Publicado por Redação em Gestão do RH - 05/08/2021
Empresas treinam funcionários e driblam falta de mão de obra especializada
Apesar da geração de novos empregos em áreas que exigem mão de obra especializada, as grandes empresas ainda enfrentam problemas para preencher essas vagas e têm investido em programas internos de formação.
No Magazine Luiza, uma das iniciativas de capacitação é o Luiza Code, programa que estimula mulheres a entrarem no mercado de trabalho na área da tecnologia . Parte das alunas são contratadas pela empresa.
— Estamos na terceira edição e teremos 210 mulheres contratadas para trabalhar nos nossos Labs (laboratórios de inovação da varejista). Metade das vagas será destinada a mulheres negras autodeclaradas e parte será destinada a funcionários do Magalu — disse Fabrício Garcia, vice-presidente de operações .
Para a economista Zeina Latif, colunista do GLOBO, a pandemia tende a agravar os entraves de contratação de mão de obra especializada, pois houve uma piora do capital humano, ampliando as desigualdades no país.
— As empresas têm tremenda dificuldade para conseguir mão de obra qualificada, por exemplo, na área de tecnologia da informação, e isso se reflete nas remunerações. Grupos com melhor formação têm remuneração preservada. Outra camada da população está despreparada para esse avanço tecnológico . A preocupação maior é com os mais jovens — disse.
Emprego 'chão de fábrica'
Ela lembrou que os empregos “de chão de fábrica” cada vez mais tendem a desaparecer, aumentando a taxa de desemprego dos não qualificados. Hoje, cerca de 30% dos jovens não estudam nem trabalham.
Na BRF, a falta de qualificação também é sentida. Para o CEO global da empresa, Lorival Luz, os jovens não saem do Ensino Médio com os conhecimentos mínimos necessários para fazer um curso profissionalizante ou técnico.
— De cada dez crianças que entram no primeiro ano, seis concluem o Ensino Médio e só um sabe matemática efetivamente. Se a educação brasileira fosse uma empresa, teria falido — afirmou ele.
A gigante do ramo alimentício mantém hoje cursos de formação em 36 cidades no país, além de parcerias com universidades para a formação , por exemplo, de veterinários.
— Temos 10 mil produtores integrados que têm o nosso apoio, de veterinários e zootecnistas que vão até as granjas ensinar como tratar os animais e ser mais produtivos. Para isso, temos parcerias com universidades em que nós damos cursos (aos profissionais).
Primeiro emprego
Para o secretário executivo do Ministério do Trabalho e Previdência, Bruno Bianco, a solução passa pela criação de formas de contratação mais baratas que permitam a qualificação do trabalhador no primeiro emprego, como o Programa Primeira Oportunidade e Reinserção no Emprego (Priore).
— Esses novos programas do governo federal reduzem custo de contratação e proporcionam o ingresso do trabalhador no mercado formal a baixo custo porque ele vai se qualificar no trabalho — afirmou Bianco.
Fonte: EXAME