Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 01/02/2012
O que é gestão de saúde corporativa para você?
Para uma correta gestão, especialista ressalta a importância de ações integradas e coordenadas, pautadas pela efetividade e eficácia, orientadas por objetivos claros a serem alcançados em curto e longo prazos
Há certo consenso entre os economistas a respeito do entendimento de que o Brasil já vive ou caminha para uma situação de pleno emprego. Mais do que as estatísticas apontam, a percepção generalizada de empresários e gestores de recursos humanos, independentemente do porte ou ramo de atuação da organização, é de que no momento falta mão de obra qualificada no mercado e cada vez está mais difícil identificar, atrair e reter talentos que suportem o negócio e o faça crescer.
Desta forma, oferecer salários e benefícios em linha com o mercado se tornou uma condição básica na disputa pelo recrutamento e manutenção de bons quadros profissionais e, entre os benefícios oferecidos ao empregado presente e futuro, está a disponibilização de um plano de saúde – isso não é mais percebido como um diferencial. Por outro lado, os planos de saúde corporativos já se tornaram o principal custo dos benefícios concedidos pelas empresas brasileiras e a segunda maior fonte de despesa, atrás somente da folha de salários.
Tal situação impõe aos administradores enxergar a gestão da saúde corporativa como um elemento estratégico na condução da empresa e não apenas algo pontual. Não se trata mais, nesta perspectiva, de aplicar um punhado de pequenas medidas isoladas para “cuidar” da saúde do colaborador no ambiente de trabalho. O tabagismo, por exemplo, é a principal causa a provocar problemas de saúde e casos de afastamento de profissionais. Com alguma recorrência, algumas empresas acreditam estar enfrentando esse desafio ao aderirem ao “Dia Sem Tabaco”, mas esquecem de proibir o fumo em suas dependências ou deixam de oferecer auxílio psicológico para que o vício possa ser abandonado, apenas para mencionar algumas iniciativas básicas.
Portanto, a gestão da saúde corporativa está longe de ser simplesmente agir de forma pontual ou contratar um plano de saúde por critérios de preço para atender a uma demanda de um grupo de funcionários ou sindicato.
Ações integradas e coordenadas, pautadas pela efetividade e eficácia, orientadas por objetivos claros a serem alcançados em curto e longo prazos despontam como a abordagem mais eficiente para uma correta gestão de saúde corporativa. Como tudo aquilo que tem objetivo, agir de forma planejada e contando com métricas bem construídas para aferir o resultado são condicionantes essenciais, pensando-se sempre no aperfeiçoamento e na continuidade desta política organizacional.
Talvez porque na maior parte das vezes esta ação não esteja precedida e acompanhada dos requisitos apontados, a saúde corporativa tem sido foco crescente de preocupação de administradores não apenas para encontrar meios de reduzir gastos, mas porque pode gerar resultados importantes no tratamento dos funcionários, melhorando também dados de absenteísmo e presenteísmo. Em resumo, gerir adequadamente a saúde corporativa tende a promover uma força de trabalho melhor preparada, impactando diretamente na produtividade da empresa.
Quando este plano estratégico é desenhado, há que se ter em mente um conjunto coordenado de ações. O princípio começa por um investimento pesado na educação em saúde do funcionário: ensinar as medidas individuais que são importantes para promover o autocuidado e compartilhar a responsabilidade da saúde de cada um.
Em outros termos, envolve romper o atual ciclo vicioso de que o responsável pela saúde é o profissional da área e ao paciente cabe apenas uma ação passiva. Orientar ao colaborador também sobre a forma mais adequada de usar a rede de assistência a saúde contratada pela empresa, fugindo da simples entrega do livrinho com nomes e endereços de prestadores de serviço, é outro elemento-chave neste processo.
Afinal, há que se compartilhar responsabilidades e até alianças estratégicas com bons prestadores de serviços, o que deve gerar resultados benignos nos custos de planos. O simples fato de o plano ser de co-pagamento e co-participação pode ser um forte elemento para o colaborador ser disciplinado sobre como e quando usar o benefício, mas a ferramenta de educação em saúde é sempre melhor no longo prazo que medidas coercitivas.
Conter a sinistralidade depende também de outras iniciativas integradas. A melhor forma de gerenciar e monitorar o que impacta neste custo é a empresa entender a sua população e como ela utiliza o plano de saúde. Isso passa por identificar quais são os casos recorrentes, quais doenças crônicas aparecem nesse grupo de profissionais e como ele está sendo atendido.
Sugere-se avaliar quais medidas podem ser tomadas para melhor direcionar o tratamento do paciente, aperfeiçoando seu nível de satisfação, diminuindo a permanência no hospital e tornando o tratamento mais eficiente, ao reduzir a redundância de esforços e gastos na consulta de diversos profissionais da saúde, na exploração demasiada de distintas especialidades e até mesmo na realização de exames por vezes desnecessários.
Cada indivíduo deve ser orientado para que tenha uma noção muito clara de responsabilidade por sua própria condição, levando-o a ser o principal responsável por monitorar e tomar as ações necessárias para conter o avanço e consequências das fases agudas das doenças crônicas. Monitorar essa população, oferecendo suporte ativo e constante, é uma função clara do gestor da saúde corporativa.
O uso de indicadores adequados de performance e que se traduzam em informação realista e relevante para a tomada de decisão contribui bastante para este processo. Evidentemente que, a despeito de toda a gestão implementada, podem existir grandes divergências entre a percepção do funcionário quanto ao benefício que lhe está sendo dado e o que a empresa acredita estar oferecendo.
A pesquisa de opinião interna e a transparência na comunicação são ferramentas que podem ajudar a mudar ou ajustar essa percepção, bem como a melhorar o benefício ofertado, de acordo com as necessidades dos funcionários.
Não há, entretanto, como duvidar que uma gestão integrada da saúde corporativa melhora muito o ambiente de trabalho, ajuda a atrair e preservar bons profissionais e resulta em ganhos de produtividade para a organização. Porém, para fazer toda essa diferença, é preciso ser desenvolvida da maneira correta.
Fonte:saudeweb.com.br|01.02.12