Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 10/07/2024
Lideranças despreparadas e tóxicas são o maior desafio do RH, diz consultor
Na palestra de encerramento do maior evento de RH do Brasil, o RH Summit, o consultor Adriano Lima compartilhou o resultado de uma pesquisa realizada pela AL+ People & Performance Solutions, com mais de 100 executivos de RH, para descobrir o maior desafio atual na gestão de pessoas.
Os mais citados foram líderes despreparados, líderes tóxicos e saúde mental. Adriano avaliou ainda como esses fatores estão interligados, com esses tipos de liderança gerando cada vez mais danos ao bem-estar nas organizações.
Para 76,9% dos participantes, o desenvolvimento de líderes é o principal fator de preocupação. Outros fatores como fortalecer a cultura organizacional, retenção dos talentos-chave e impacto da inteligência artificial também foram destaques na pesquisa.
Depois de liderar o RH de empresas como Itaú, Mastercard, Dasa, Unilever e Minerva Foods, Adriano contou que decidiu deixar a carreira executiva para se dedicar exclusivamente a compartilhar aprendizados para desenvolver líderes inspiradores.
5 lições que fazem parte da nova Imersão de RH do Adriano Lima
1.“Assim como a área de vendas, o RH precisa ter uma segmentação bem feita dos seus clientes (que são os colaboradores), para oferecer soluções personalizadas e usar os canais adequados.”
2.“O RH não precisa de um planejamento estratégico, ele precisa de iniciativas estratégicas para a ajudar a empresa a seguir o planejamento estratégico dela, é completamente diferente.”
3.“O RH precisa estar sempre preparado para encontrar com o CEO da empresa e falar de negócios, precisa estar de olho nos resultados de todas as áreas para investigar se há um problema de gestão de pessoas e agregar valor na performance e nos resultados.”
4."Reduzir desperdício pode ser muito mais eficiente do que cortar custos."
5."As faltas de reconhecimento individual, de diversidade, colaboração e incentivo à aprendizagem são as principais causas de piora no serviço e na performance."
“O RH estratégico precisa gerenciar egos, analisar dados, entender de comportamento humano, desenvolver pessoas, liderar mudanças e entender que falar de amor no mundo corporativo não é brega, é estimular a melhor versão de cada um com propósito de melhorar a vida do outro”, conclui Adriano.
O papel do líder na cultura de desenvolvimento e aprendizagem
O vice-presidente da Exame Corporate Education, Bruno Leonardo, também reforçou o papel da liderança e do RH na construção de uma cultura de desenvolvimento contínuo durante a sua palestra no RH Summit.
“70% do engajamento de um time depende do seu líder direto, então não adianta investir em excelentes cursos, plataformas e treinamentos, se o líder não valoriza e suporta o processo de aprendizagem”, afirmou Bruno, que também destacou a importância do RH oferecer uma boa experiência, conteúdos conectados ao dia a dia, além de comunicar melhor lançamentos e benefícios do programa”
“Os conteúdos obrigatórios fazem até as pessoas acessarem a plataforma de aprendizagem, mas não são eles que criam uma cultura de desenvolvimento e atualização. Os treinamentos globais que não se conectam com o dia a dia e cultura também são ineficazes nesse sentido. A cultura precisa da abertura de espaço da liderança", pontuou Bruno.
Como impulsionar a mudança através da liderança
Heloísa Jardim, diretora executiva na Exame Corporate Education, dividiu o palco do RH Summit com Beatriz Alli, diretora de RH no Machado Meyer, para compartilhar um case de sucesso na cultura de aprendizagem do escritório.
Há alguns anos o escritório Machado Meyer, com mais de 1.000 funcionários, incluindo 570 advogados e 112 sócios, enfrentou a complexidade da transição de gestão dos fundadores para uma nova administração. Este período desafiador destacou a necessidade de um reposicionamento da marca e dos valores para refletir a inovação na cultura organizacional.
“A estratégia foi trabalhar a cultura organizacional a partir das lideranças e tornar os sócios mais acessíveis. Formamos um grupo de embaixadores para impulsionar a mudança e o desenvolvimento que queríamos e fizemos também um trabalho de humanização dos sócios tanto dentro da empresa como nas nossas redes sociais”, disse Beatriz.
Como o RH pode medir a cultura organizacional
O escritório passou a utilizar a Metodologia de Barrett para medir a cultura. Ela avalia o valor das pessoas, o valor da companhia e o valor que os colaboradores entendem que a companhia deve chegar, tudo na perspectiva do colaborador. No final ela mede o nível de entropia que existe na companhia, ou seja, o quanto de tempo ou energia a gente desperdiça para completar as nossas tarefas. "Nosso nível era 22% e avançamos para 11% com essa metodologia", contou Beatriz.
Como o RH pode vencer obstáculo da falta de tempo dos colaboradores
“Conciliar atividades de cultura e educação com as demandas do dia a dia é bem difícil. Essa disputa sempre vai existir, então precisamos aprender a gerar importância no que a gente faz, comunicar isso muito bem e testar os melhores momentos para trazer as ações.”, disse Beatriz, que também falou sobre a importância da estratégia e da liderança nesse processo.
"Já tivemos projetos que fizeram sucesso anos depois, porque analisamos maturidade, alinhamos com os stakeholders certos A gente tem que saber aonde o escritório quer chegar para ter o mesmo foco nas nossas ações, isso é imprescindível", afirmou a diretora de RH.
Resultados
Em 5 anos o negócio dobrou o faturamento, reduziu 30% de turnover, ganhou 190 mil seguidores no LinkedIn, cerca de 15 mil seguidores no Instagram, ganhou uma identidade visual que refletia a inovação e as mudanças da marca, se manteve em 1º lugar no Glassdoor entre concorrentes e conquistou o selo de Top Employer de marcas para trabalhar no Brasil.
A importância de investir no desenvolvimento de lideranças
Um estudo recente realizado por Josh Bersin, com mais de oito mil profissionais do RH, identificou que o Desenvolvimento de Lideranças está entre as ações do RH com maior maior impacto no crescimento das organizações, reforçando globalmente os dados compartilhados pelos consultores Exame no RH Summit.
- 70% do engajamento de um time depende do seu líder direto (Deloitte)
- Oito em cada dez profissionais pedem demissão por causa do seu líder (Michael Page)
Fonte: Exame Corporate Education (Gabriela Cardoso)