Publicado por Redação em Gestão do RH - 06/10/2022
No longo prazo, quiet quitting prejudica a sua carreira
Depois do quiet quitting, a nova tendência profissional que viralizou no Tiktok é o “acting your wage”, ou trabalhar com esforço proporcional ao seu salário. De acordo com usuários da plataforma, se seu chefe está pagando apenas o salário mínimo, isso significa que você também deve fazer apenas a quantidade mínima de trabalho.
É sobre estabelecer limites. A ideia é que, se a empresa e os gerentes não oferecerem empatia, incentivo, o salário que você merece e segurança psicológica para fazer seu trabalho sem medo de sofrer abusos, não há motivo para se esforçar ao limite e deixar que isso afete sua qualidade de vida.
Seu esforço deveria corresponder diretamente ao pagamento. Segundo os defensores desse movimento, não há motivo para trabalhar depois do expediente ou nos finais de semana. Enquanto os adeptos do quiet quitting ficam esperando o tempo passar, os “act your wagers” estão apenas fazendo exatamente o que são pagos para fazer – e nada mais.
Esses dois movimentos não são novos. Sempre existiram pessoas que simplesmente ficavam encostadas. Nos anos 1990, a geração X foi rotulada como “preguiçosa” pelos seus chefes Baby Boomers. Na pandemia, funcionários remotos foram acusados de ficar fazendo outras atividades durante o horário de trabalho, o que ficou conhecido como cyberloafing. No movimento de contracultura da década de 1960, os boomers eram considerados hippies preguiçosos por seus pais.
Por que a geração Z está desmotivada
É compreensível que especialmente os jovens estejam desencantados e desengajados com o trabalho. A geração Z viveu crise financeira, pandemia e guerra, perdendo o último ano do ensino médio e uma parte de sua experiência universitária quando as escolas fecharam as portas. Além de convulsões políticas e sociais, inflação descontrolada e altas taxas de juros tornaram quase impossível economizar dinheiro, comprar uma casa ou levar uma vida parecida com o estilo de vida de seus pais.
Os anúncios de emprego para cargos de nível básico exigem três ou mais anos de experiência. As empresas vão contratar, mas apenas para estágios não-remunerados ou cargos com pouca chance de se tornar algo permanente e em tempo integral.
“Acting your wage” é perigoso para a saúde da carreira
Apesar desse cenário, trabalhar com esforço proporcional ao salário não é a resposta. Você pode se sentir temporariamente bem quando diz “não” ao chefe e mantém sua autonomia de não ser forçado a trabalhar longas horas sem qualquer compensação extra. Mas, depois de um tempo, essa atitude pode ser ruim. É uma mentalidade de “nós contra eles”. As pessoas vão gastar mais tempo se livrando do trabalho do que de fato trabalhando.
Você é melhor que isso
Em vez de ficar com essa mentalidade de “olho por olho”, quebre essa ideia. Você está desperdiçando um tempo precioso em um trabalho que você não gosta. Determine o que você quer fazer com a sua vida profissional. Pense em que tipo de trabalho ou carreira te faria feliz e poderia oferecer benefícios mais do que justos e siga esse sonho.
Você também pode começar onde está agora. Deixe o seu chefe saber que você se sente negligenciado. O empregador e o funcionário podem criar juntos uma solução para melhorar a situação.
E a folga não pode continuar indefinidamente. O gerente ficará irritado ou o funcionário ficará entediado e mudará de emprego ou intensificará seu jogo. Em vez de ficar à deriva, mostre à gerência o quão incrível você é sendo produtivo. Enquanto todo mundo está num ritmo tranquilo, você deve acelerar o motor e ultrapassar seus colegas de trabalho. Não será muito difícil, pois eles não estão se importando com isso.
As pessoas vão começar a te notar. Os gerentes vão querer você em sua equipe e nos seus projetos. As promoções virão até você. Os recrutadores ouvirão sobre você e vão te procurar para cargos mais bem pagos em outras empresas. Sua confiança vai aumentar, juntamente com as habilidades que você está aprimorando. A melhor vingança contra seu chefe e sua empresa é ter sucesso e ganhar mais dinheiro do que eles ganham.
Se você tentou crescer e avançar dentro de sua organização e não teve sucesso, não recorra ao act your wage. Assuma a perda e siga em frente. Comece a entrar em contato com recrutadores, pergunte às pessoas em sua rede por oportunidades, confira os quadros de empregos, participe de entrevistas informativas e adquira novas habilidades ou credenciais necessárias para conseguir o emprego que deseja.
