Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 23/05/2012

Geriatras atacam uso de antioxidante e hormônio contra envelhecimento


Terapias que prometem combater os efeitos do envelhecimento, usando vitaminas, antioxidantes e hormônios, não têm comprovação científica de sua eficácia e podem aumentar os riscos de diabetes e câncer.

O alerta foi feito na terça-feira (22) por especialistas brasileiros e estrangeiros na abertura do Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, no Rio.

Eles querem elaborar um documento que subsidie o CFM (Conselho Federal de Medicina) e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na formulação de novas regras que coíbam a prática da chamada "medicina antiaging" no país.

Oficialmente, ela não é reconhecida como especialidade médica, mas não há punição para quem a pratica.

Um dos vilões dessa terapia é o hormônio do crescimento (GH), que tem indicações muito restritas (pessoas com nanismo, pacientes renais crônicos e portadores de HIV, por exemplo), mas que hoje é prescrito com o objetivo de ganho de músculos e queima de gordura.

Segundo a geriatra Elisa Franco, da Câmara Técnica de Geriatria do CFM, 60% das indicações desses hormônios são "off label", ou seja, por conta e risco do médico que os indicam, sem amparo científico de que sejam eficazes.


ÓRGÃOS CRESCIDOS

Estudos mostram que essas drogas dobram o risco de tumores de fígado e aumentam em quatro vezes as chances de a pessoa ter diabetes. Também há relatos de acromegalia (crescimento de órgãos, inclusive o coração).

Para o geriatra Thomas Perls, professor da Escola de Medicina da Universidade de Boston (EUA), médicos que estão propondo essa terapia com o propósito de retardar o envelhecimento são "antiéticos e antiprofissionais".

"Nos EUA, não conseguimos muita coisa ao tentar coibir essa prática. Espero que vocês tenham mais sorte", disse Perls à Folha.

Outra crítica foi em relação à venda dos chamados hormônios bioidênticos, que também retardariam a velocidade do envelhecimento.

"Não há nenhum estudo científico sério que ateste algum benefício desses hormônios", afirma a presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Silvia Pereira.

"Não entendo por que o alarde. Os bioidênticos são produzidos e registrados no mundo todo", diz Edson Luiz Peracchi, presidente da Academia Brasileira de Medicina Antienvelhecimento.

Outros hormônios (como a testosterona e o tireoidiano) e vitaminas (E, C e betacaroteno) têm sido indicados com o mesmo objetivo, mas, segundo os especialistas, também não têm o apoio das evidências científicas.


SOBRECARGA

Um dos riscos da ingestão desnecessária de vitaminas é a sobrecarga dos rins. Pesquisas recentes também associaram a vitamina E a um risco maior de câncer de próstata.

"Em geral, quem tem acesso a essa tal de medicina 'antiaging' é a elite. São pessoas que têm acesso ao conhecimento, mas preferem se iludir", diz Silvia Pereira.

Fonte: Folha
 


Posts relacionados

Saúde Empresarial, por Redação

Programa nos EUA vai mapear atividade cerebral

Promessa de seu principal discurso à população, em fevereiro, o mapeamento da atividade cerebral foi lançado oficialmente ontem pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, com previsão de US$ 100 milhões em fundos federais apenas para 2014.

Saúde Empresarial, por Redação

Governo brasileiro inaugura fábrica de medicamentos na África

O governo brasileiro vai inaugurar neste sábado uma fábrica de medicamentos para tratamento de aids em Moçambique, na África, por meio de um acordo de cooperação entre os dois países assinado em 2003 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Saúde Empresarial, por Redação

Saber lidar com o arrependimento promove velhice saudável

Envelhecer de modo saudável está diretamente ligado à capacidade de lidar com o arrependimento. Quando uma pessoa é jovem, se arrepender de uma escolha pode ajudá-la a tomar melhores decisões no futuro.

Deixe seu Comentário:

=