Publicado por Redação em Notícias Gerais - 22/09/2011

Dólar atinge R$ 1,90 no fechamento; Bovespa cede 5,48%

O dólar comercial, utilizado para o comércio exterior, foi negociado por R$ 1,905 após as 16h (hora de Brasília), em forte alta de 2,14%, quando os negócios com a moeda começam a rarear.

Ainda operando, a Bovespa sofre perdas de 5,48%, aos 52.915 pontos. O giro financeiro é de R$ 6,66 bilhões. Nos EUA, a Bolsa de Nova York recua 4,45%.

No caso da moeda americana, trata-se da maior cotação de fechamento desde fevereiro de 2010, mas ainda não foi o "pico" do dia.

Logo pela manhã, a taxa de câmbio bateu R$ 1,963 por volta das 9h30 (hora de Brasília. Pouco depois, pouco depois das 10h, o Banco Central anunciou uma operação inédita desde 2009: uma venda de dólar no mercado futuro de moeda (via um leilão de "swap" cambial), mas que não altera o volume das reservas internacionais do país.

Dos 112.290 contratos oferecidos pelo BC, os agentes de mercado tomaram pouco mais de 55 mil, numa operação calculada em US$ 2,7 bilhões. Em nota à imprensa, a autoridade monetária afirmou que "poderá voltar a atuar, a qualquer momento, de modo a assegurar condições apropriadas de liquidez nos mercados de câmbio".

"Temos que lembrar que o Banco Central não entra somente para comprar, ele pode vender também. Acho que quando o dólar bateu R$ 1,95, tocou num preço além do tolerável [para as autoridades econômicas]", diz Fernando Bergallo, gerente de câmbio da TOV Corretora.

"Creio que o mercado interpretou a alta de hoje não como uma tendência mas como um movimento pontual. Como eu já disse para alguns clientes hoje de manhã, e muita gente no mercado tem dito, os fundamentos econômicos [do Brasil] não mudaram e, sinceramente, acho qualquer comparação com [a crise de] 2008 descabida", acrescenta.

A disparada dos preços da moeda já é comparada por alguns à volatilidade de 2008, quando a cotação da moeda americana oscilou em torno de R$ 2,40.

Nas casas de câmbio paulistas, o dólar turismo foi vendido por R$ 2,07 (alta de 5,6%) e comprado por R$ 1,870. E na BM&F, o contrato futuro de dólar para dezembro apontou uma taxa de R$ 1,910 (número preliminar).

ECONOMIA MUNDIAL

O ânimo dos mercados segue abalado pelas perspectivas sombrias da economia mundial. Ontem, o plano de US$ 400 milhões do banco central dos EUA (Federal Reserve) gerou frustração entre uma parcela dos investidores, que esperavam medidas mais ousadas. Outra parcela se assustou com a advertência dessa autoridade monetária para os "riscos significativos" para o crescimento do país.

O dia também foi repleto de declarações contundentes dos representantes de alguns dos principais organismos mundiais e dos principais grupos econômicos.

"Uma crise feita no mundo desenvolvido poderia se tornar uma crise para países emergentes. Europa, Japão e EUA têm de agir para enfrentar seus grandes problemas econômicos antes que eles se tornem problemas maiores para o resto do mundo", disse o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick.

Sentenças no mesmo sentido foram disparadas pelas lideranças do Reino Unido e de seis dos membros do G20 (grupo dos países mais desenvolvidos), em um comunicado divulgado hoje.

"Para muitas economias avançadas a saída de uma recessão profunda será difícil. (...) Isto terá um impacto nos mercados emergentes, e a capacidade de manobra é mais limitada que em 2009", advertiram.

DÓLAR MAIS CARO

Há vários fatores apontados por analistas do mercado para (tentar) explicar a disparada dos preços: o medo de um calote da Grécia (e os efeitos nocivos desse evento para o sistema bancário europeu); a perspectiva de juros ainda mais baixos nos próximos meses (o que reduz o apelo para que grandes investidores estrangeiros migrem capital para cá), e finalmente, movimentos especulativos, executados no mercado futuro de moeda, mas que afetam os preços no segmento à vista.

Em um cenário internacional de maior incerteza, tradicionalmente investidores correm para os chamados 'portos seguros': o dólar e o ouro.

A commodity metálica é um refúgio histórico para aqueles que buscam se proteger contra as turbulência da economia mundial. Já o dólar é a moeda em que os ativos mais seguros do planeta são negociados: os títulos do Tesouro dos EUA.

Por outro lado, economistas também destacam vários motivos que podem levar a taxa cambial a mudar de rota no curto ou no médio prazo: as reservas internacionais robustas do país,e o controle dos gastos públicos, o que reforça a credibilidade do país como alternativa viável para o capital externo; além do fato de que os juros brasileiros, apesar do 'viés de baixa' percebido pelo mercado, ainda seguem como os mais altos do planeta.

Por enquanto, no entanto, a volatidade ainda deve mandar nos mercados: conforme as autoridades europeias já indicaram uma solução para o imbróglio grego não deve aparecer antes de outubro. Por esse motivo, acreditam, a taxa cambial deve continuar pressionada.

Fonte: www1.folha.uol.com.br | 22.09.11
 


Posts relacionados

Notícias Gerais, por Redação

BC lança mão de mais uma ferramenta para conter alta do dólar

Banco faz leilão de venda com compromisso de recompra

Notícias Gerais, por Redação

Poupança tem segundo melhor resultado para janeiro

A caderneta de poupança registrou saldo líquido (mais depósitos do que saques) de R$ 2,3 bilhões em janeiro deste ano, o segundo melhor resultado para o mês segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo Banco Central (BC), que têm início em 2003.

Deixe seu Comentário:

=