Como identificar um quiet quitter ou act you wager
Esses grupos não odeiam o que fazem e não estão atualmente inclinados a deixar seus empregos, eles apenas não estão motivados. Quando você está no escritório, é fácil identificá-los. São os que ficam olhando para ver se alguém percebe que estão navegando pelas mídias sociais em vez de fazer seu trabalho. Eles chegam ao escritório por volta das 9h45, desaparecem por mais de uma hora para almoçar, não são encontrados quando precisam e saem sorrateiramente por volta das 16h35.
No trabalho remoto, é mais fácil ficar encostado. A pessoa vai colocar o mínimo de esforço para garantir que não seja chamada pelo chefe. Eles trabalham um pouco, depois mexem nas redes sociais, talvez assistam a uma série da Netflix, liguem para alguns amigos, tirem uma soneca e passem o dia tranquilamente.
Essas pessoas não querem ser demitidas; no entanto, elas não estão engajadas e não veem potencial de crescimento a longo prazo, portanto, não precisam se esforçar muito. É um ato de equilíbrio delicado de trabalhar o suficiente para não ser pego. Alguns também optam por equilibrar atividades familiares, hobbies, compras de alimentos e outros assuntos não relacionados ao trabalho durante o dia.
Falta de engajamento no trabalho
De acordo com uma pesquisa da Gallup, apenas 33% dos funcionários americanos estão engajados em seus empregos. Mais de 50% relataram que estão aderindo ao quiet quitting e estão “apenas aparecendo” e 17% se descrevem como “ativamente desengajados”. Essas pessoas não têm uma conexão real com seu trabalho. Elas provavelmente vão falar mal de um gerente pelas costas, fofocar, espalhar rumores e tratar clientes com grosseria. Essa atitude tóxica pode infectar outras pessoas e prejudicar a empresa.
Isso também pode ser o resultado de uma pessoa que se sente desvalorizada, não tem sua voz ouvida e é negligenciada nas promoções. Nesse caso, seria produtivo discutir o assunto com o supervisor.
Estar engajado no trabalho é essencial para o sucesso do indivíduo, da empresa e dos clientes. Se uma pessoa ama o que faz e enxerga um propósito em suas responsabilidades diárias, ela vai fazer um ótimo trabalho. Seu chefe, colegas, subordinados e clientes vão perceber esse esforço e demonstrar gratidão.
Leia também: Quiet quitting: quanto vale um profissional que faz “só o necessário”?
Frustração com o emprego
A comunidade antiwork no Reddit tem 2,2 milhões de membros que afirmam: “Um subreddit para aqueles que querem acabar com o trabalho, estão curiosos para terminar o trabalho, querem tirar o máximo proveito de uma vida sem trabalho, querem mais informações sobre ideias antiwork e querem ajuda com seus próprios empregos [e] lutas relacionadas ao trabalho.”
Eles dizem que estão frustrados com seus empregos e chefes ruins e autoritários. Outros membros dizem que não estão dispostos a procurar um novo emprego e só querem se demitir e ficar em casa. As postagens no site refletem sua raiva e ressentimento. Os membros alegam que as empresas se aproveitam deles, que trabalham por mais horas do que o combinado, pagam de forma inadequada e os rebaixam.
Os movimentos quiet quitting e act your wage também estão acontecendo na China. O bilionário Jack Ma, fundador do Alibaba, pediu uma ética profissional incansável, em nome de seus funcionários, para enfrentar a economia americana. Essa cultura de trabalho é conhecida como “996”. Ele queria que todos trabalhassem das 9h às 21h, seis dias por semana.
Assim como os “preguiçosos do Reddit”, a geração mais jovem de profissionais chineses começou a se opor à cultura de Ma. A geração Z é acusada de afrouxar o ritmo de trabalho ao se recusar a fazer horas extras, entregar um trabalho de qualidade média, ir ao banheiro com frequência e ficar lá por muito tempo, mexer no celular ou ler no trabalho.
Nem todo mundo está relaxando
Mas além da comunidade antiwork, há também um grande movimento fatFIRE. São pessoas que evitam o conselho tradicional de gerenciamento de riqueza de cortar custos drasticamente e viver um estilo de vida mais simples para economizar dinheiro. Os mais de 330 mil membros falam sobre maneiras de ficar rico. Essas pessoas motivadas e orientadas para o sucesso discutem ações, negócios, como encontrar empregos bem remunerados e outras maneiras de ganhar dinheiro e deixar o mercado de trabalho aos 30 ou 40 anos.
O mantra desse grupo é “se aposentar com uma poupança gorda” e viver dos dividendos e pagamentos de seus investimentos e negócios paralelos. Muitos buscam um fluxo de caixa de cerca de US$ 100 mil (R$ 540 mil) por ano como referência para deixar o mundo do trabalho. Sua definição de ter dinheiro suficiente para gastar US$ 100 mil anualmente na aposentadoria exige uma carteira de cerca de US$ 2,5 milhões (R$ 13,5 milhões).
Fonte: Forbes