Publicado por Redação em Previdência Corporate - 13/11/2013
Mercado agitado dificulta alongamento de carteiras de fundos de previdência, diz Brasilprev
As condições de mercado nos últimos meses, com incertezas sobre a inflação e a tendência de alta dos juros ainda não chegaram a um ponto ideal para permitir o alongamento dos prazos das carteiras de investimentos dos fundos de previdência, segundo o gerente de investimentos da BrasilPrev, Daniel Scolese. A empresa é o braço de previdência privada do Banco do Brasil.
Pela exigência criada pelo governo, que passou a valer em junho, o prazo médio dos investimentos das carteiras de fundos de previdência deve ser de, no mínimo, três anos. Os fundos têm até dezembro de 2015 para cumprir a regra.
De acordo com Scolese, a Brasilprev, por ser uma entidade com foco exclusivo em previdência, já tem seus investimentos orientados naturalmente para o longo prazo. Contudo, ele reconhece que os fundos ainda não estão no patamar exigido pelo governo. “Dentro da nossa tese de investimentos, fazemos gestão dos fundos sempre com base nas condições atuais do mercado”, observa.
Perdas na previdência
Recentemente, vários fundos de previdência aberta de renda fixa, PGBLs e VGBLs, têm apresentado perdas por conta do alongamento forçado dos prazos de suas aplicações determinado pelo governo.
Em entrevista ao blog Arena, o sócio da NetQuant, consultoria especializada em fundos de previdência, Marcelo Nazareth, observou que esse prejuízo tem provocado uma onda de resgates nas carteiras de renda fixa como nunca ocorreu no mercado de previdência aberta.
Segundo Nazareth, os investidores em planos de previdência devem se acostumar com as oscilações, ainda que esse seja um investimento classificado como renda fixa. De acordo com ele, as carteiras desses fundos de previdência cada vez mais vão aplicar em papéis longos, e que sobem e caem de acordo com as altas e baixas dos juros do mercado.
O pior já passou, mas…
Para Scolese, da Brasilprev, o pior das oscilações já parece ter ficado para trás. “Pela expectativa do mercado, parece que a fase de maior turbulência já passou, mas ainda há muito risco pela frente”, observa.
Um dos itens mais importantes do “por vir”, segundo o executivo, é a questão da redução dos estímulos de US$ 85 bilhões ao mês ao mercado nos Estados Unidos. Parte do mercado especula que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) pode começar a reduzir os estímulos no começo do ano que vem.
Esse movimento deve mexer com o câmbio, já que levaria a uma maior saída de dólares do país, em busca da rentabilidade oferecida pelos juros mais altos dos títulos públicos americanos. A alta do dólar no Brasil pressionaria, consequentemente, um aumento dos juros, com impacto sobre as carteiras dos fundos de previdência.
Scolese lembra também que, do lado interno, a questão fiscal tomou relevância grande, com o mercado preocupado com as contas públicas, e o impacto dos gastos na inflação. “Se não houver um ajuste fiscal, o mercado poderá achar que a compensação por parte do governo virá via aumento dos juros.”
Segundo ele, a curva a termo de juros já embute um aumento maior da taxa básica de juro Selic do que há alguns meses. “Hoje já se fala em juro de 11%, ou até mais, o que pode realmente acontecer”, afirma. De acordo com ele, enquanto não há maior definição de cenário, o processo de alongamento dos prazos segue sendo feito com cautela.
Fonte: http://www.arenadopavini.com.br/