Publicado por Redação em Previdência Corporate - 12/12/2012
Opção por renda fixa ou variável é dilema na hora da previdência
Na hora de escolher o perfil do plano de previdência privada, o investidor enfrenta vários dilemas: fundos de renda fixa (escolha mais conservadora, embora ainda tenha risco), multimercado sem renda variável (médio risco) e multimercados com maior ou menor parcela de ações. Ou seja, o risco cresce com o tamanho da parcela aplicada em renda variável. E o investimento pode perder ainda para a inflação.
Especialistas sugerem que o investidor escolha o tipo de fundo baseado no quanto está disposto a enfrentar em oscilações até receber o investimento de volta e no quanto pode ainda contribuir até se aposentar. Quanto mais tempo de vida para contribuir, mais vale a pena correr risco, aplicando maior fatia em renda variável, defendem os especialistas.
"O investidor deve comparar taxas de carregamento e taxa de administração na mesma categoria. E fazer, junto a uma instituição financeira, uma análise que identifique a propensão dele em assumir riscos. A partir de 45 a 50 anos, a proporção do fundo aplicada em renda variável deve ser no máximo de 15% a 20% do portfólio (do fundo), porque esse investidor já está mais próximo do período de começar a resgatar os recursos", sugere José Roberto Savoia, professor de finanças da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP)
Os fundos de previdência podem ter no máximo 49% dos recursos aplicados em renda variável. Seja qual for a escolha, Savoia recomenda a pesquisa do desempenho do fundo para saber se o gestor conseguiu entregar resultados acima da média da indústria. "Recomendo sempre que o investidor busque uma instituição com bom histórico de performance na renda variável, porque esse desempenho pode ser indicativo de uma habilidade desse gestor superior em selecionar as ações mais interessantes."
Um estudo feito com exclusividade pela consultoria financeira NetQuant mostra que os fundos multimercados sem renda variável tiveram o maior rendimento acumulado em 2012, até o dia 23 de novembro, de 9,62% no ano, entre as cinco classificações consideradas no levantamento. O segundo maior rendimento acumulado no ano ficou com os fundos multimercado que aplicam de 30% a 49% dos recursos em renda variável, com ganho acumulado de 8,33%, na classe considerada mais arriscada da indústria.
Mas os fundos mais conservadores, de renda fixa, não apresentaram resultados ruins. Acumulam ganho médio de 7,87%, à frente dos multimercados com até 15% dos recursos em ações, que renderam 6,90%, e dos multimercados com uma parcela de 15% a 30% em renda variável, que ofereceram ganho de 6,10%.
Para Marcelo Nazareth, sócio-diretor da NetQuant e coordenador do estudo, os bons desempenhos dos fundos de renda fixa e de fundos multimercado sem renda variável são, em boa parte, reflexos da valorização que sofreram os títulos públicos com rendimento atrelado à inflação, os NTN-Bs, que tiveram maior procura na medida em que a taxa Selic entrou em declínio desde o ano passado.
"Esses títulos públicos vinculados à inflação tiveram rentabilidade excepcional neste ano e são todos de longo prazo", diz o especialista em previdência.
Variável costuma remunerar mais
Roberto Montezano, professor de finanças do Ibmec-Rio, lembra que a literatura de pesquisa econômica mostra que fundos com maior diversificação de ativos - como os que aplicam mais em renda variável - costumam apresentar rendimento superior aos de renda fixa. Mas, claro, isso não é regra.
"Em média, ao longo de décadas, fundos com maior diversificação entre renda variável costumaram remunerar mais nos países desenvolvidos do que os fundos de renda fixa. Mas nada é garantido. Vamos supor que o Brasil daqui a 30 anos vire uma Coreia do Sul: quem tiver renda variável vai se dar muito bem. Mas e se o país travar de novo como na década de 80? Aposentadoria de longo prazo não é algo sem risco", destaca Montezano.
Ele considera que o bom desempenho dos fundos está atrelado ao crescimento da economia brasileira. Ou seja, o desenvolvimento afeta os lucros das companhias abertas e, por consequência, a distribuição de dividendos aos acionistas.
"Olhar o que aconteceu nos últimos meses não é correto para aplicação de previdência. Um cara de 30 anos tem o horizonte de mais 30 anos para investir e tem que levar em conta o crescimento de longo prazo do país. Com uma carteira diversificada, no longo prazo, ele consegue acompanhar o crescimento do país, porque vai se beneficiar dos dividendos das empresas", opina o professor.
Os economistas são unânimes na leitura de que a era dos juros baixos no Brasil veio para ficar, o que empurra os investidores a correr mais risco, na renda variável, se quiserem retornos mais elevados. Mas também torna imprescindível a busca por fundos com baixas taxas de administração, inferiores a 1,5% ao ano, e de carregamento (que podem até ser isentos), porque limitam os rendimentos.
O consultor patrimonial e professor da Fipecafi, Silvio Paixão, destaca ainda que os fundos de previdência podem até nem ser as melhores opções para investir dinheiro para a aposentadoria. Como é uma escolha de longo prazo, também é importante ficar atento à evolução mensal dos rendimentos, para, se for o caso, trocar de seguradora ou escolher produto mais rentável. "Não se pode deixar de monitorar os investimentos", defende Paixão.
Fonte: Terra