Publicado por Redação em Carreira - 15/04/2020
Este é o traço essencial das lideranças que sabem enfrentar uma crise
Há meses venho falando sobre a importância de aprender a desaprender. As tendências tecnológicas já estavam nos convidando a repensar nossos trabalhos e junto a isso, o pedido dos profissionais por mais humanização dentro das empresas também exigiam mudanças organizacionais, principalmente das lideranças.
Estávamos ensaiando para grandes modificações, só não sabíamos que isso teria que acontecer tão rápido!
Amor. O que você sente ao ler essa palavra? Você consegue associá-la ao seu trabalho e à sua empresa? E na sua liderança? Esse valor, fundamental para a nossa felicidade, será a base do renascimento profissional, econômico e relacional durante e após esse momento de crise. Não é nada piegas e nem utopia, é bem prático, na verdade. Não há como avançarmos enquanto líderes e como profissionais sem desenvolver amor pela humanidade.
O vazio existencial já era uma pandemia. A depressão foi anunciada pela OMS – Organização Mundial de Saúde como a doença que mais incapacitaria os profissionais do mundo todo em 2020. O Brasil é o país com maior índice de depressão e ansiedade da América Latina, e falando em todas as Américas, só fica atrás dos Estados Unidos. Esses dados foram trazidos entre 2018 e 2019 e não contavam com um cenário de crise econômica global. Você percebe o quanto esse índice tende a subir agora?
Liderança não é mais um símbolo de poder. Cansamos de heróis em busca de holofotes. Estamos crescendo enquanto consciência e é cada vez mais fácil perceber a diferença entre um discurso bonito e a prática do que é dito. ‘Walk the Talk’ é o lema da nova liderança. O termo significa andar de acordo com as suas palavras. Ou seja, o novo líder inspira seus liderados através dos seus valores, exemplificados através de ações!
A Pesquisa Carreira dos Sonhos 2019, realizada pela Companhia de Talentos, revelou que apenas 37% dos profissionais brasileiros confiam em seus gestores. Sem confiança, não há inovação, não há criatividade, não há progresso. Sendo assim, os profissionais do mercado já estavam em busca de ambientes corporativos mais transparentes e coerentes ao seu discurso. Agora, diante à crise, isso ganha ainda mais impacto.
A maioria dos profissionais está passando pela ansiedade e o medo de perderem seus empregos. Também estão sendo desafiados a se adaptarem ao isolamento e ao home office, além de alguns casos onde há aumento de demanda de tarefas pessoais devido os cuidados extras com as crianças e familiares. Há quem esteja com familiares doentes e outros preocupados que seus entes e amigos. São muitas coisas para lidar ao mesmo tempo, e mais do que nunca os profissionais esperam e precisam de líderes que, de verdade, se importam com eles.
Após o término da pandemia, a visão criada sobre como cada líder lidou com essa situação irá acompanhar o retorno às empresas. E, com certeza, os líderes serão cada vez mais cobrados a terem posturas humanizadas e olhares voltados ao bem-estar coletivo. Porém, como já citei, máscaras sociais estão caindo cada vez mais rápido. A nova liderança exige uma reforma íntima.
Os líderes precisam desenvolver afeto pela humanidade, por si, por suas relações sociais e, claro, como consequência, por seus times, equipes e liderados. Há quem fuja do conceito do amor no trabalho por acreditar que o amor a tudo suporta e pode se transformar em uma liderança “frouxa”. Não é bem assim. O amor verdadeiro educa.
A liderança amorosa não é complacente com maus hábitos e atitudes nocivas à saúde da empresa e dos times. Esse tipo de liderança se importa. Busca compreender pessoalmente o que está acontecendo na vida daquele colaborador que está trazendo problemas. Oferece suporte, mas não anda o caminho por ele, apenas abre novas possibilidades para que o profissional encontre autonomia para sair do labirinto em que se colocou.
Sendo assim, deixo meu convite a todos os profissionais para olharem para esse aspecto dentro de si. O que você pode fazer, a partir de hoje, para colocar o amor dentro da sua carreira?
Te desejo uma boa reflexão!
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Fonte: EXAME