Publicado por Redação em Previdência Corporate - 16/12/2014
Esforço concentrado para recuperar a confiança em 2015
Se a indústria da previdência aberta conseguir destravar alguns de seus pleitos antigos e a economia, de fato, tomar novos rumos, o ano de 2015 pode engatar um ciclo de crescimento mais favorável para o setor. Após a alta volatilidade de 2013, que atravessou parte de 2014, algumas seguradoras trabalharam duro no último período para recuperar a confiança do investidor. Agora, olham para 2015 como um ano difícil, devido ao fraco desempenho econômico, mas com oportunidades que podem levar a captação líquida a crescer 15%, o que empurraria a carteira total de investimentos ao patamar superior aos R$ 500 bilhões pela primeira vez.
Por ser um mercado que trabalha no longo prazo, a previsibilidade de regras e a estabilidade econômica são essenciais para que este jogo dê certo. Coisas que os fundos de previdência não experimentaram nos últimos dois anos. Nessa linha, as medidas já anunciadas pelos três principais nomes que irão dirigir a equipe econômica e o Banco Central do novo governo Dilma Rousseff - Joaquim Levy, Nelson Barbosa e Alexandre Tombini -, agradaram este mercado, que também espera ver aprovado ainda no primeiro trimestre de 2015 antigas reinvindicações.
Uma delas é o VGBL Saúde, plano de acumulação de recursos, com diferimento tributário e uso específico. O projeto de lei que caracteriza o novo produto tramita em regime de urgência no Congresso Nacional. Outra expectativa é que as alterações propostas na resolução 3308, que criam outras possibilidades na composição das carteiras dos fundos de previdência, sejam deliberadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Essas são discussões adiantadas e amadurecidas tanto no âmbito da Susep quanto no Ministério da Fazenda. Esperamos poder trabalhar com os novos produtos, principalmente o VGBL Saúde, logo nos primeiros meses do ano que vem, defende Osvaldo Nascimento, presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), que vê no VGBL Saúde um potencial de vendas enorme, já que além do atrativo para pessoa física deve trazer vantagens tributárias também para as pequenas e médias empresas.
Apesar da expectativa de baixo crescimento econômico para 2015, a sinalização para um maior controle fiscal e de gastos públicos, com regras estáveis e transparentes, cria clima de menos volatilidade para os investimentos de longo prazo. Ainda mais em um setor no qual mais de 90% dos planos estão alocados em renda fixa, boa parte atrelada a títulos do governo, as NTN-Bs de cinco e 10 anos, que pagam, em média, inflação + 6% ao ano. A volatilidade é inimiga da previdência. Mesmo com menor poder de poupança das pessoas, vejo 2015 melhor do que 2014, diz Nascimento.
Um dos objetivos da Brasilprev, uma das seguradoras que mais avançam no mercado e que superou os R$ 103,9 bilhões em reservas em setembro, é fazer crescer mais fortemente o bolo dos clientes corporativos, principalmente os localizados na base da pirâmide. A carteira pessoa jurídica da seguradora não representa mais do que 8% do total, mas a experiência com esse segmento é grande.
Após o resultado obtido com produto redesenhado para micro e pequenas empresas no ano passado, no qual a arrecadação avançou 90% em 12 meses até outubro, em relação ao acumulado até então, a Brasilprev irá lançar uma nova solução para as médias empresas. Com serviços exclusivos conforme a reserva e quantidade de participantes, vantagem progressiva e produtos customizados às necessidades da empresa, indica Miguel Terra Lima, presidente da Brasilprev, sobre um produto que ainda está sendo desenhado.
E para que ele dê certo, Terra Lima aposta na simplificação da administração dos planos pelas companhias, com o uso dos meios digitais para que empresa e funcionários possam contratar, receber consultoria e acompanhar seus fundos on-line. Nesse novo modelo, os aportes dos principais executivos também entram no cômputo da reserva geral da empresa e quanto mais o volume aumentar, menores serão as taxas, garante.
Tanto a ampliação do uso da tecnologia quanto a entrada mais forte das companhias menores são caminhos considerados inevitáveis pelo mercado. Já usamos as diversas mídias, mas o desafio é fazer este meio ganhar relevância, pois o brasileiro ainda tem resistência em realizar transações virtuais fora da agência, avalia.
O uso de meios eletrônicos na contratação de planos de previdência remotamente é recente e foi aprovado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) por meio da resolução 294, no final de 2013. Com isso, muitas seguradoras se preparam para melhorar o uso dessas mídias em 2015.
Para a maior seguradora do país, a Bradesco Seguros, que deve fechar 2014 com R$ 140 bilhões em reservas, a estratégia para o ano que se inicia não é diferente. Temos hoje produto já desenhado especialmente para as médias empresas, com equipes e unidades próprias de negócios e de consultores. Sem ônus algum para o RH das empresas, afirma Lúcio Flávio Condurú, presidente da Bradesco Vida e Previdência. A meta é crescer entre 18% e 22% no próximo ano neste nicho, caracterizado por empresas que faturam entre R$ 30 milhões a R$ 150 milhões anuais.
O Bradesco, que também espera ver o VGBL Saúde aprovado logo no início de 2015, diz que na semana seguinte à liberação já terá o produto na prateleira para comercialização. O caminho da diversificação de canais com os clientes também é prioritário. O cliente é multicanal. E nós temos que dar a ele o direito de decidir como e onde quer fazer o contato conosco, considera Condurú.
A empresa lançará em janeiro seu novo portal de relacionamento, que irá agrupar em um único site todos os produtos e serviços para que cliente e seguradora possam ter uma visão abrangente um do outro. O executivo admite que dar mais liberdade às pessoas também implica maior risco, mas que as possibilidades têm que existir e as pessoas é que escolherão a forma e os produtos que melhor atendem às suas necessidades.
Um pouco mais cauteloso do que os concorrentes, O Itaú Unibanco olha o mercado de previdência como maturado. Ao menos no que tange à pessoa física. Também não acredita em movimentos abruptos de rouba monte no segmento corporativo e diz que o um avanço mais estruturado nas PME só seria potencializado com diferimento tributário. O que ainda está em discussão com o governo.
Em 2015, a terceira maior seguradora do país estará concentrada em duas coisas. Por um lado, assim como fez este ano, irá lançar produtos com ativos de mais longo prazo. E, por outro, em convencer o investidor de que esta é a melhor opção para quem quer investir em previdência. Com a alta da Selic, esses ativos tendem a remunerar melhor as carteiras de renda fixa com maior duração. O que o investidor tem que pensar é qual renda quer ter no futuro, não na volatilidade momentânea do mercado. Ele vai contratar exatamente o que precisa e nós vamos entregar, garante Cláudio Sanches, diretor executivo de investimentos e previdência do Itaú.
Sanches aponta que este tem sido o grande desafio da seguradora nos últimos dois anos e que será intensificado em 2015. O investidor tem que planejar junto conosco qual é a renda que ele precisa no futuro para não perder padrão de vida. A renda vai ser definida na compra do papel. Para o ano que vem, o Itaú calcula avançar entre 15% e 20% em sua carteira total de investimentos. E entre 20% e 25% em captação líquida.
Fonte: www.sindsegsp.org.br