrás da retina (onde se formam as imagens ou a visão traduzida pelo cérebro) poderiam ser as chaves para curar a cegueira. O físico inglês, Stephen Hawking, está testando um aparelho, iBrain, que, se funcionar, permitirá se comunicar por meio da mente, sem mover um único músculo. São só amostras do que virá pela frente, para melhorar a vida de milhões de pessoas.

Certamente os governantes não terão como bancar todos os transplantes, medicamentos oncológicos de última geração e exames neurológicos que se multiplicarão com o envelhecimento dos brasileiros. A parceria público-privada, então, será essencial para que a saúde evolua e chegue a maioria da população brasileira, independente da renda, faixa etária ou classe social.


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Mohamad Akl é médico ginecologista e obstetra, e presidente da Central Nacional Unimed.


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