Publicado por Redação em Gestão do RH - 29/05/2024
Empresas eliminam requisito de experiência prévia para contratação: veja os prós e contras
A Remote, uma plataforma que permite a contratação de talentos globalmente, anunciou que irá remover o requisito de “tempo de experiência” das suas vagas. Atualmente, a organização também não exige educação formal em suas práticas de contratação, com exceção do diploma de direito para atuar como advogado.
“Construir nossa equipe na velocidade que pretendemos exige que pensemos no que realmente importa para uma pessoa ter sucesso em uma função – e o que não importa”, escreveu Job van der Voort, CEO e cofundador da Remote, em um post no blog da empresa.
“Acredito que a pessoa mais capaz para qualquer cargo não é necessariamente a pessoa com mais experiência. Grandes empresas são construídas por pessoas com motivação e energia, não por pessoas com anos de experiência fazendo a mesma coisa.”
Essa é uma grande mudança em relação ao modelo tradicional de contratação. Quase todas as empresas exigem um tempo mínimo de experiência para o candidato ser considerado para um cargo e selecionado para uma entrevista. Mas grandes companhias como Amazon, Dell e Bank of America estão contratando sem exigir experiência prévia.
O método tradicional de recrutamento e entrevista de potenciais candidatos resulta na eliminação de pessoas extremamente capazes, mas que carecem do requisito específico de possuir um certo número de anos de experiência.
Se esse requisito for eliminado, então pessoas capacitadas, curiosas, inteligentes e motivadas com uma série de soft skills não serão mais negligenciadas apenas por causa dessa métrica.
Manter um requisito de experiência pode prejudicar as empresas ao desestimular candidatos de alto potencial que estão abaixo desse mínimo, fazendo com que as organizações percam talentos promissores.
Novas métricas
Ao dispensar o tempo de experiência exigido para cada função, a Remote vai detalhar expectativas claras nas descrições das vagas. A ideia é que os candidatos demonstrem conhecimentos e capacidades relevantes durante as entrevistas.
A realidade no ambiente de trabalho é que existem pessoas que aprendem rápido e podem se adaptar e ter sucesso em um novo cargo. “As pessoas que tiveram muitos tipos diferentes de experiências têm maior probabilidade de se adaptarem a uma cultura de startup em rápida evolução como a nossa”, disse van der Voort.
Quando alguém faz o mesmo trabalho há muitos anos, pode ter dificuldade na transição para uma nova função. Os seus anos de experiência podem não se traduzir necessariamente em sucesso na nova posição.
A nova política da Remote e de outras companhias visa avaliar os candidatos de forma holística, analisando todas as suas capacidades. Além disso, as empresas que optam por não se concentrar apenas em experiências prévias podem obter uma vantagem competitiva ao atrair uma gama mais ampla de candidatos para suas vagas.
Apesar desses benefícios, as organizações também devem implementar métodos de avaliação, programas de formação sólidos e considerar as necessidades específicas da função para garantir o sucesso dessa estratégia.
Os dois lados de eliminar o requisito de tempo de experiência
Prós
Isso poderia aumentar a probabilidade de recém-formados conseguirem mais entrevistas. Na situação atual, os cargos de nível inicial exigem de três a cinco anos de experiência, tornando difícil para eles ingressarem no mercado de trabalho sem experiência prévia.
Ao eliminar esse requisito, as empresas poderão ter um conjunto mais diversificado de candidatos, acrescentando novas perspectivas ao negócio.
Os profissionais mais jovens, considerados nativos digitais, também podem oferecer conhecimentos que os trabalhadores mais velhos podem não ter, como experiência de aprendizagem e experimentação de novas tecnologias, plataformas e software.
Contras
Embora as habilidades sejam importantes, algumas funções exigem um domínio específico que é adquirido unicamente por meio das experiências vividas. Nesses casos, mesmo os novos talentos mais brilhantes podem ter dificuldades no início.
Profissionais inexperientes precisam de mais apoio, treinamento e orientação. Isso tira tempo dos supervisores da sua própria carga de trabalho.
É um fator de custo de tempo, dinheiro e energia investidos no novo contratado. E ainda há a possibilidade de que ele não se adapte às demandas da função. Uma pessoa inexperiente colocada em um cargo que está acima da sua capacidade irá desviar os recursos necessários em outras partes da organização. O estresse de “cuidar” do novo funcionário pode gerar frustração por parte dos gestores e colegas de trabalho, criando um ambiente de trabalho desconfortável.
O novo funcionário pode chegar com grandes expectativas, mas se frustrar ao perceber que não possui a experiência necessária para ser competente no cargo. Depois de todo o treinamento, ele pode optar por sair e buscar uma oportunidade mais adequada.
Outro desafio é que, sem um histórico de realizações, será difícil para os recrutadores determinarem como aquela pessoa atua sob pressão. Além disso, para cargos de liderança, não ter esse background também pode ser um risco. Sem experiências específicas, sempre existe o risco de cometer um grande erro, perder um cliente ou estragar uma apresentação.
*Jack Kelly é colaborador sênior da Forbes USA. Ele é CEO, fundador e recrutador executivo da WeCruitr, uma startup de recrutamento e consultoria de carreira.
Fonte: Forbes