Publicado por Redação em Saúde Empresarial - 19/08/2013

Crise faz governo trocar cargos na ANS

Em uma manobra para conseguir tirar o novo diretor da Agência Nacional de Saúde (ANS) da crise, o governo decidiu alocar Elano Figueiredo na diretoria de Gestão e não mais na de Fiscalização, como estava previsto. Ele assumiu a diretoria ontem, 13 dias após de ter tomado posse no órgão regulador.

Figueiredo é investigado pela Comissão de Ética Pública da Presidência da República por ter omitido ao Senado, na sabatina para assumir o cargo, o trabalho para a operadora Hapvida. O caso foi revelado pelo Estado. A Hapvida, que atua no Nordeste, confirmou que Elano foi seu funcionário. A investigação foi aberta por determinação da Casa Civil. O ranking da ANS coloca a operadora como 18.ª entre as que têm mais reclamações de usuários no País.

O conselho deve reunir-se na próxima semana. No currículo enviado ao Palácio do Planalto, Figueiredo informou ter atuado na "gestão de departamentos de advogados e estratégias jurídicas, na área de saúde". Além da omissão, será avaliado eventual conflito de interesse na situação do novo diretor.

O atual diretor de Fiscalização, Eduardo Sales, será mantido no cargo "até a nomeação do novo diretor", segundo informação da página da ANS na internet - mas seu mandato expira no fim deste mês.

Com a manobra do governo para evitar colocar Elano em uma diretoria que fiscaliza os planos de saúde, no momento em que ele é acusado de ter relações com o setor, a diretoria de Fiscalização ficará vaga - à espera de nova indicação do governo. A diretoria de Gestão, que cuida de assuntos internos da Agência Nacional de Saúde, era ocupada por Leandro Reis Tavares, que a acumulava com a diretoria de Normas.

Ministério. Figueiredo enfrentava pressões não só fora da ANS para deixar o cargo. Servidores da agência enviaram uma carta ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, pedindo a troca do diretor por causa das ligações dele com a operadora do Nordeste.

Procurado anteontem pela reportagem, o ministro afirmou que só vai manifestar-se sobre a polêmica após a Comissão de Ética da Presidência da República julgar o caso. "O Ministério da Saúde já encaminhou a documentação para a comissão de ética. O que fez o ministério sugerir e encaminhar esse nome à direção foi a experiência desse indicado como diretor adjunto desde 2012", afirmou.

Colaboraram Fábio Fabrini e Laís Alegretti

Fonte: Estadão


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