Publicado por Redação em Previdência Corporate - 25/07/2011
Como investir seu dinheiro depois de ter se aposentado?
SÃO PAULO - Após anos de trabalho, você finalmente se aposentou. Com muito esforço conseguiu juntar o patrimônio que planejou, mas teme que, se não investir corretamente, este dinheiro não será suficiente para garantir o seu futuro.
Sua preocupação é mais do que justificada! Afinal, os ganhos com a aplicação deste patrimônio provavelmente responde por uma parcela significativa da sua renda após a aposentadoria. Talvez você não saiba, mas a forma como aplica o seu patrimônio determina 90% do retorno que poderá obter, enquanto o momento do investimento responde por apenas 10% do retorno! Portanto, é preciso cuidado na hora de decidir onde investir.
Manter poder aquisitivo é prioridade
De um momento ao outro você sai da fase de acumulação, ou seja, de poupança para a aposentadoria, para a etapa de resgate, na qual precisa do dinheiro que acumulou para garantir o seu sustento. Em outras palavras, você precisa ser capaz de manter o seu poder aquisitivo após a aposentadoria.
Se você gosta de correr riscos, lembre-se que você depende da renda das aplicações para viver, e não conta com tanto tempo para esperar a recuperação de possíveis perdas. Reveja periodicamente a sua situação patrimonial, se necessário diminua a taxa de resgate mensal.
Preservar, sem esquecer da inflação
Sua prioridade agora é a preservação do patrimônio que juntou. Mas, em seu planejamento, você não pode se esquecer da inflação. Optar por uma estratégia excessivamente conservadora pode não garantir um retorno superior à inflação, o que compromete o seu patrimônio com o passar do tempo.
Portanto, mantenha entre 5-15% do seu patrimônio em aplicações com um perfil um pouco mais arriscado, que permitam um retorno médio dos investimentos maior. A parcela exata depende do quanto tiver acumulado, e das fontes alternativas de renda com as quais puder contar ao se aposentar.
Ações com perfil de renda fixa
Para quem optar por investir parte do patrimônio de forma mais arriscada é preciso saber escolher bem suas aplicações. Uma opção mais conservadora do que investir em ações, é optar pelos fundos multimercados, que direcionam apenas parte dos recursos para esse mercado. Você também pode optar pelos fundos de capital garantido, nos quais você abre mão de parte do ganho com ações, para garantir que não incorrerá em perdas.
Se você preferir investir direto em ações opte pelas empresas cuja política de dividendos é agressiva. Na prática, estas empresas tendem a pagar uma percentagem fixa dos seus lucros em dividendos aos acionistas e, portanto, assemelham-se às aplicações em renda fixa.
Para identificar empresas de política agressiva de dividendos, basta checar alguns indicadores como o dividend pay-out ou o dividend yield da ação. Na seção de análise do site da InfoMoney você pode selecionar as empresas de melhor dividend yield da Bovespa.
Na renda fixa, muita opção
Não há dúvida que, nesta fase da vida, a maior parcela do seu patrimônio (entre 85% e 95%) deve ser direcionada para aplicações de renda fixa. Apesar da queda dos juros, o retorno ainda é elevado, e mais do que suficiente para cobrir as perdas com a inflação.
Porém, no longo prazo isso deve mudar, daí o porquê de se destinar, como sugerido acima, até 15% do seu patrimônio para aplicações mais arriscadas. Existem várias opções na renda fixa, como detalhamos abaixo:
Fundos DI: tratam-se de fundos que aplicam preferencialmente em títulos pós-fixados, cuja rentabilidade está atrelada ao desempenho do CDI. Exatamente por isto, beneficiam-se de cenários incertos como o atual em que, com a inflação em alta, é possível que os juros se mantenham elevados, chegando inclusive a subir.
Fundos de renda fixa:ao contrário dos fundos referenciados, cuja rentabilidade é pós-fixada, estes têm uma rentabilidade pré-fixada, e são boas alternativas de investimento, se você está apostando em uma queda nas taxas de juros. O risco destes fundos depende de como está alocada sua carteira de investimentos, entre títulos públicos (federais ou estaduais), títulos privados e derivativos. Vale lembrar que o uso de derivativos não necessariamente significa um maior perfil de risco, pois em alguns casos os derivativos somente são usados para hedge, isto é, como forma de diversificação de risco.
Certificado de Depósito Bancário - CDBs: caso você prefira, pode comprar títulos de renda fixa diretamente no mercado, e não indiretamente através de fundos de investimentos. Entretanto, é preciso que você se sinta confortável quanto ao risco destes títulos, já que, ao contrário das aplicações em fundos, você é responsável pela diversificação dos riscos da sua carteira.
Os títulos mais comuns disponíveis no mercado são os CDBs de bancos, que podem ser pré ou pós-fixados, e de prazos variáveis entre 30 e 360 dias. Dentre eles os CDB-DI, que garantem liquidez diária, são os preferidos. O surgimento da conta de investimento também diminuiu a desvantagem destas aplicações em termos de incidência da CPMF e, como se trata de investimento direto, não é cobrada taxa de administração.
Investimentos imobiliários: existem duas alternativas de investimento em imóveis: através da compra direta ou através dos fundos imobiliários. Em ambos os casos, a rentabilidade da aplicação varia entre 0,8% e 1,2% ao mês, que equivale ao rendimento com aluguel. Mas, não se pode esquecer a possibilidade de ganho com a valorização do imóvel.
Assim como no investimento em imóveis, este tipo de aplicação sofre com a baixa liquidez, pois mesmo a venda de cotas de fundos é difícil, já que não existe um mercado organizado. Exatamente por isto, recomenda-se que você invista em imóveis somente a parcela do seu patrimônio da qual não vai precisar no curto prazo.
Letras hipotecárias: você também pode optar pela aplicação em letras hipotecárias, mas neste caso os valores investidos são mais altos e o prazo de investimento mínimo, em geral, de pelo menos 180 dias. A rentabilidade deste tipo de aplicação está vinculada ao valor nominal do financiamento imobiliário, ajustado pela inflação ou variação do CDI (Certificado de Depósito Interbancário).
A grande vantagem deste tipo de aplicação reside no seu tratamento fiscal, pois, ao contrário das aplicações em fundos de investimento, você só é tributado sobre a parcela que exceder o retorno acordado em contrato. O prazo mínimo de aplicação é de 180 dias e o prazo máximo, apesar de não ser estipulado em geral, não ultrapassa 24 meses.
Entretanto, a alocação perfeita para o seu patrimônio depois que você se aposentar depende em última instância da sua situação financeira, padrão de vida e perfil de investimento. Ninguém mais do que você para saber o que é melhor para o seu dinheiro.
Fonte: web.infomoney.com.br | 25.07.11