Publicado por Redação em Notícias Gerais - 31/07/2014

Credores não aceitaram oferta da Argentina, diz ministro do país

O ministro argentino da Economia, Axel Kicillof, disse que os fundos com os quais a Argentina está em litígio não aceitaram ofertas feitas pelo país em negociação sobre a dívida. O prazo final para um acordo acaba nesta quarta-feira (30).

Ele participou de uma coletiva de imprensa em Nova York, após reunião de quase seis horas com o mediador nomeado pela Justiça dos EUA, Daniel Pollack, e com representantes do fundo de investimentos NML –que faz parte dos cerca de 8% dos detentores de títulos argentinos que não aceitaram a reestruturação da dívida do país em 2005 e 2010.

 O ministro se encontrou também com representantes dos bancos privados argentinos, que fizeram uma proposta para intermediar uma solução.

Kicillof disse que o país está "aberto a negociações" e quer pagar 100% dos credores.

'CALOTE'

Ao anunciar a falta de acordo, Kicillof negou que haja um calote, e chamou de "eufemismos" as acusações de default.

"Escutei por aí que se fala de default técnico, de default seletivo, e alguns chamam até de default 'Griesa' [Thomas Griesa, o juiz americano que obrigou a Argentina a pagar os fundos litigantes]. Por que não sabem caracterizá-lo? Porque é algo novo. (...) A Argentina pagou. Tem dinheiro, vai seguir pagando, no próximo vencimento vamos pagar", disse.

Kicillof diz que o governo transferiu, em junho, US$ 832 milhões aos credores que aceitaram a reestruturação da dívida –sendo US$ 539 milhões por meio do Bank of New York Mellon.

Uma decisão da Justiça americana vincula esse pagamento –uma das parcelas que são pagas há anos a esse grupo– ao débito de US$ 1,3 bilhão que tem com o fundos litigantes, liderados pelo NML. Com isso, em junho, o juiz Thomas Griesa considerou a transferência ilegal e proibiu que o banco passasse o dinheiro aos credores.

 As negociações da Argentina com os fundos eram para que o país conseguisse depositar o pagamento até esta quarta, prazo final da parcela.

Se tivesse que pagar aos dois grupos, a conta poderia superar US$ 100 bilhões, enquanto as reservas do país não chegam a US$ 30 bilhões.

Apesar de o ministro argentino ter negado o termo "calote", a expressão é usada pelo mediador Pollack em comunicado emitido após o fim da reunião.

"Infelizmente não se chegou a nenhum acordo e a República da Argentina vai, iminentemente, dar um calote."

ACORDO

A Argentina responde na Justiça dos EUA ao fundo NML, para quem deve US$ 1,3 bilhão.

Nos últimos dias, os bancos privados argentinos tentaram intervir na situação. Houve duas propostas. A primeira foi dar uma garantia de US$ 250 milhões ao NML. A segunda foi comprar a dívida por US$ 1,2 bilhão.

Na terça (29), o ministro da Economia apareceu em Nova York sem avisar, vindo de uma reunião do Mercosul em Caracas. Também era uma tentativa de chegar a um acordo de última hora.

Foi a primeira vez que membros do governo se juntaram aos credores que eles chamam de "fundos abutres".

REFORMULAÇÃO

Quando o país reformou sua dívida, precisava incentivar os credores a aceitarem a troca, que implicava perdas de cerca de 70% do valor a que teriam direito antes do calote de 2001.

Para convencê-los, criou uma regra que diz que qualquer oferta futura feita a quem tivesse ficado de fora do acordo seria estendida aos demais.

O governo argentino afirma que essa cláusula o impediu de negociar com o NML.

BOLSA

A expectativa de um acerto entre bancos privados argentinos para a compra da dívida do país que está na mão do fundo americano NML e é avaliada em US$ 1,3 bilhão turbinou a Bolsa de Valores de Buenos Aires.

O mercado local, que já tinha encerrado suas operações no momento da entrevista do ministro Axel Kicillof, teve alta de 6,94%.

O acordo, no entanto, foi negado pela associação de bancos privados do país.

Um representante da associação de bancos privados argentinos viajou de Buenos Aires a Nova York na noite de terça (29). Segundo a mídia argentina, os bancos esperariam até janeiro para cobrar, recebendo novos títulos de dívida do país.

O prazo de janeiro de 2015 é importante porque no fim deste ano vence uma cláusula que garante direitos iguais aos credores que aceitaram renegociação em 2005 e 2010, caso um acordo melhor seja fechado com outros detentores da dívida.

Ainda segundo os jornais locais, o presidente da associação dos bancos privados da Argentina, Jorge Brito, teria dito aos outros banqueiros que o governo, por meio do Banco Central, dá o aval para a operação.

A expectativa de um acordo fez com que a Bolsa de Buenos Aires fechasse em alta de 6,9% na quarta.

Em troca, o NML e os outros fundos que venceram a Argentina na Justiça dos EUA iriam solicitar uma suspensão da execução da sentença que determina que a Argentina pague US$ 1,3 bilhão aos fundos litigantes simultaneamente ao pagamento da parcela dos fundos reestruturados, que venceu nesta quarta-feira.

Com a suspensão da execução da sentença, a Argentina poderia completar a transferência aos fundos reestruturados fazendo com que os US$ 539 milhões parados no Bank of New York Mellon cheguem aos detentores dos títulos que não estão em default, evitando um calote do país. Na terça, os credores da dívida reestruturada com títulos em euro também entraram com pedido pela suspensão da execução da sentença.

Fonte: www.uol.com.br


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