Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 09/06/2011
Trabalhar para conscientizar hospitais e sistemas de saúde a respeito dos mais graves problemas de qualidade e segurança do paciente, como infecções hospitalares, cirurgias em locais errados, infecções pós-cirúrgicas, além de prevenir internações por casos evitáveis de insuficiência cardíaca. Esta é a função do médico Mark R. Chassin, presidente da The Joint Commission e da Joint Commission Center for Transforming Healthcare. Membro do Instituto de Medicina da National Academy of Sciences. Chassin assegura que a liderança é fundamental para aumentar a qualidade e segurança no cuidado ao paciente.
Acompanhe abaixo a entrevista completa com Mark Chassin.
CBA - Como a The Joint Commission tem contribuído para a melhoria da qualidade e segurança no cuidado ao paciente?
Mark Chassin – A JCI, em parceria com o CBA, tem tido bastante sucesso em conscientizar as instituições de saúde sobre a qualidade dos cuidados de saúde e segurança no Brasil, introduzindo o país a um conjunto de normas internacionais de qualidade e segurança. Hospitais brasileiros utilizam o método internacionalmente aceito para avaliar qualidade e segurança. A JCI/CBA, junto com os hospitais acreditados, pode definir um referencial de qualidade e segurança que irá nortear as ações de outras organizações de saúde para alcançarem qualidade similar.
CBA - Quais os principais desafios para aumentar a qualidade e segurança no cuidado ao paciente no mundo?
M.C. – A liderança é fundamental, tanto em nível nacional quanto dentro de cada organização de saúde. Líderes ajudam a moldar uma cultura de segurança em que a ocorrência de erros e de quase falhas servem de conhecimento para a aprendizagem. Líderes clínicos ajudam a padronizar como os cuidados serão prestados, assim como tornam o cuidado mais seguro e consistente. Eles se utilizam, por exemplo, da ciência e das evidências para reduzir a variação na prática clínica. Essa liderança não está concentrada no topo de uma organização, mas vem de várias fontes dentro de uma organização. Embora os conceitos de liderança para a qualidade e a segurança do paciente sejam universais, a forma como os conceitos se desdobram em um país tem uma base significativa na cultura de qualidade e segurança dos doentes a nível nacional e nos profissionais de saúde.
CBA - Como o senhor vê os programas de qualidade e segurança no cuidado ao paciente desenvolvidos no Brasil?
M.C. – O Brasil é um país dinâmico e que está se desenvolvendo e em constante mudança. A comunidade de cuidados com a saúde também está mudando ao abraçar os conceitos de qualidade e segurança do paciente. Os hospitais brasileiros reconhecem o paciente como um parceiro no processo do cuidado, os profissionais de saúde adotam boa ciência e o aprendizado é valorizado.
CBA - O que ainda é preciso melhorar no Brasil em relação a metas internacionais de qualidade e segurança no cuidado ao paciente?
M.C. – Acredito que a mudança para o Brasil está em disseminar o conhecimento e as práticas relacionadas com a qualidade e segurança do paciente através do sistema de cuidado da saúde. O Brasil é um país grande com centenas de prestadores de serviços, com diferentes níveis de conhecimento de qualidade. Canais de informação divergentes fluem para melhorar o conhecimento. Além disso, o padrão de qualidade nacional, como a política nacional de segurança do paciente, poderá ajudar na disseminação das boas práticas de segurança para todo o sistema de cuidado com a saúde.
CBA - Quais resultados estão sendo obtidos com a aplicação das Metas Internacionais de segurança e qualidade da JCI?
M.C. – A 4ª Edição da Comissão Mista Internacional das Normas Internacionais para Hospitais da JCI contém requisitos relativos às seis metas Internacionais de Segurança do Paciente. Esses objetivos descrevem as áreas em que as organizações podem tomar medidas imediatas para melhorar a segurança do paciente. Eles estão baseados em grande parte nas mesmas provas que está por trás dos desafios da Segurança do Paciente apresentados pela Organização Mundial de Saúde. Embora essas metas possam ser claras e de fácil compreensão, por exemplo, utilizando sempre duas formas de identificação dos pacientes antes de dar medicamentos, tratamentos ou amostras de sangue, são muito difíceis de implementar para cada paciente, por todos os funcionários, em cada turno. Manter boas práticas também é um problema para muitas organizações. Portanto, a JCI e a Comissão Mista acompanham quantas organizações, das que foram pesquisadas, têm 100% de conformidade com todos os elementos de cada meta. A JCI concluiu que o cumprimento das metas melhora a cada pesquisa.
CBA – Em relação às Metas Internacionais, qual o ponto mais vulnerável?
M.C. – O não cumprimento de qualquer das metas pode ter impactos negativos sobre pacientes e suas famílias. A gravidade dos danos evitáveis é altamente variável, desde pequenas lesões à perda da vida. As metas internacionais de segurança do paciente da JCI ajudam as organizações a prestarem atenção nas formas mais comuns de erros evitáveis, como aqueles associados com os erros de medicação – já que quase todos os pacientes internados recebem um ou mais medicamentos. A JCI também ajuda as organizações a dominarem todos os componentes para garantir local correto, procedimento correto, cirurgia correta no paciente correto, uma vez que o impacto de tais erros é devastador. Os problemas de segurança identificados nas Metas Internacionais de Segurança do Paciente são realmente globais em extensão. Organizações em todo sistema de cuidados de saúde ao redor do mundo estão lutando para aperfeiçoar seus sistemas nessas áreas para manter os pacientes seguros de danos evitáveis.
Fonte: www.saudebusinessweb.com.br | 09.06.11