Publicado por Redação em Vida em Grupo - 21/03/2012
Especialista defende incentivo fiscal para expansão de seguro de vida
Depois de vencer a inflação e conquistar a estabilidade financeira, o próximo passo para o Brasil avançar no seguro de vida pode vir dos incentivos fiscais, acredita Camilo Pieschacón V, autor do livro El seguro de vida em America Latina: Experiência Brasileña, patrocinado pela Fundación Mafpre e lançado ontem em São Paulo.
Segundo ele, não é um trabalho fácil apresentar um panorama comparativo sobre seguro de vida na America Latina ou mesmo no mundo em razão das terminologias serem diversas. Isso dificulta a consolidação das estatísticas, que acabam misturando dados de produtos distintos. “Me surpreendeu que as primeiras posições de seguradoras no ranking da America Latina são de seguradoras ligadas a bancos”, disse. Tais seguradoras são lideres com a venda de VGBL, um produto de acumulação de recursos, e não de seguro de vida.
Mesmo assim, esse fato conta pontos para o Brasil, pois mostra o grande potencial para fazer venda de seguros de vida sob medida. Geralmente, bancos vendem apólices com coberturas e serviços restritos, conhecidos como “empacotados” para facilitar a venda. “A maior presença de empresas estrangeiras poderá colaborar para o mercado de seguros mais elaborados, que necessitam de venda consultiva”, acredita Peischacón. No ranking da América Latina, as três maiores são Bradesco, Itaú e BrasilPrev.
DEMANDA REPRIMIDA. O fato é que a América Latina está muito atrasada em relação ao desenvolvimento da cultura de proteção à vida. A região, considerando também o Caribe, tem um PIB que representa 6,75% da riqueza mundial e tem enfrentado com vigor os efeitos da crise internacional. No entanto, as vendas de seguros tem uma participação de apenas 2,73% no volume mundial, sendo 1,87% de vida e 3,88% de seguros patrimoniais.
A participação das vendas do seguro de vida no valor mundial, próximo de US$ 4 trilhões, é de 60%. Mas na América Latina as vendas de seguros patrimoniais são maiores, ficando vida com 40% do total. Em prêmio per capita, a diferença é berrante: enquanto a media mundial é de US$ 3,7 mil, na América Latina de apenas US$ 192. A penetração do seguro de vida no PIB mundial é de 4% e na região de apenas 1,1%.
Apesar da pouca representatividade do seguro de vida na região, Pieschacón ressalta que o produto tem um papel importante na região que concentra 8,45% da população mundial. “Esses dados mostram o grande potencial que a região tem para crescer na comercialização do seguro de vida, um produto que traz benefícios para toda a sociedade ao pagar uma indenização para que as famílias possam reorganizar a vida diante da perda do responsável financeiro ou mesmo gerar renda para que o próprio segurado possa cuidar de si em caso de invalidez”, comenta o autor do livro.
Outro dado importante, segundo ele, é que a esperança de vida aumenta em todo o mundo em um momento em que as famílias têm uma nova estrutura familiar, com apenas um filho, e também que os governo buscam reduzir benefícios sociais para investir mais recursos na estabilização da economia. Uma combinação que torna o seguro de vida e a acumulação de recursos algo prioritário para o equilíbrio das finanças pessoais e, consequentemente, crescimento econômico do pais no longo prazo.
CLASSE C.No Brasil, o autor cita o aumento da renda da população e o grande crescimento da classe C como incentivadores da demanda por proteção de seguro de vida. “Acredito que o seguro de vida deva ter incentivos fiscais para ajudar na difusão deste produto, que traz grandes benefícios para a sociedade˜, afirma.
O tema incentivos fiscais faz parte da agenda do setor há anos. Mesmo sem incentivos, a venda de seguro tem crescido, embalada pelo avanço do crédito e da oferta de produtos para diversos segmentos. Segundo Bento Zanzini, diretor-geral do grupo BB & Mapfre, o seguro de vida tem grande potencial no Brasil, tanto no que diz respeito ao microsseguro para atender a uma expressiva camada da população brasileira, como produtos mais sofisticados para proteger as classes A e B.
Além dos seguros de vida, Zanzini aposta na manutenção da liderança do VGBL, um seguro de vida criado para a pessoas interessadas em acumular recursos no longo prazo e que ficam livres do inventário em caso de morte do participante. Para 2012, Bento Zanzini acredita num crescimento acentuado do setor de seguros do Brasil. Para ele, o crescimento de 12,8% projetado pela CNseg é conservaldor. "Mas é natural que depois de um forte período de expansão tenha um ajuste nessa taxa de crescimento".
Para aproveitar as oportunidades de crescimento do segmento vida no Brasil, a Mapfre prepara produtos populares para vender no Banco Postal, administrado pelo sócio Banco do Brasil. Também lançou recentemente um seguro de vida dotal, o "Bien Vivir", para atender clientes com renda mensal acima de R$ 10 mil. Trata-se de um produto vendido de forma personalizada, que leva em conta os ciclos de vida das pessoas, como necessidades de capital para o casamento, para o primeiro filhos, para educação e também imprevistos.[3]
O consultor avalia as necessidades de capital para cada fase e a partir de uma determinada idade o cliente para de pagar o seguro, mas continua com seus direitos assegurados em razão do capital acumulado. O valor segurado vai de R$ 500 mil a R$ 9 milhões e o seguro tem período mínimo de contratação de 10 anos.
Fonte: segs