Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 24/04/2012

Médicos brasileiros adotam técnica que congela osso para tratar câncer

Ainda pouco usado no Brasil, o método foi desenvolvido no Japão, onde é aplicado há 13 anos

Médicos brasileiros estão usando uma técnica de congelamento para tratar câncer nos ossos. Ainda pouco usado no Brasil, o método foi desenvolvido no Japão, onde é aplicado como rotina há 13 anos.

Funcionamento

O médico corta o osso doente, “descasca” o tumor que está por fora, raspa o tumor que está por dentro do osso e manda o material para análise patológica.

Em seguida, o osso “limpo” é mergulhado em um tanque com nitrogênio líquido, onde permanece por 25 minutos a uma temperatura de -193ºC. Depois disso, o osso é retirado e mergulhado em água destilada, em temperatura ambiente, para descongelar e ser reimplantado no paciente. O congelamento mata as células doentes e as sadias.

O tratamento convencional do câncer ósseo geralmente inclui sessões de quimioterapia e a realização de cirurgia para remoção do osso doente. Depois, no lugar, o paciente recebe uma prótese metálica ou um osso de doador (vindo de banco de ossos).

De acordo com o oncologista do Instituto Nacional de Câncer (Inca) e chefe do serviço de oncologia do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into),Walter Meohas, o mais comum é a utilização de próteses porque há poucos bancos de ossos no País.

Por enquanto, poucos centros conhecem e usam a técnica do congelamento. O pioneiro foi o ortopedista oncológico Márcio Moura, de Curitiba, que realizou a primeira cirurgia do tipo em 2003, no Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Desde então, ele já operou 67 pacientes e nenhum teve recidiva do tumor no osso – apenas um teve recidiva em tecidos moles. Ao menos 12 desses pacientes operaram há mais de cinco anos, nunca mais tiveram problemas, voltaram a caminhar normalmente e, portanto, são considerados curados do câncer ósseo.

Vantagens

Ainda de acordo com a reportagem, uma das vantagens do congelamento do osso, segundo Moura, é que o paciente recebe de volta o próprio osso, não tem risco de rejeição e, em cerca de seis meses, o local volta a ser repovoado por células – o que não acontece quando ele coloca um enxerto de doador.

Além disso, diz Moura, as próteses metálicas têm uma sobrevida média de dez anos – quando precisam ser trocadas e o paciente tem de se submeter a outra cirurgia – e também são mais suscetíveis a infecções.

Segundo Moura, o congelamento também custa mais barato do que uma prótese. Ele diz que o preço de uma prótese metálica varia de R$ 5 mil a R$ 25 mil, enquanto o tonel com 20 litros de nitrogênio (o suficiente para a realização de duas cirurgias do tipo) custa R$ 200.

Segundo o oncologista, sai mais barato para o SUS e para os planos de saúde.

Para Meohas, do Inca,  o custo é elevado e afirma  que o osso reimplantado depois de ser congelado precisa de uma placa para se estabilizar – e essa placa também custa caro. Além disso, como o osso reimplantado é um osso doente e desgastado, estaria mais sujeito a fraturas. O Inca utiliza preferencialmente ossos de doadores.

Rodrigo de Andrade Gandra Peixoto, ortopedista oncológico e presidente do congresso em que a técnica foi apresentada, disse ao Estadão está é mais uma alternativa para o tratamento desse tipo de câncer.

Fonte: saudeweb


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