Publicado por Redação em Mercado - 19/03/2025
Geração Z é mais ambiciosa que os Millennials, aponta pesquisa
Estudo revela mudanças nas prioridades profissionais e sociais dos jovens.
Uma recente pesquisa realizada pela Hogan Assessments, em parceria com a consultoria brasileira Ateliê RH, revela que a Geração Z (nascidos entre 1997 e o início dos anos 2010) se destaca pela ambição e curiosidade em relação aos Millennials (nascidos entre 1981 e 1996). O estudo sugere que, ao contrário da percepção comum, os jovens dessa geração não estão menos interessados no sucesso profissional, mas redefinem suas prioridades de carreira e relação com o trabalho.
“Criou-se a ideia de que a Geração Z prioriza exclusivamente qualidade de vida em detrimento da ambição profissional, mas, na realidade, esses jovens desromantizaram a relação com o trabalho e estão focados em ganhos financeiros”, explica Roberto Santos, sócio-diretor da Ateliê RH.
Dados de uma pesquisa realizada pela YouGov em 2024 sobre as diferenças geracionais na América Latina reforçam essa tendência. Apenas 43,5% dos jovens da Geração Z afirmam amar seus empregos – o menor índice entre todas as gerações analisadas (Millennials, Geração X e Baby Boomers). Ademais, 47,4% dos jovens latinos priorizam ganhar dinheiro acima do progresso na carreira, evidenciando uma nova abordagem ao mundo profissional.
Aprendizagem e acesso à informação
A Geração Z também se diferencia na maneira como busca conhecimento. Segundo Santos, os jovens dessa faixa etária demonstram maior preferência pela aprendizagem formal, como livros, artigos e postagens informativas, em detrimento da aprendizagem prática. Uma pesquisa do Ibope/Instituto Pró-Livro indicou que 59% dos jovens Gen Z são leitores frequentes, superando os Millennials (53%). Esse comportamento se reflete também na revitalização das bibliotecas, cujos frequentadores mais assíduos têm entre 16 e 24 anos.
Por outro lado, a pesquisa destaca que a imersão digital da Geração Z impacta sua capacidade de manter o foco prolongado, o que pode levar a um rápido desinteresse por determinadas atividades. “Esses jovens cresceram em um ambiente onde a instantaneidade da informação é norma. Para eles, esperar respostas ou processos demorados pode ser frustrante, algo que as gerações anteriores não experimentaram na mesma intensidade”, destaca Santos.
Arrogância ou desilusão profissional?
Pesquisas de consultorias e instituições especializadas apontam que a Geração Z tende a superestimar sua competência e tem menos abertura para feedbacks, o que pode impactar sua evolução profissional. Entretanto, a pesquisa da Hogan Assessments sugere que, no Brasil, esse não é um traço exclusivo dessa geração. Os resultados não indicam diferenças significativas nos níveis de arrogância entre Millennials e a Geração X.
“A postura mais defensiva dos jovens pode estar relacionada a uma visão crítica sobre o mercado de trabalho e à desconfiança em relação às promessas do mundo corporativo”, analisa Santos.
Compromisso social e foco financeiro
Embora frequentemente retratados como desapegados de suas carreiras, os jovens da Geração Z demonstram preocupação com o impacto social e a ética empresarial. A pesquisa revelou que eles pontuam significativamente mais alto na escala de Altruísmo, evidenciando o desejo de atuar em organizações com propósito e impacto positivo.
As escolhas profissionais também são influenciadas por esse aspecto. Empresas comprometidas com diversidade, sustentabilidade e responsabilidade social tendem a atrair mais talentos dessa geração. Por outro lado, corporações que não alinham suas práticas a esses valores podem enfrentar dificuldades para reter profissionais jovens.
Simultaneamente, a pesquisa destaca um forte interesse da Geração Z por questões financeiras e estratégias de negócios. Em comparação com os Millennials, esses jovens demonstram menor motivação por valores acadêmicos e maior foco em ganhos financeiros e empreendedorismo. Esse comportamento reflete uma mudança na concepção de sucesso profissional, que agora está mais ligada à estabilidade financeira do que ao prestígio ou crescimento hierárquico.
Metodologia do estudo
O estudo da Hogan Assessments foi conduzido a partir da análise de 23 mil testes aplicados no Brasil entre 2001 e 2022. Foram utilizados três instrumentos de avaliação: o HPI (Inventário Hogan de Personalidade), que avalia traços normais de personalidade; o HDS (Inventário Hogan de Desafios), que mensura comportamentos sob estresse; e o MVPI (Inventário Hogan de Motivos, Valores e Preferências), que identifica os fatores que impulsionam os indivíduos no ambiente corporativo. Esses testes são amplamente utilizados para compreensão de perfis profissionais e tomada de decisões no mundo corporativo.
Fonte: Mundo RH