Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 01/09/2014

Desaquecimento do mercado de trabalho afeta planos de saúde

O desaquecimento do mercado de trabalho brasileiro acertou em cheio a venda de planos de saúde no País. As operadoras têm registrado os piores desempenhos em seis anos e, diante dos fracos números da economia, não acreditam em retomada do fôlego tão cedo. Se as contratações mantiverem o ritmo observado até aqui, o setor poderá chegar a dezembro com o crescimento mais baixo desde a crise mundial de 2009.

A projeção inicial das operadoras de planos de saúde para 2014 era avançar 4%, mas o baque foi tão grande nos primeiros três meses do ano que a Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) já não espera mais do que 1,3% de alta. Entre janeiro e março, segundo os dados mais atualizados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), 148 mil brasileiros aderiram a algum plano, variação de apenas 0,3% na comparação com o trimestre anterior.

O ritmo das vendas de planos caminham na mesma direção da dinâmica do mercado de trabalho, uma vez que 80% dos clientes são de planos coletivos, enquanto 20% correspondem a planos individuais. Os dados do segundo trimestre ainda não foram consolidados pela ANS, mas a expectativa não é a das melhores, sobretudo devido à Copa do Mundo, que freou o apetite das empresas por contratações.

Na semana passada, o Ministério do Trabalho divulgou que, em julho, o País criou o menor número de vagas formais para o mês desde 1999. "Se há queda no volume de contratações, a venda de planos de saúde também cai: essa associação é direta. Do jeito que as coisas andam, é difícil imaginarmos algo diferente da desacelaração", comentou o diretor- executivo da Abramge, Antonio Carlos Abbatepaolo.

Novas previsões Com eleições à vista e a economia arrefecida, as operadoras estão refazendo previsões. Segundo Abbatepaolo, as margens de lucro estão sendo comprimidas para garantir um crescimento mínimo em 2014. "Para continuarmos aumentando o número de beneficiados, teremos de enfrentar uma batalha e tanta", disse, reforçando que os dados estimados do primeiro semestre dificultam qualquer retomada significativa no restante do ano.

A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), observa que apesar da menor expansão no primeiro trimestre de 2014, houve aumento de 7,5% de março de 2013 para março deste ano. Em nota, a entidade ressaltou que o crescimento dos planos, ainda que em ritmo mais fraco, tem sido acima do Produto Interno Bruto (PIB) e deve continuar assim no curto prazo.

O Brasil tem hoje quase 51 milhões de usuários de planos de saúde. Depois do salário, é o primeiro benefício levado em conta pelos brasileiros na hora de procurar emprego. A demanda crescente garantiu, em 2013, o faturamento de R$ 108 bilhões das operadoras, resultando em acréscimo de 1,9% da margem líquida no período.

Embora reconheça a queda no ritmo de crescimento das vendas, o superintendente-executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), Luiz Augusto Carneiro, acredita que a desacelaração seja pontual. "Ainda não é possível avaliar o real impacto do enfraquecimento do mercado de trabalho no volume menor de contratações de planos de saúde", afirmou. O primeiro semestre, completou ele, geralmente costuma ser pior do que o segundo para o setor. Além de venderem menos, as operadoras estão gastando mais para manterem suas estruturas. Os custos assistenciais, segundo o IESS, cresceram 16% no ano passado na comparação com 2012. O índice é três vezes maior do que a inflação medida pelo IPCA no período e leva em conta as despesas com consultas, exames, terapias e internações.

Fonte: Jornal do Commercio – RJ / Por Diego Amorim


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