Publicado por Redação em Previdência Corporate - 23/04/2014
Depois da alta de juros, previdência privada ensaia recuperação
Os prejuízos que a elevação dos juros, iniciada há um ano, causaram à renda fixa, somados a um desempenho ruim da Bolsa de Valores em 2013, deixaram o brasileiro cauteloso em relação aos planos de previdência privada. Depois de sete anos com expansão média de 20%, o setor cresceu apenas 4,5% no ano passado.
Houve quem se assustasse com as perdas e sacasse os recursos, preferindo amargar os prejuízos. Outros preferiram aplicar os recursos na poupança, que teve captação recorde de R$ 11,2 bilhões em 2013. Mas alguns mantiveram o foco no longo prazo, como o consultor Marcelo Forti Salvador, de 30 anos:
— Tenho consciência de que esse investimento é para a aposentadoria. Sei que a volatilidade é passageira.
Este ano, o setor espera recuperar o fôlego, e gestores buscam estratégias diferenciadas para melhorar o rendimento. Na Bolsa, é se descolar do Ibovespa e garimpar boas empresas. Na renda fixa, é procurar títulos prefixados com vencimentos bem longos para aproveitar os juros altos, os mesmos que no ano passado causaram tanta turbulência.
Com isso, a expectativa é elevar o número de brasileiros com investimentos em fundos de previdência privada – sejam Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL) ou Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL) – para além dos 13,4 milhões atuais.
Do ponto de vista da rentabilidade, o ano começou positivo tanto para a categoria renda fixa, com ganho médio de 2,84% desde janeiro, quanto para os chamados fundos balanceados, que têm parte dos recursos aplicada em renda variável. Os que investem até 15% dos recursos em ações têm rentabilidade de 1,82% no período, por exemplo.
Prefixados são oportunidade
Segundo os gestores, o investidor precisa ter em mente, quando seu objetivo é a aposentadoria, que o fundo de previdência é uma aplicação de longo prazo, no mínimo 20 ou 30 anos. Um prejuízo momentâneo pode ser compensado por um ganho futuro. Este ano, a eleição presidencial e a retirada dos estímulos à economia dos EUA pelo banco central americano, o Federal Reserve, devem provocar alguma instabilidade.
— Quem olhar as cotas dos fundos de previdência todos os dias pode ir parar no hospital — observa Marcelo Mesquita, sócio da Leblon Equities. — Consideramos um intervalo de três anos para o fundo entregar um ganho mais consistente.
Forti, por exemplo, fez seu primeiro plano de previdência aos 23 anos. Era um PGBL de renda fixa, com pouco risco. Para turbinar os ganhos, ele migrou para um multimercado, que pode investir em ações, títulos públicos e até em câmbio.
Investidores que têm perfil para investir em Bolsa, mas querem uma estratégia mais defensiva, podem procurar fundos que invistam em ações de empresas que paguem dividendos (parte do lucro das empresas que é repassada aos acionistas).
— É uma estratégia mais conservadora para aplicar em Bolsa, já que são escolhidas empresas consolidadas. Não se compra uma aposta no pregão — explica Roberto Lira, gestor da Icatu Vanguarda.
O presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), Osvaldo Nascimento,vê uma boa oportunidade de ganhos nos fundos que aplicam em títulos prefixados de longo prazo. Uma Nota do Tesouro Nacional (NTN série B) com vencimento em 2024 está oferecendo a inflação medida pelo IPCA mais um juro real de 6,49%. O mesmo papel com vencimento em 2035 tem taxa de 6,72%, mais a inflação.
— Com juro de 6% ao ano, é possível dobrar o capital investido em 12 anos. Não existe isso em lugar nenhum do mundo — afirma Nascimento.
Fonte: http://extra.globo.com