Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 23/09/2019
Empresas e operadoras de saúde se unem por mais qualidade
O mercado de saúde mudou e, com ele, vem mudando também o relacionamento entre funcionários, empresas e operadoras de planos de saúde. Até bem pouco tempo, uma boa empresa era aquela que contava com um plano de saúde com o maior número de médicos e hospitais. Hoje, é aquela que resolve o problema de seus usuários com maior efetividade.
Essa transformação, em grande medida, tem sido fruto do trabalho de parceria entre governo, empresas e operadoras. Um pouco do que é este trabalho e dos resultados que vem gerando foi apresentado em uma mesa redonda realizada pela TV Estadão, com a participação de Emmanuel Lacerda, gerente-executivo de Saúde e Segurança na Indústria do Serviço Social da Indústria (Sesi) e com Fernando Mariya, gerente médico Brasil da P&G.
Os dois executivos destacaram alguns dos principais objetivos desse processo de mudança. “O que está no cerne da questão são os pontos que o sistema precisa olhar. Desperdícios e fraudes são torneiras que precisam ser fechadas. Precisamos pensar também na longevidade do beneficiário”, afirmou Lacerda. Mariya lembrou que, em paralelo, é preciso dar mais foco à atenção primária ao usuário. Para atender às duas frentes, o executivo da P&G defende o trabalho em conjunto com as operadoras. “Elas têm dados de saúde operacional que, se bem utilizados pelas empresas, podem ajudar a identificar necessidades”, diz.
Fazendo a análise das informações recebidas de diversas fontes, é possível que as empresas identifiquem necessidades específicas de seus colaboradores e, a partir daí, desenvolvam programas de saúde mais eficazes. “Além disso, estas informações nos permitem focar mais nos indivíduos do que nas doenças”, defende Mariya.
Médico de família na empresa
É esta mudança nas empresas que tem levado a novas avaliações dos planos de saúde. Segundo Mariya, hoje, para atender bem às empresas, as operadoras devem buscar prestadores de serviços que resolvam o problema dos pacientes. Em paralelo, é preciso que estas empresas tenham médicos de família trabalhando internamente, para fornecer ao beneficiário a melhor informação sobre seu tratamento.
“O ideal é que você resolva as coisas dentro de casa. Esse é o papel dos médicos de família colocados dentro das empresas. Resolver os problemas pontuais e orientar os funcionários sobre como se manterem saudáveis. O foco no passado era a doença, agora é a saúde. Devemos atuar na prevenção das doenças”, defende.
Um dos resultados dessa nova política, onde ela é implantada, é maior participação dos colaboradores nas decisões sobre sua própria saúde. Ao se manterem informados e ao compartilharem as decisões, eles ficam sabendo, por exemplo, como o dinheiro deles é gasto com planos de saúde e como isso pode ser otimizado. Para Lacerda, do SESI, trata-se de garantir a qualidade do atendimento e que chegue a todos os que fazem parte desse sistema. “O usuário muitas vezes consome o plano sem ter clareza da jornada necessária para a solução de seu problema”, diz. Aqui, entra também uma participação maior das empresas: os gestores de saúde precisam saber que problemas querem resolver, contratar o plano que melhor atenda esta necessidade e comunicar os funcionários sobre isso.
É justamente nessa direção que caminha uma iniciativa do Sesi em parceria com a CNI, que reúne hoje 68 empresas e quase 3 milhões de vidas. Juntas, elas vêm trabalhando com governo e operadoras para criar um ambiente mais propício à saúde e, ao mesmo tempo, trocando experiências e testando novos modelos. “Temos visto operadores de saúde aceitando ser medidos, nos ajudando. O objetivo é dar saúde para os beneficiários. Ninguém questiona a viabilidade ou continuidade do benefício”, ressalta Lacerda.
Seminário vai debater soluções
Essas e outras propostas serão discutidas no II Seminário Internacional SESI de Saúde Suplementar, marcado para o próximo dia 24 de setembro, em São Paulo. O evento terá como tema central O Papel das Empresas Contratantes de Planos de Saúde na Transformação do Sistema de Saúde e trará experiências internacionais bem-sucedidas como o Employer Initiated Improvement, o Leadership & Organizing for Change, o Plano de Inovação em Saúde de Porto Rico e o Sana - plataforma de saúde móvel de código aberto com dados de saúde do paciente.
Essas experiências internacionais apresentarão mecanismos e projetos que permitem ao contratante avançar em direção à mudança do modelo de prestação de serviços de saúde baseado em volume (quantidade de procedimentos) para serviços baseados em valor (melhor saúde e menores custos).
Entre os anos de 2008 e 2016, os reajustes dos planos de saúde registraram variações anuais médias bem superiores à inflação. Em tempos de crise agravada, discutir soluções em eventos como este, é essencial para todo o mercado.
Fonte: Estadão